Chico Malta: veja como foi a Sabatina O POVO ponto a ponto

Poder popular sobre orçamento, desconcentração de renda, transporte gratuito e Guarda Municipal preventiva. Confira os principais momentos da Sabatina O POVO

14:13 | Set. 06, 2024

Por: Marcelo Bloc
Sabatina do candidato a prefeitura Chico Malta do PCB na Radio O Povo CBN. (foto: Samuel Setubal)

Candidato à Prefeitura de Fortaleza, Chico Malta (PCB), esteve nesta sexta-feira, 6, na sede do O POVO, para sequência das sabatinas com os candidatos ao Executivo da Capital e do Crajubar, transmitidas pelas rádios O POVO CBN e O POVO CBN Cariri, respectivamente. Ele foi o quinto candidato a ser entrevistado. A definição da ordem dos entrevistados ocorreu em sorteio.

Confira os principais momentos da entrevista:

Campanha indeferida

"Nossa candidatura é a única que não recebeu nenhum recurso público, nosso tempo de rádio e televisão é muito limitado. É uma candidatura que, por si só, é uma candidatura de resistência. O indeferimento da nossa candidatura, pedido pelo MP eleitoral, se deu pela campanha de governo de 2022. Sou advogado e, além de candidato, eu era o advogado da campanha em 2022. Na hora de juntar as contas, a assessoria considerou que, por ser advogado cadastrado, não necessitaria juntar a procuração do Chico Malta para o próprio Chico Malta. Algo até muito esquisito. E por conta da falta dessa procuração, as contas foram consideradas não prestadas, embora estejam lá todas no Tribunal. Entramos junto ao TRE com um pedido de regularização da omissão de prestação de contas, por elas terem sido consideradas não prestadas, e está para apreciação do desembargador. Nós continuamos na nossa campanha, divulgando a nossa plataforma, dialogando com as pessoas, principalmente a classe trabalhadora e o povo da periferia, que é o nosso principal eleitorado".

Diferença de outras candidaturas de esquerda

O candidato defendeu que, no primeiro turno, os partidos apresentem suas candidaturas, especialmente partidos que chamou de ideológicos. "Nada mais legítimo do que um partido como o nosso, com 102 anos de fundação, queira participar de forma autônoma, independente, para poder apresentar a nossa proposta, a nossa plataforma. PSTU, Psol, UP, são todos partidos-irmãos, partidos que estão no campo da luta da classe trabalhadora, e consideramos plenamente legítima a apresentação de candidaturas próprias no primeiro turno. São duas eleições diferentes".

Poder popular sobre orçamento

"Nossa proposta política é de construção do poder popular. O que significa isso? Administrar apoiado, baseado na construção de conselhos populares em todas as áreas. Na saúde, na educação, na cultura, nos transportes, ou seja, conselhos populares com autonomia, com ampla participação da população que, em última análise, é ela o destinatário de todas as realizações que se fará em uma administração pública. Não é através da gestão da prefeitura que nós vamos conseguir chegar ao socialismo".

Desconcentração de renda

"Os problemas da nossa população são tão gritantes, temos um PIB altíssimo, temos nove bilionários figurando na revista Forbes, mas temos também mais de 8.500 pessoas vivendo nas praças de Fortaleza, nós temos 150 mil famílias necessitando de moradia. Há uma concentração de riqueza muito grande e isso precisa mudar. Todas essas gestões administram para os ricos. Uma administração dos comunistas, do PCB, é uma administração que estará voltada para desenvolver a cidade, principalmente onde precisa. Por exemplo, desenvolver uma economia popular nas periferias, que gera emprego, renda, atividade cultural, econômica nos bairros de Fortaleza".

Desenvolvimento da periferia

"Temos que desconcentrar. A nossa periferia está completamente abandonada do ponto de vista da população. Ela está confinada, tem pessoas que moram na periferia que nascem, crescem e morrem na periferia, sem nunca ter entrado no Theatro José de Alencar, por exemplo, sem ter conhecido o Centro Dragão do Mar. Nós precisamos então criar toda uma estrutura na periferia que possa desenvolver o comércio local, em um plano-diretor da cidade e para isso você não poderia ter grandes supermercados destruindo o comércio local, por exemplo".

Ele defendeu ainda a valorização da cultura nas periferias, teatros descentralizados e eventos espalhados por toda a cidade. "Temos que alimentar não só a barriga, temos que alimentar a alma, a mente. Nós temos que ter uma população que se sinta no direito da cidade, a pertença, que hoje não tem pois é totalmente excluída das decisões e de usufruir os bens constituídos da cidade".

Relação com a Câmara Municipal

"Nossa linha é da participação popular. Você acha que um vereador vai se colocar contra um projeto de habitação popular, por exemplo, se houver pressão popular? Nós teremos milhões de vereadores na cidade de Fortaleza, porque a administração vai incentivar o povo a se organizar e a lutar por aquilo que ele precisa".

Transporte urbano

"Defendemos o transporte público estatal e gratuito. Uma empresa pública, mas privilegiando hoje formas de transporte que também são tendência no mundo, por exemplo, a cidade de Fortaleza é um tabuleiro de xadrez, uma cidade toda quadrada, é plana, cidade de grandes eixos. Nós precisamos, por exemplo, tirar essa quantidade de ônibus que circulam no Centro, essa quantidade de carros que circulam para o centro da cidade, sufocando substituindo por veículos leves sobre trilhos nesses grandes eixos, e a redistribuição das pessoas para os bairros seria feita através de terminais intermediários. Você desafogaria o centro da cidade, teria um transporte coletivo seguro, pontual, confortável".

O candidato defendeu que viabilidade financeira seria gradativa, a partir da não renovação das concessões às empresas de transporte. "Esse é um processo gradativo. Mas, no momento inicial é tarifa-zero para estudantes, para os desempregados, para os idosos, que hoje já têm o direito, mas para todos esses setores caminhando para a tarifa-zero".

Segurança

"A Guarda Municipal se transformou em uma extensão da Polícia Militar. Nós partimos de um outro ponto, da Guarda Municipal como uma guarda protetiva e não uma guarda repressiva. Nós precisamos, por exemplo, ter as nossas crianças e nossos adolescentes como prioridade, e ela (Guarda Municipal) estará nas escolas. O Estado e o Governo Federal precisam fazer sua parte, criar uma barreira para que não entrem drogas e armas na cidade de Fortaleza. A Guarda Municipal, que precisa ser desarmada, juntamente com um amplo sistema de transportes escolares, que garanta a ida de todas as crianças e adolescentes da escola para casa, acompanhado por, no mínimo, uma dupla de guardas municipais. Temos que ter uma Guarda preventiva, na porta de cada escola de Fortaleza, mudar o foco, principalmente na proteção de crianças e adolescentes".

Saúde da família como prevenção

"Nos inspiramos em países que adotaram o processo preventivo na saúde, através de um amplo programa de Saúde da Família, que visita para evitar que as pessoas adoeçam. Tudo está interligado, se você faz prevenção, você diminui que as pessoas adoeçam, você evita lotação nos postos, você cria toda uma cadeia que favorece tudo isso".

"Não precisa chegar ao socialismo para determinar certas mudanças"

"Dinheiro tem. Produção de riqueza, tem. O problema é onde você aplica as questões de forma prioritária, não é só dizer, você tem que realmente encaminhar o orçamento público, obviamente seguindo as questões legais que determinação parte da arrecadação para algumas áreas, mas tem muita margem no orçamento que você pode direcionar".

Jornada de trabalho

O candidato defendeu a redução da jornada de trabalho como causa defendida nacionalmente pelo partido e como forma de alavancar a economia. "Muitas coisas serão plenamente possíveis se você conseguir fazer um orçamento social".

Extremos fazem mal à democracia?

"O PT tem um projeto de sociedade, de país, e é legítimo que tenha. Como nós temos um projeto de país, de sociedade, de mundo. Defendemos esse projeto. Essa questão de extrema-esquerda é uma questão que hoje você não pode taxar dessa maneira. O PCB é um partido de 102 anos, que resistiu às ditaduras que ocorreram nesse país (...). Nós consideramos que os partidos têm direito à defender suas ideologias e é na sociedade que nós vamos disputar essas ideias. O PT tem esse projeto de sociedade, nós criticamos esse modelo de conciliação de classe que tem sido trilhado pelo PT, porque consideramos que torna o governo refém dos mais conservadores, do Centrão, desse Congresso do toma-lá-dá-cá, da chantagem, daqueles que dizem que pensam no Brasil, mas que, na verdade, só pensam no próprio bolso, quando muito na própria família".

Confira entrevista na íntegra: