Eusébio: Perdeu o debate? Confira pontos do confronto entre os candidatos
Debate circulou acusações de corrupção por parte de Dr. Mauro a respeito da gestão governista. Candidato da situação criticou uma falta de propostas do opositorO POVO realizou nesta quinta-feira, 29, debate com os candidatos a prefeito de Eusébio, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza. O encontro ocorreu na sede da seccional cearense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), na capital cearense.
Dr. Júnior (PRD) e Dr. Mauro (União Brasil) participaram do encontro. O primeiro é do grupo governista, apoiado pelo atual prefeito Acilon Gonçalves (PL). Júnior, inclusive, já governou Eusébio de 2013 a 2017.
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Mauro tem o apoio do ex-prefeito Edson Sá (Republicanos), que chegou a lançar candidatura, mas retirou após ser considerado inapto pela Justiça Eleitoral, indicando a filha, Leca Sá (PSB), como vice da chapa oposicionista.
O primeiro e o terceiro bloco do debate foram de temas livres. As perguntas do bloco 2, o do meio, circularam dois temas definidos por sorteio, no momento do debate.
Tom de debate: acusações de corrupção por parte de Dr. Mauro a respeito da gestão de Acilon Gonçalves e de Dr. Júnior. O candidato da situação criticou uma falta de propostas do opositor, citou despreparo e alegou desrespeito dele com o povo de Eusébio.
Dentre as temáticas, foram tratados temas como a educação de tempo integral, mobilidade urbana, segurança pública, emprego e renda, saúde e espaços de lazer da cidade.
Assista ao debate de Eusébio na íntegra:
Primeiro bloco: candidatos acusam-se de corrupção e desrespeito, relembram ex-alianças e apadrinhamentos
O confronto iniciou em tom elevado, com acusações de corrupção por parte do candidato Dr. Mauro a respeito da gestão do atual prefeito Acilon Gonçalves, aliado de Dr. Júnior. Mauro chamou o opositor de “filhote da corrupção”, elencando a si próprio como “honesto e íntegro”. Júnior chamou a acusação de “infundada e sem sentido” e alegou desrespeito.
O candidato ainda relembrou o período em que Mauro integrava o grupo político governista, citando-o como “o pior gestor da secretaria de Esporte" municipal. Júnior se disse honrado de ter sido indicado pelo atual prefeito e citou a criação de uma pasta voltada para o tema da tecnologia, em Eusébio.
O debate, então, enveredou para o tema da mobilidade urbana. Júnior questionou Mauro sobre o Transporte Regular Urbano de Eusébio (TRUE), que fornece transporte gratuito. O opositor alegou um custo alto na autarquia e utilizou o tempo de resposta para reforçar que “não tem apadrinhamento” e que foi escolhido por um sistema de prévias, com participação popular.
Júnior rebateu e disse que os gastos dos programas “representam menos de 1% do orçamento municipal” e citou outros programas sociais da Prefeitura de Eusébio, dentre eles o “Renda Mínima”, de distribuição de renda. Na tréplica, Mauro atribuiu 80% do programa “Renda Mínima” ao Governo Federal e disse “viver a cidade de Eusébio”, ao contrário do opositor, que, segundo ele, não circula no município “há oito anos”.
A terceira pergunta do bloco tratou de Segurança Pública. Mauro questionou um ponto do programa de Júnior, sobre parcerias com a comunidade. O candidato da situação afirmou não entender o questionamento e citou que “95% da guarda municipal” é armada no Eusébio, cidade que ele elencou como “referência” na segurança, no Ceará.
Por fim, Júnior questionou Mauro sobre propostas de emprego e renda. Mauro criticou o grupo do opositor que teria “passado 20 anos no poder, sem ter feito nada”. Depois, citou a necessidade ações integradas da Prefeitura, que entraria com financiamento, junto do Estado, municípios, empresas e demais entidades.
Júnior prometeu formar 1.000 alunos na área de tecnologia e repetiu estar honrado de ser o candidato do “melhor prefeito da história do Ceará”, Acilon. Afirmação foi rebatida por Mauro, que reforçou ações conjuntas em emprego e disse para Júnior: “Você não ama, nem você. Daqui a pouco seu nariz vai bater aqui em mim.”
Segundo bloco: candidatos discutem sobre habitação e educação, em temas sorteados
O segundo bloco circulou os temas habitação e educação, definidos por sorteio, realizado no momento do debate. O primeiro foi iniciado por Dr. Júnior, que questionou o opositor sobre o projeto 'Aluguel Social', de moradias para famílias em situação de risco.
Mauro disse que a iniciativa teria começado com o Governo Federal e era “de bater palmas”, mas acusou a gestão governista de utilizar o programa “para outros fins”. O candidato criticou mais uma vez a gestão de Acilon, que teria passado 20 anos no poder e construído 300 casas, enquanto o déficit habitacional na cidade seria de 1.200 moradias.
Júnior alegou que a informação estava errada e que se tratavam de 900 casas entregues. Ele prometeu construir 432 outras, em três terrenos concedidos em uma parceria com o Governo Federal. Segundo ele, seriam 850 famílias atendidas pelo programa, que receberiam até meio salário mínimo.
Mauro reforçou a criação do programa pelo Governo Federal, além das acusações de utilização do programa para fins políticos. Ele afirmou que um projeto habitacional precisa ser amplo e conversar com políticas de mobilidade, posto de saúde e comércios. “O cidadão tem que ter um lugar bom para morar. Para que não precise pegar ônibus para ir para um posto de saúde.”
O segundo tema sorteado foi a educação, iniciada por Mauro. Ele questionou a arrecação de Eusébio, alegando ser muito alta para um rendimento baixo na educação. Júnior mencionou “desentendimento e desrespeito” por parte do opositor, citando prêmios que a cidade teria recebido na Educação. O candidato defendeu o empreendedorismo nas escolas e implementação de inclusão digital para alunos e professores.
Mauro atribui o avanço ao Estado do Ceará e citou problemas da cidade. Ele citou publicações do Ideb, nas quais o Eusébio apresentava um índice baixo em idades específicas. Ele ainda disse que as reformas nas escolas não duravam muito tempo, que professores não receberam precatórios e compravam o material por conta própria. Júnior disse que o opositor parecia ter “dislexia” e prometeu expandir o ensino integral, com parcerias com secretarias municipais.
Terceiro bloco: candidatos debatem saúde e Mauro é chamado de "fantoche" de Acilon
O terceiro bloco do debate tratou da saúde. Ambos os candidatos são médicos.Júnior questionou as propostas de Mauro, afirmando ter realizado mais de 8000 cirurgias ao longo da trajetória. O opositor chamou Júnior de “mentiroso” e afirmou que Eusébio enfrenta problemas na saúde, como a falta de médicos nos postos, de exames e demora nas filas. Segundo Mauro, ele próprio teria mais ações na área do que qualquer outro oponente e desafiou: “Deixo de ser candidato se você tiver maior obra social do que este doutor que está presente”.
Júnior disse que a resposta do adversário demonstrava que ele não teria propostas e citou ações como construção de postos de saúde em três localidades, além da utilização da telemedicina. Mauro retomou o período da pandemia e acusou Júnior de ter “sumido”. Ele ainda afirmou ter realizado procedimentos em diversas áreas da saúde.
O opositor ironizou a “atuação ampla” de Mauro, questionando se o Conselho de Medicina teria ciência de um “anestesista” operando em diversas áreas. Júnior ainda disse que Mauro deveria convencer os vereadores aliados o apoiarem, já que muitos estariam “querendo vir” para o lado governista.
A pergunta seguinte circulou espaços de convivência no Eusébio, usando como um gancho uma praça, construída por Dr. Júnior. Mauro respondeu a pergunta citando a praça como uma vitrine, mas que estaria descuidada. Segundo ele, o debate deveria ir além de um simples ponto e tratar de parques e ruas.
Júnior disse que, mais uma vez, o opositor não apresentou propostas e que “não pediu pela definição de espaço público”. Ele prometeu implementar ciclovias e calçadas acessíveis e construir arquibancadas. Mauro rebateu, dizendo que espaços como as lagoas da cidade, existem porque “o povo permitiu” e reivindicou.
Por fim, o debate circulou pequenos negócios. Mauro apresentou o plano de governo de Júnior e questionou o que ele faria com “apenas R$ 45 mil” investidos na área. Júnior disse não ter entendido a pergunta e exaltou a provação de Acilon. Mauro reforçou que o valor seria insuficiente para a capacitação e foi respondido pelo opositor, que disse que o outro acusava sem provas, chamando-o ainda de “fantoche” de Acilon. “Um amor não correspondido”, disse.
Considerações finais
No minuto final, Mauro rebateu a acusação de “fantoche” do ex-prefeito, a quem disse ter sido “pai e avô”, até o momento em que não aceitou as propostas dele. Júnior foi elencado por Mauro como “submisso”. O candidato o acusou de ter desistido da reeleição por pedido do ex-prefeito. “Ele me chamava para pedir favor e ele nunca fez isso com você”, disse, ainda, Mauro.
Júnior usou o tempo para criticar “a falta de ideias” do opositor, frisando, outra vez, que estava honrado de representar o grupo governista. “Gratidão de dar continuidade a uma gestão que mudou para melhor a vida do eusebiense”, afirmou.
Debates realizados pelo O POVO e pela rádio O POVO CBN Cariri
O debate finaliza rodada de confrontos entre candidatos a Prefeituras no Ceará realizados pelo O POVO. Na semana passada, os encontros foram no Cariri, nesta semana, em Fortaleza e Região Metropolitana. Confira abaixo os debates e os participantes, do último realizado ao primeiro.
- Debate de Caucaia: Coronel Aginaldo (PL), Emília Pessoa (PSDB) e Waldemir Catanho (PT).
- Debate de Fortaleza: André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil), Evandro Leitão (PT), José Sarto (PDT), George Lima (Solidariedade) e Técio Nunes (Psol).
- Debate de Juazeiro do Norte: Glêdson Bezerra (Podemos) e Fernando Santana (PT).
- Debate de Crato: André Barreto (PT), Aloisio Brasil (União Brasil) e Lucas Brasil (PSDB).
- Debate de Barbalha: Antonio Neto Sampaio (PSDB) e Guilherme Saraiva (PT).
Foram convidados a participar dos debates os candidatos de partidos, de federações ou de coligações com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares até a data de 20 de julho deste ano.
A regra está prevista no artigo 46 da Lei 9.504/1997 e no parágrafo 6º do artigo 44 da Resolução n. 23.671/21 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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