Fortaleza: Perdeu o debate? Confira pontos do confronto entre os candidatos

Além de acusações mútuas, principais temas foram saúde, segurança e taxa do lixo

22:58 | Ago. 27, 2024

Por: Thays Maria Salles
DA ESQUERDA para direita: José Sarto (PDT), André Fernandes (PL), Técio Nunes (Psol), o mediador Ítalo Coriolano, George Lima (Solidariedade), Evandro Leitão (PT) e Capitão Wagner (União Brasil) (foto: Fco Fontenele)

O POVO realizou nesta terça-feira, 27, debate com os candidatos a prefeito de Fortaleza. Cinco postulantes participaram do encontro realizado em parceira com a seccional cearense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), na sede da entidade, na capital cearense.

Foram convidados a participar do debate apenas os candidatos filiados a partidos políticos com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares - devendo esse número ser alcançado até o dia 20 de julho do ano da eleição -, como prevê a legislação eleitoral, na Resolução TSE 23.610/2019. O mesmo critério foi utilizado pelo O POVO nas eleições de 2022.

São eles: André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil), Evandro Leitão (PT), George Lima (Solidariedade), José Sarto (PDT) e Técio Nunes (Psol).

Tom do debate: acusações entre os candidatos deram tom ao primeiro debate após o início da campanha eleitoral. Além das críticas mútuas, saúde, segurança e taxa do lixo foram os principais temas discutidos no encontro. O embate até começou mirando em um dos líderes das pesquisas de intenções de voto em Fortaleza, o prefeito Sarto. Ao longo debate, ele e Wagner, que assume o topo dos levantamentos, não foram alvos da troca de farpas.

Em dados momentos, os adversários se uniram em prol de inimigos em comum. Wagner e Evandro Leitão (PT), por exemplo, criticaram Sarto por conta da cobrança da Taxa do Lixo. André Fernandes (PL) e Sarto falaram sobre Leitão não ter dado seguimento à CPI do Narcotráfico. Técio Nunes (Psol) e George Lima (Solidariedade) lamentaram terem sido considerados “inexpressivos” por Fernandes.

Assista debate na íntegra:

Primeira rodada: Saúde e “candidatos inexpressivos”

O encontro começou com destaque para a área da saúde. Evandro abriu a discussão, chamando Sarto para o enfrentamento e questionando a “falta de médicos” e a “sobra de filas de consultas”. O prefeito agradeceu a oportunidade de falar sobre o tema e alegou que o governo Elmano de Freitas, apoiador do petista, tem “cancelado cirurgias no Hospital Geral de Fortaleza”.

“O que eu estou fazendo? Eu já entreguei três hospitais: o Gonzaguinha do José Walter, o Frotinha de Messejana e vou entregar o Gonzaguinha de Messejana. Construí 24 novos postos de saúde e estou entregando, pela primeira vez, medicamentos em casa. Nós estamos fazendo aqui a maior revolução na atenção básica da saúde Fortaleza”, afirmou o pedetista.

Ainda sobre Evandro, Sarto disse que o petista “sequer tem cacoete” para chamar correligionários de “companheiros”. O pedetista também criticou a gestão de Wagner em Maracanaú, onde foi secretário municipal de Saúde. Falou que a telemedicina do candidato do União Brasil “é de mentira, de araque”. O ex-deputado, por sua vez, disse que não iria se preocupar com “ataques dos adversários”.

Logo em seguida, George lamentou a postura do prefeito, considerando até o jingle do pedetista “péssimo”. Para ele, Sarto “vem dando mal exemplo”. Antes da primeira rodada terminar, o termo “inexpressivo” ganhou os holofotes do encontro.

Ao ter de escolher alguém para o embate, André Fernandes considerou Técio Nunes e George Lima “puxadinhos do PT”. Eles eram os únicos que restavam para ser questionados. Nesse momento, o candidato do Psol subiu o tom e adjetivou o bolsonarista como “despreparado e displicente”.

“Eu prefiro ser inexpressivo, como ele diz, do que isso, como vocês estão vendo e que vocês acompanham. Um candidato que, até um tempo desse, o grande feito que ele tinha era usar uma gilete para fazer videozinho para YouTube. Aí, agora, com jogada marqueteira fica tentando dizer que isso não é nada demais”, disse Técio, acrescentando que Fernandes só sabia "fazer baixaria e não qualificar o debate”.

Após o comentário, o candidato do PL disse se solidarizar com quem costuma depilar as partes íntimas, pontuando também a comunidade LGBTQIAPN+ “que, por acaso, venha a fazer essa prática”.

Segunda rodada: segurança pública, pedidos de desculpa e direito de resposta

Sarto abriu o segundo bloco colocando a pauta da segurança pública no foco e criticando a gestão petista, com quem é rompido. O prefeito disse que o PT entregou "os presídios para facções" e mencionou episódio no qual um detento sem perna teria conseguido fugir do local.

Ao que Leitão respondeu: "É esse o tipo de candidato, meus caros amigos e amigas fortalezenses, que infelizmente nós temos. Leva você no deboche, por isso põe o óculos, porque não consegue encarar as pessoas. Eu não trato segurança pública de forma irresponsável como o candidato Sarto trata".

Wagner, por sua vez, criticou aliados de Leitão. "Presidente da Assembleia, conseguiu aprovar a criação da taxa do Sol, da taxa do poço profundo, da taxa das Águas do São Francisco, que aumentou a sua conta da Cagece, que aumentou a conta do posto de gasolina, que aumentou o ICMS dos combustíveis".

O petista desmentiu o concorrente e apontou que Wagner “esconde” a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral.

Foi nesta rodada, também, que George e Técio se desculparam por falas alteradas. Antes, eles voltaram a criticar Fernandes. O primeiro chamou o bolsonarista de "facista" e o segundo, de "desequilibrado, arrogante, sem educação e louco". Fernandes ganhou direito de respostas por conta das duas colocações.

Terceira rodada: time do Ceará, CPI do Narcotráfico e crítica a vereador do Psol

O embate deste bloco iniciou com Fernandes acusando Leitão de ter se ausentado da gestão do Ceará Sporting Club em momentos de crise. Leitão, ex-presidente do Alvinegro, se disse orgulhoso pela sua trajetória como dirigente esportivo, mesmo sentimento que nutre pela experiência no Executivo e Legislativo.

Segundo André, o petista "usou o time de trampolim para entrar na política". "Não só fez isso através do futebol, como também foi o culpado de não ter sido criado a CPI do Narcotráfico na Assembleia Legislativa", apontou.

O bloco também pautou a questão climática, tema levantado por Técio. "Fortaleza tem a maior política de sustentabilidade das capitais brasileiras, tanto que nós temos aqui em Fortaleza um vereador monotemático, do Psol, que só trata de Ecologia e não tem uma divergência com relação às políticas públicas que temos investido aqui em Fortaleza", disse Sarto se referindo ao vereador Gabriel Aguiar (Psol).

Quarto bloco: taxa do lixo e hegemonia

Wagner abriu o bloco chamando Sarto de "pai da taxa do lixo". Ele e Leitão prometeram extinguir a cobrança caso eleitos. O prefeito rebateu dando a alcunha ao candidato do União Brasil e chamou o petista de "cobrador de impostos".

Neste bloco, a deputada Luizianne Lins foi lembrada por Técio ao comentar sobre governança popular. "Uma das marcas mais positivas do governo da Luizianne foi o Orçamento Participativo. Nós queremos fazer o orçamento participativo popular impositivo, onde mais de R$ 1 bilhão, no primeiro ano de gestão, seja direcionado para as pessoas decidirem para onde vai".

Acusado de ser "garganta de aluguel do PT", George rechaçou a hegemonia de um partido assumir os governos federal, estadual e municipal.

"Eu respeito muito a candidatura do presidente da Assembleia, Evandro, mas eu não concordo, também, com tudo. Eu não concordo que fique Prefeitura, Estado e Governo Federal na mão de um partido só aliado trabalhando, pensando junto", afirmou.