Candidato a prefeito de Fortaleza faz campanha de madrugada, antes de o sol nascer
Ze Batista, do PSTU, começou o dia de campanha antes do sol nascer, para pedir votos a motoristas de ônibus. De lá, candidato foi fazer campanha com operários, em canteiro de obras
10:48 | Out. 01, 2024
Ao imaginar um evento de campanha que comece cedo, a expectativa é de uma atividade nas primeiras horas da manhã. Zé Batista, candidato à Prefeitura de Fortaleza pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), levou o conceito a outro nível. Às 4 horas desta terça-feira, 1º, o postulante estava em frente à garagem de uma empresa de ônibus da Capital, distribuindo panfletos e conversando com eleitores.
A atividade ainda na madrugada não é por acaso. Neste horário, motoristas chegam ao local para iniciar o expediente da manhã, levando os veículos para terminais e pontos iniciais de linhas nos bairros. Outros, que circulam com os coletivos "corujão", deixam os carros na garagem para encerrar a jornada.
A categoria é parte importante da base eleitoral do PSTU. Ex-dirigente do Sintro, sindicato que representa os trabalhadores de transportes rodoviários, a candidata a vereadora Cibele Christian também participava da panfletagem.
O evento faz parte da estratégia do PSTU de focar a campanha em locais de trabalho em que possui forte presença. Após a panfletagem no local, os candidatos já tinham outra atividade prevista, em um canteiro de obras — a trajetória política de Zé Batista é ligada ao movimento sindical de trabalhadores da construção civil.
A atividade em frente à garagem da empresa Vega, na Jacarecanga, teve pouca movimentação. Acompanhados de outro filiado ao partido, dirigente do sindicato dos rodoviários, os candidatos entregavam os panfletos, cumprimentavam motoristas e mecânicos, mas havia pouco tempo para apresentar as propostas.
Muitos dos trabalhadores recebiam o material já na saída, dentro dos ônibus, com tempo contado para iniciar as rotas dos veículos. Alguns deles, reconhecendo Zé Batista e Cibele de atividades sindicais, comprometiam-se a analisar os panfletos e divulgar as candidaturas.
Segundo Zé Batista, a situação da campanha é similar. O candidato se queixou da dificuldade de se fazer visto pela população, por não ter sido convidado aos debates. "A lei eleitoral não nos proíbe de participar", pontua, "mas mesmo assim estamos sendo excluídos". "Tem sido uma campanha difícil", completa.
De acordo com ele, a situação é complexa também pela falta de tempo de TV para o partido, o que impede a apresentação do projeto de governo. Nesta reta final da campanha, diz, houve um investimento maior em redes sociais, mas a legenda tem recursos limitados para criar e distribuir o material, mesmo virtualmente.
Questionado sobre embates, na temática da mobilidade urbana, entre sua campanha e a atual gestão, de José Sarto (PDT), que concorre à reeleição, Zé Batista indicou a proposta de estatização do sistema de transporte público de Fortaleza. A ideia do candidato seria passar do atual modelo, de concessão do serviço a empresas privadas, para um órgão público, gerido pelos próprios trabalhadores.
A proposta de Zé Batista reflete posicionamentos habituais do Sintro. A entidade costuma ter conflitos com a gestão municipal em questões como a redução da frota de ônibus na Capital, revelada por O POVO em maio deste ano, e a retirada dos cobradores dos coletivos, ocorrida em 2019.