André x Wagner: entenda como a disputa por votos da direita colocou ex-aliados em pé de guerra

A disputa pelo voto conservador tem provocado rachaduras na direita, que acompanha um acirramento entre as campanhas, sobretudo de André e Wagner

A cerca de duas semanas das eleições de 2024, o acirramento no campo das candidaturas à direita em Fortaleza é quase palpável. No entanto, o rompimento entre os grupos ligados aos candidatos André Fernandes (PL) e Capitão Wagner (União Brasil) começou aos poucos, arrastando-se por meses até que as campanhas subissem o tom e iniciassem as atuais trocas de acusações e críticas, tanto no horário eleitoral quanto por outros meios.

Antes do início do período eleitoral, o discurso de parte das lideranças da direita na Capital era de tentativa de unidade. Wagner, André e o senador Eduardo Girão (Novo) vinham em tratativas para viabilizar uma candidatura única, que aglutinasse as forças do campo já no primeiro turno; a exemplo do que havia ocorrido em eleições recentes, em 2020 e 2022, quando Wagner foi candidato a prefeito e governador, respectivamente, com apoio local do grupo de André Fernandes, de Girão e também do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Em dado momento das articulações políticas, o PL esteve, inclusive, próximo de indicar a vice na chapa encabeçada por Wagner. Como o O POVO mostrou, as cúpulas nacionais dos partidos chegaram a se reunir para discutir eventual retirada da candidatura de Fernandes para formalizar apoio a Wagner. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o próprio Bolsonaro foram favoráveis inicialmente, mas o acordo não se concretizou. Isso porque numa conversa entre Bolsonaro e André Fernandes, o parlamentar teria se emocionado e manifestado interesse em dar continuidade à candidatura na Capital.

De lá para cá, a disputa pelo voto conservador tem provocado rachaduras na direita. Com três candidatos postos para o pleito neste ano, o espectro político acompanha um acirramento entre as campanhas, sobretudo de Wagner e André. Em agendas recentes e nos próprios horários e inserções eleitorais nas rádios e TVs a disputa se intensificou.

Troca de acusações, ofensas e, inclusive, ações na Justiça Eleitoral têm dominado a relação dos, agora, ex-aliados. Como informou a coluna Vertical, do O POVO, até a manhã do dia 19, um total de 50 das 57 inserções veiculadas por Wagner tiveram o candidato do PL como alvo. Outros candidatos também passaram a focar em Fernandes.

Já no último sábado, 21, André promoveu passeata no Conjunto Ceará, ao lado do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). No local, ambos os bolsonaristas fizeram críticas a Wagner e ao atual prefeito José Sarto (PDT). Sobre Wagner, chamaram o ex-aliado de “Tapioca”, termo que André tem utilizado para se referir à postura que atribui a Wagner de ora estar atuando de um lado e ora de outro e falaram em tom de traição alegando que os ataques partem de alguém que o chamava de “amigo e irmão”.

No mesmo dia, Wagner foi às redes sociais questionar Fernandes, dentre outras coisas, por prometer e não fazer. Ele também criticou o adversário por supostamente esconder Bolsonaro de sua campanha. “Agora eu pergunto aos que me questionavam ‘porque não bota o Bolsonaro?’; pergunto, por que o André esconde o Bolsonaro? Porque não coloca o Bolsonaro na propaganda de TV dele? Cadê o verde e amarelo da campanha deles? Campanha que copia até a nossa cor, o azul. Até a cor da minha campanha”, indagou.

O movimento de ruptura se intensifica conforme o pleito se aproxima e também na esteira das pesquisas eleitorais mais recentes. Dentre elas, levantamento Datafolha contratado pelo O POVO, apontou crescimento do candidato do PL. No último Datafolha Fernandes apareceu em liderança numérica (25%) das intenções de voto, contra 23% de Wagner.

Wagner diz que André é "risco" para Fortaleza e cita “conchavo com o PT”

O candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (União Brasil), reforçou críticas que vem fazendo ao também candidato - e ex-aliado -, André Fernandes (PL). Em transmissão ao vivo nas redes sociais, no fim de semana, Wagner disse que André representa um risco e acusou o agora adversário de voltar atrás com frequência em alegações durante sua trajetória política. Ele aproveitou também para comparar sua experiência e a de Fernandes.

Wagner iniciou a transmissão falando sobre decisão judicial que rechaçava um pedido de resposta feito pela campanha de André. No decorrer da fala, o candidato do União Brasil usou trecho da decisão para começar a criticar o adversário que, segundo ele, volta atrás em diversas alegações quando percebe que se tornam problemáticas para si.

“Estou imaginando aqui as propostas de campanha. Ele prometeu acabar com a Agefis (Agência de Fiscalização de Fortaleza) aí começa o mandato e vai dizer: ‘Não, eu estava brincando’. Ele prometeu acabar com a Taxa do Lixo, aí vai e fala: ‘Estava brincando, era ironia, vai abaixar a arrecadação’. Imagine como vai se posicionar”, comentou.

E seguiu: “(...) Temos que ter cuidado com o que o André promete, porque ele fala e volta atrás. Ele acusou um deputado estadual de ter ligação com facção criminosa, mas quando foi chamado a apresentar provas, na hora que o negócio apertou, disse que se equivocou; arregou, pediu desculpas e voltou atrás. Esse é o candidato que fala sem pensar, que volta atrás. Esse é o risco que corremos, muito cuidado eleitor fortalezense com candidato que diz as coisas e depois fala que se equivocou”, complementou Wagner.

Reforçando as críticas, Wagner fez comparação entre sua experiência e a de Fernandes. “André quando tu estava com 18 anos, na rede social, influenciando as pessoas a fazerem o que não presta, eu já estava com minha carteira assinada (...) Se o Pablo Marçal (candidato a prefeito de São Paulo) estivesse aqui acho que ele apresentaria a carteira de trabalho ao André. Não sei nem se ele assinou, porque o primeiro emprego dele foi de deputado estadual. Antes ele era youtuber, e acho que não assina a carteira. Ele ganhava dinheiro ensinando coisas nada agradáveis para as famílias (...) O candidato continua o mesmo brincalhão, apenas foi orientado pelo marketing a diminuir a brincadeira”, disparou.

Ao O POVO, o candidato do União alegou que há uma combinação entre PT e André. “André não bate no PT e PT não bate no André. Fica mais claro, a cada dia, que há um conchavo entre eles para irem para o segundo turno. Esqueceram o PT e só batem em mim. Há um ano e meio ele só me ataca e a milícia digital dele tem atacado inclusive minha esposa, criando fake news. Já entramos na Justiça contra um grupo de Whatsapp com integrantes do PL produzindo material contra mim. A grande vítima sou eu, com 400 inserções do PT me atacando, 80 do André me atacando. E ninguém reclamou”, finalizou.

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