Sabatina O POVO: Zé Batista diz que PT, direita ou bolsonarismo manterão trabalhadores na mesma situação

A tese do socialista é de que, a um projeto de esquerda, cabe o enfrentamento à lógica financeira vigente, não a conciliação com seus interesses

Candidato do PSTU à Prefeitura de Fortaleza, Zé Batista afirmou nesta quinta-feira, 12, que a vitória da centro-esquerda, representada com maior viabilidade eleitoral pelo PT de Evandro Leitão e pelo PDT do prefeito José Sarto, ou do campo conservador, protagonizado por Capitão Wagner (UB) e André Fernandes (PL), em nada muda a situação da "classe trabalhadora" que habita a Capital. Batista foi o nono e último entrevistado pela Sabatina O POVO, transmitida pela Rádio O POVO CBN. A ordem dos candidatos foi definida em sorteio.

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A tese do socialista é de que todos querem ganhar a eleição para administrar o capitalismo de Fortaleza. A partir dessa premissa, disse, "não vai mudar em nada a situação da classe trabalhadora". Todavia, ele ponderou: "Existem dois projetos aqui em disputa por esses principais candidatos". Batista citou o PT e "sua frente ampla", cuja amplitude "engloba vários partidos da direita tradicional" e o "setor encabeçado pela ultradireita". O segundo lhe gera preocupação.

"Apesar de o Capitão Wagner dizer que é independente, não, ele é um bolsonarista encubado. Ele é bolsonarista e defende a mesma política defendida pelo bolsonarismo", avaliou Zé Batista. Para Batista, Fernandes é um bolsonarista mais tímido, vez que já foi mais enfático ao explorar o vínculo político mantido com o ex-presidente.

"Se esse sistema, que nós chamamos de um sistema democrático burguês, já nos impede de participar dos debates, já nos impede de ter horário eleitoral, já nos dificulta a vida, vocês imaginem num regime que esses dois candidatos ou três, que defendem o projeto bolsonarista defendem", disse o candidato aos entrevistadores Jocélio Leal e Vitor Magalhães, ambos jornalistas do O POVO.

Zé Batista concorreu ao Governo do Ceará em 2022. Embora tenha feito projeções de segundo turno sem que o PSTU estivesse incluso, ele afirmou acreditar que a "revolta" dos trabalhadores de Fortaleza pode favorecer uma candidatura como a sua. É a razão pela qual disse ser importante que o PSTU esteja presente na disputa.

Batista afirmou ser o único com condições de se contrapor ao sistema financeiro e político — este, na compreensão do PSTU, um reflexo do primeiro, ainda que sob coloração progressista. Ele fez críticas ao "companheiro Técio" Nunes a partir deste ângulo. "Eu conheço o companheiro Técio. Ele vai se enfrentar contra quem? Contra a política de frente ampla, se eles estão na frente ampla junto com o PT? Para quem já acompanhou os programas, não existe cidade para todos. Ou se governa para a classe trabalhadora ou se governa para os bilionários aqui de Fortaleza", argumentou.  

O raciocínio do militante do PSTU é de que grandes alianças, a exemplo da que Lula liderou em 2022, popularmente chamada de "frente ampla", implicam concessões, isto é, a acomodação de diferentes interesses e ideias — algumas delas antagônicas — num mesmo programa de governo.  

Conforme Zé Batista, impasses relativos ao transporte público de Fortaleza serão resolvidos com a criação de uma empresa estatal gerida pelos trabalhadores dos ônibus. "Você que está em casa nos assistindo, pensa bem, qual é a prioridade dos donos das empresas dos ônibus de Fortaleza? É tirar do seu lucro para garantir ar-condicionado nos ônibus? É aumentar o número de linhas para que as pessoas consigam fazer uma viagem sentados, confortáveis? Quanto pior para a população, mais lucro tem para eles", criticou.

"Uma das nossas propostas é criar uma grande empresa pública, administrada e gerenciada pela Prefeitura em conjunto com os trabalhadores do setor, que inclusive ganham uma miséria de salário. Só dessa forma é que a gente vai garantir um transporte público de qualidade, garantir um salário decente para a categoria, entendeu? Inclusive, criarmos um projeto de retorno dos cobradores. Eram quase 50% da categoria", complementou Zé Batista, segundo quem a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) não seria fechada em evetual gestão.

Contudo, afirmou que não seria refém de uma "Câmara toda financiada"  e daria protagonismo a um grande conselho que incorporaria as atribuições da Câmara. "A população seria incentivada e mobilizada a apresentar suas propostas", defendeu. "Estatizar tudo" é a síntese do que defendeu o candidato como solução para evolução dos serviços de ônibus e os demais.

 

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