De lamentos a indiferenças, opiniões em Sobral divididas sobre rompimento de Cid e Ciro Gomes

Moradores revelam lamentação pela separação familiar, descontentamento com a política local e reconhecem a importância do legado dos Ferreira Gomes

O rompimento político entre os irmãos Ciro Gomes (PDT) e Cid Gomes (PSB) mexeu com a política do Ceará e teve repercussão nacional. Ainda maior é o impacto para Sobral, berço da família Ferreira Gomes, distante 233 quilômetros de Fortaleza. Como a separação foi recebida pelos conterrâneos dos irmãos e responsáveis pela ascensão à vida política, alguns dos quais acompanham a trajetória políticas desde José Euclides?

A reportagem circulou por alguns dos espaços emblemáticos da sociedade sobralense e conversou com moradores nos dias 28 e 30 de setembro, no Becco do Cotovelo, famoso centro de discussões políticas, e no centro comercial da cidade. As entrevistas capturaram um misto de sentimentos: lamentação pela separação familiar, críticas à atuação política e, em alguns casos, indiferença.

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A separação

A briga entre os irmãos, que começou publicamente em 2022, teve como ponto central a sucessão do governador Camilo Santana (PT), e desde então, a disputa pelo controle do PDT no Ceará continua sendo um dos temas mais polêmicos no cenário político local. Cid apoiou a então governadora Izolda Cela, atualmente candidata a prefeita de Sobral, enquanto Ciro preferiu Roberto Cláudio (PDT), o que resultou na separação política dos irmãos. Roberto Cláudio foi candidato, Cid se afastou da campanha. O PT rompeu com o PDT, Camilo Santana lançou Elmano de Freitas (PT), eleito governador em 1º turno.

 

Lamentação pela separação

Muitos entrevistados lamentaram o rompimento entre Ciro e Cid, destacando o papel importante que ambos desempenharam na política de Sobral e do Ceará. Raimundo Pereira, agricultor, expressou a visão de que "a base principal da família é a união" e que o rompimento foi uma perda não só para a cidade, mas para todo o Ceará.

Outros, como a empresária Maria de Lurdes Vasconcelos, também lamentaram o fato, afirmando que “família deve estar junta nos bons e nos maus momentos”, ressaltando a importância do trabalho histórico da família na região.

Eridan Martins, fisioterapeuta, reforçou esse sentimento: "São grandes políticos que ainda hoje lideram Sobral. Eu espero que eles se reconciliem, mas acredito que isso não afetará tanto a nossa política".

Críticas à atuação política

A desavença entre os irmãos também acendeu críticas à administração pública no Município, especialmente em relação a comunidades carentes. Pastor Jailson Brandão foi contundente.

“O que tá acontecendo é briga de gente grande. Eles poderiam parar com essa disputa, porque o principal foco da campanha é a população. Somos nós sobralenses".

Ele e outros entrevistados, como Sabino Loiola, aposentado, destacaram que a briga entre os irmãos só piorou a percepção popular sobre a liderança dos Ferreira Gomes na região.

Indiferença e desinteresse

Entre os entrevistados, também havia uma parcela que se mostrou indiferente à briga. Maria de Paiva, jornalista, opinou que a briga "não afeta diretamente o cenário político local. Sou indiferente".

Marcelo Magalhães, vendedor, também expressou desinteresse pela briga, enfatizando que os Ferreira Gomes já estão há muito tempo no poder. "É hora de mudança", considerou.

Impactos políticos e perspectivas

A briga entre os irmãos impacta o cenário eleitoral de Sobral, com efeitos na campanha municipal. A situação deixou rachaduras no poder e abriu espaço para o crescimento da candidatura de oposição, de Oscar Rodrigues (União Brasil), que muitos sobralenses veem como uma possível mudança. A divisão política pode influenciar diretamente a campanha de 2024, e muitos entrevistados acreditam que isso enfraqueceu o grupo político da família.

Ciro Gomes está afastado da disputa em Sobral. Em abril, ele afirmou que não iria se envolver. "Eu não vou contra meus irmãos. Eles podem vir contra mim, mas eu não vou contra eles em nenhuma hipótese".

Conclusão

Em recente entrevista à rádio Coqueiros FM, o senador Cid Gomes (PSB) mencionou o impacto pessoal da separação entre ele e o irmão. “Ciro sempre foi minha referência, como um segundo pai”, afirmou, reiterando o respeito que mantém pelo irmão, mesmo com as divergências políticas.

Contudo, Cid também enfatizou que ambos estão em “cantos diferentes da política”, evidenciando que a separação vai além de questões pessoais.

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