George Lima lamenta não receber recursos do próprio partido e explica frase que viralizou

Candidato disse que, se a população for esperta, vota em alguém corajoso como ele

09:58 | Out. 01, 2024

Por: Marcelo Bloc
Sabatina do canditado a prefeitura George Lima do Solidariedade (foto: Samuel Setubal)

Em sabatina realizada no OP News 1ª edição, na manhã desta terça-feira, 1º, o candidato a prefeito de Fortaleza, George Lima (Solidariedade), criticou candidaturas adversárias, explicou algumas propostas e lamentou o fato do próprio partido não ter ajudado financeiramente na campanha. A entrevista foi conduzida pelo apresentador Ítalo Coriolano, ao lado do jornalista Guilherme Gonsalves.

Questionado se estaria indignado por não ter recebido nenhuma verba do partido, Lima falou não causar indignação, apesar de não negar a decepção. "Eu fiquei triste, eu não sou demagogo de dizer que se viesse o dinheiro eu não iria usar. Se viesse, eu iria aceitar. Eu fiz um pedido, se fosse possível mandar, e eles nem responderam. Eu acho que não faço talvez parte de um modelo partidário que eles queriam, possuo uma posição própria", explicou.

George afirmou que resolveu pendências partidárias antes de lançar candidatura, mas não recebeu o apoio do diretório nacional. "Peguei o partido cheio de pendências, jurídicas e contábeis, e em três meses ajeitei tudo, botei em dia e deixei o partido apto a disputar a eleição, inscrevi o partido nas eleições. Mas eu digo a você que tenho o apoio deles, apesar de não ter recebido dinheiro, mas eu levo isso de boa forma, foi uma candidatura de última hora", admite.

Demais candidatos

O candidato do Solidariedade foi questionado sobre o fato de ser acusado por opositores de ter uma candidatura criada apenas para criticar adversários, com exceção da candidatura de Evandro Leitão (PT). Na resposta, sobrou críticas para todo lado.

"Eu sou anti-radicalismo. Essa onda do bolsonarismo criou o André Fernandes, o Capitão (Wagner) já vem com esse discurso, mas ele não passa confiança, não tem aliados de confiança. São candidatos 'duas-caras', que a população não pode acreditar. Sou contra essas duas candidaturas, seria um retrocesso imenso", afirmou.

"O prefeito Sarto teve a chance, eu votei nele, mas parece que ele não assumiu. Ele deixou o cargo dele ao léu, parece que não captou que ele teria condições de ir para a reeleição. Quando ele acordou, já é um desacreditado. Não tem comando, não tem cara nova, não tem esperança, os jovens estão sem perspectiva", criticou.

"O senador Eduardo Girão vem para os debates falar de ministro do STF, do presidente Lula. Vamos falar dos problemas das pessoas no dia a dia, da saúde, do transporte público, da falta de emprego", acrescentou.

Questionado sobre discordar de ter um único partido comandando o Executivo municipal, estadual e federal, George ponderou.

"O Evandro Leitão, eu vou ser sincero para vocês, é o candidato do Camilo (Santana). Eu estou respeitando o Camilo, acho que se o Camilo colocou o Evandro, ele deve ter convicção. Eu não concordo com o PT ficar com prefeitura, governo e na Presidência. Se a população for esperta, vota em alguém como George Lima, um cara corajoso, empreendedor, sei das necessidades do povo, não preciso fazer política com cargo, vou subir e não vou ficar boçal, vou fazer uma gestão com muita gente preparada. Juntar todas as forças que Fortaleza tem, montar uma equipe, montar metas para os quatro anos, apresentar para a população, ir atrás dos recursos, nos unirmos para melhor as coisas. Tem que ter uma mudança de cultura, de gestão, e eu me coloco como uma opção", explicou.

A frase e o meme

O candidato foi questionado sobre a frase proferida no debate promovido pelo O POVO, direcionado ao adversário André Fernandes. O "chupa aqui pra ver se sai leite" virou meme e a imagem rodou por todo o país.

"Ali foi um momento de emoção, de indignação de como eu fui tratado. O Sarto já vinha zombando, me chamando de 'garganta de aluguel', e o André veio com uma deselegância muito grande. Isso me deixou muito chateado, como cidadão de Fortaleza, vivi aqui, venci aqui, e eu represento o povo, não estou ali para ser tachado de insignificante", explicou.

Lima disse não se arrepender da atitude. "Eu agi à altura e não me arrependo. A forma que eu falei, todos tiveram que ouvir, e no final eu estava tão indignado que a vontade era mandar pra... Aí, eu troquei, em vez de dizer morde, saiu chupa aqui para ver se sai leite. Eu pedi desculpas pela forma que falei, não pelo termo, que foi uma resposta", acrescentou, dizendo que a expressão virou uma marca da indignação do povo.

Lima disse ainda que não liga para críticas sobre sua candidatura. "Eu sou uma pessoa do bem, eu não estou na política por uma sede de poder. Eu tenho personalidade e não estou muito preocupado com o que as pessoas dizem, não. Eu sou corajoso e estou aqui para enfrentar. Tem gente que veio para a vida para assistir, eu estou para participar", disse.

Propostas "lunáticas"

George Lima voltou a criticar o que chamou de propostas 'lunáticas' para a segurança pública.

"O Capitão Wagner apareceu para a vida pública numa greve da polícia, organizando grave onde a população fica exposta aos bandidos. Agora, 12 anos depois que ele tá na mamata da política, trocando de partido, de aliados, o cara vem em um debate aberto, para discutir segurança pública, falar de microchip para motocicletas. Ele tem que criar chips para enfrentar bandidos. O outro (André Fernandes) com caveirão, Fortaleza são 121 bairros, teriam que ser 363 caveirões, no mínimo. São propostas lunáticas, fora do cotidiano, propostas para enganar o povo. O povo de Fortaleza não pode acreditar nessas propostas que estão aí, daí a minha indignação", criticou.

Quando foi alertado sobre a semelhança da proposta dos chips nas motos com o programa lançado recentemente pelo governo do estado, Lima explicou não ser contrário especificamente ao que é proposto.

"Não é que a proposta dos chips seja ruim, mas não é isso que vai resolver o problema do povo. Eu concordo, mas é uma proposta politiqueira. Eu penso maior, a gente tem que subir e olhar de cima os problemas da cidade e decidir como tratar a segurança pública e transformar Fortaleza em uma cidade da paz. Ele, como da segurança pública, não poderia estar usando essas ideias tiradas de outras candidaturas e propor para melhorar a segurança", rebateu.

Ambulância emergencial

George Lima foi perguntado sobre a proposta de ambulância emergencial, se não seria algo já existente, no caso, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O candidato falou que o Samu não funciona direito, então precisa de ampliação.

"Eu coloquei isso daí, você já precisou usar o Samu? Não funciona, não. Estava no trânsito, houve um acidente e eu precisei acionar o Samu, demorou 50 minutos. Por isso eu quero o serviço do Samu melhorar, porque quando você tem um idoso em casa, nem com um carro você consegue levar ao hospital", explicou.

Bolsa-aluguel

Sobre a proposta do bolsa-aluguel, Lima explicou a diferença para a medida já existente hoje.

"O número de habitantes de Fortaleza que usa o bolsa-aluguel é insignificante. É muito específico, abrange poucas pessoas. Eu quero ampliar esse atendimento para pessoas aptas ao Minha Casa Minha Vida, por exemplo. Enquanto essa pessoa não for beneficiada, a Prefeitura tem como ajudar essas pessoas", disse.

Parcerias para construção

O candidato falou ainda sobre buscar parcerias com a iniciativa privada para a construção de creches e moradias.

"Quase 50% das crianças que precisam de creche em Fortaleza, não têm creche. Se a iniciativa pública não tem dinheiro, a privada tem. A Prefeitura pode pagar em 40 anos. Mas tem que fazer isso mudando a gestão, cortando gastos exorbitantes e desnecessários. Eu sou a favor do tijolinho, ninguém tem que morar em rua de terra, mas isso não vai resolver o problema. Temos que pensar a questão da moradia de forma ampla", concluiu.