Eleições: violência e ameaças de facções se espalham pelo Ceará e desafiam autoridades

Denúncias e suspeitas de atuação do crime organizado no processo eleitoral tem gerado uma contraofensiva por parte das autoridades, que intensificam ações contra grupos criminosos

Investigações contra a influência e atuação de facções criminosas nas eleições de 2024 têm sido uma constante no Ceará durante o período eleitoral deste ano. Casos de violência e denúncias de ameaças e intimidações têm sido registrados em diversos municípios do Estado, o que tem gerado uma contraofensiva por parte das autoridades, que intensificam ações contra grupos criminosos.

Abaixo, são listados alguns casos de relatos de envolvimento de facções em questões políticas relacionadas ao pleito deste ano.

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Iguatu

No início deste mês, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Iguatu, durante operação da Polícia Federal (PF) que busca combater a interferência de uma organização criminosa no pleito. Segundo as autoridades, o grupo estaria sendo pago para apoiar determinados candidatos e comprar votos de eleitores.

Foi informado ainda que a polícia também investiga o suposto envolvimento de um vereador da cidade com a organização criminosa. Os nomes de candidatos favorecidos, bem como o do vereador que supostamente teria envolvimento com uma facção, não foram divulgados.

A operação deste mês ocorreu após uma prisão anterior de um homem suspeito de tráfico de drogas e envolvimento na organização criminosa. Materiais coletados pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) apontaram a possível ligação entre o integrante do legislativo municipal e os traficantes.

Acarape

Operação deflagrada nesta sexta-feira, 4, visou desarticular supostos esquema de compra de votos em Acarape, que contaria ainda com a participação de membros de uma facção criminosa. Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Acarape; quase R$ 7 mil em espécie foram apreendidos, além de diversos extratos de Pix e títulos eleitorais.

A ação dos suspeitos envolvia pagamento de valores em dinheiro a eleitores e retenção de documento eleitoral para beneficiar determinadas candidaturas. A operação foi uma parceria da PF com o Gaeco/MPE e a Polícia Civil do Ceará.

Canindé

Na última quinta-feira, 3, o Ministério Público Eleitoral (MPE) realizou operação que cumpriu quatro mandatos de busca e apreensão contra uma candidata a vereadora, sem identificação do nome e do partido, do município de Canindé. Três colaboradores de campanhas políticas na cidade também foram alvos da operação.

Foram apreendidos cerca de R$ 76 mil em espécie, uma máquina de contar dinheiro, um caderno com nomes de eleitores e o valor supostamente a ser repassado a estes, além de cópia de documentos de identidade, medicamentos, armas de fogo e munições.

Também é investigado o suposto apoio dado a campanhas políticas por uma facção criminosa atuante na cidade.

Fortaleza

Em setembro, Marcio Cruz (PCdoB), ex-vereador de Fortaleza e atual candidato a retornar à Câmara, denunciou ter sofrido ameaças por parte de supostos integrantes de uma facção criminosa que atua na Capital.

Em agosto, Cruz fez Boletim de Ocorrência no qual relata que supostos membros da facção Comando Vermelho teriam lhe abordado durante atividade de campanha e informado que ele não poderia fazer campanha em determinados bairros, pois apenas outro candidato estaria “autorizado” a atuar naquelas localidades. Os bairros mencionados são Padre Andrade, Jardim Iracema, Quintino Cunha e adjacências.

Além disso, Cruz relatou ter sofrido ameaças para fechar o comitê localizado na região.

Sobral

Investigação da Polícia Civil apontou que membros de facção criminosa usavam um grupo de WhatsApp para coordenar e executar ataques contra eleitores da candidata a prefeita de Sobral, a ex-governadora Izolda Cela (PSB), que participavam de comícios na cidade. A informação foi divulgada no fim de setembro.

Operação da Polícia Civil do Ceará para combater ameaças a candidatos e eleitores em municípios da Região Norte, terminou com a prisão de suspeitos e a execução de mandados de busca e apreensão. Marcos Aurélio Elias de França, diretor da Polícia Civil no Interior Norte, explicou que a operação supracitada é desdobramento de ação anterior que resultou na prisão de um suspeito de ameaçar Izolda.

"Havia um grupo de WhatsApp criado com o objetivo específicos de atacar os eleitores da candidata que participavam de comícios. Atingir com rojões, articular como fazer ataques, a forma, o local. Extraímos essas informações do aparelho de um suspeito preso, que embasaram o pedido de prisão dos demais", explicou.

A Polícia relatou ainda que ocorreram vários atentados a eleitores da candidata Izolda Cela. "Inclusive, pessoas saíram feridas e acaba criando-se um clima de medo, mas com a prisão dos elementos e com essa operação de hoje, o pleito foi pacificado.

Santa Quitéria

No último dia 17, a Polícia Civil cumpriu 23 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de integrar facção criminosa no município de Santa Quitéria. O órgão informou que a ofensiva foi deflagrada depois dos suspeitos ameaçarem um candidato no município, interferindo nas eleições. Na ação, as forças de segurança apreenderam dezenas de aparelhos celulares.

Caucaia

Candidatos a prefeito de Caucaia foram ameaçados e intimidados por pessoas que se identificaram como integrantes de facções criminosas. Emilia Pessoa (PSDB), Naumi Amorim (PSD) e Catanho (PT) sofreram episódios relacionados a violência e suposta participação de facções.

Emília sofreu com violências que variavam de pichações com ameaças até disparos de armas de fogo próximo a sua residência. O postulante e ex-prefeito Naumi Amorim (PSD) também sofreu ameaças de um grupo criminoso ao ter tiros registrados numa caminhada com apoiadores. Já a campanha de Catanho relatou que um disparo atingiu veículo que estava a serviço da candidatura. O episódio ocorreu na manhã do dia 17 de setembro, na Lagoa do Tabapuá.

Na esteira dessas ameaças, uma operação da Polícia Civil do Ceará prendeu 25 pessoas suspeitas dessas e de outras práticas criminosas pelo Estado. O número total de mandados de prisão preventiva cumpridos à época foi de 34, mas nove pessoas já estavam presas.

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