Juazeiro: Perdeu o debate? Confira pontos do confronto entre os candidatos
Diferentemente de Barbalha e Crato, no município, o PT é oposição e tem a pretensão de desbancar o atual prefeitoO POVO realizou nesta quinta-feira, 22, debate no município de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri e a 507 quilômetros de Fortaleza. Dois candidatos participaram do debate: o atual prefeito, Glêdson Bezerra (Podemos), que tenta reeleição, e o deputado Fernando Santana (PT), que conta com o apoio da cúpula do PT no Estado e arco de aliança com partidos como PSB, MDB e Republicanos.
Já o atual mandatário busca quebrar o histórico da cidade de não reeleger gestores do Poder Executivo municipal. A convenção que confirmou a candidatura foi marcada por um palanque amplo e com ex-adversários que se uniram no campo da oposição ao bloco do governo do Ceará. Ciro Gomes, Roberto Cláudio e André Figueiredo, todos pedetistas, Carmelo Neto (PL) e lideranças do PSDB e do União Brasil estiveram presentes.
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Na outra ponta, está Santana, cuja companheira de chapa é Maricele Macêdo (MDB), esposa do ex-prefeito Raimundo Macêdo e mãe do deputado Davi de Raimundão (MDB). A atração do grupo do ex-prefeito fortaleceu a campanha do petista e evitou que o palanque fosse dividido. Existe outras duas candidaturas em Juazeiro: Lino Alves (PCO) e Sued Carvalho (UP), cujos partidos não cumprem os critérios para garantir presença em debates.
Tom do debate: O confronto abordou diversos temas do Município, como educação, transporte e saúde, mas foi marcado foi alfinetadas e ironias entre os candidatos. Enquanto o petista criticava o prefeito por não ter alinhamento com o Governo do Estado e Federal, o mandatário questionava a influência de Santana dentro da cúpula petista e, diante disso, o que o deputado tinha destinado para Juazeiro.
Não houve registros de ofensas pessoais, mas, de um lado, houve acusações da atualização de “dados fantasiosos”, enquanto, de outro, a sugestão foi que o adversário fazia “promessa falaciosa”.
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Primeiro bloco: Emprego e alinhamento
A produção fez a primeira pergunta para os candidatos voltada para geração de emprego na indústria, com parcela pequena no Produto Interno Bruto (PIB) do Município. O prefeito reconheceu a questão justificando que “assim como do Ceará, se não dizer, do Brasil, vem passando por muitas dificuldades diante da falta de investimentos conjuntos que precisam ser realizados pelo governo federal e pelo governo do estado”.
“E os municípios, diante dessa situação, têm um desafio muito grande pela frente no sentido de oferecer um ambiente de negócio favorável”, apontou. Ele citou programa de capacitação promovido pela prefeitura, a Fábrica de Técnicos. “Nós temos cada vez menos mão de obra qualificada e cada vez mais nós precisamos fazer esse tipo de investimento através do Fabritech”.
Santana usou a fala para criticar o fato de o prefeito fazer oposição ao Governo do Estado. “A fala do candidato me fez uma reflexão, me fez pensar que a falta da parceria do governo federal, do governo do estado com o município atrapalha no ritmo que a prefeitura tem que dar nesse crescimento”, afirmou.
E seguiu, citando parcerias com as gestões petistas. “E é por isso que estou candidato, como deputado estadual já fiz muito, tenho experiência, mas agora são com as parceiras de Lula presidente, Camilo lá no Senado e no Ministério da Educação, na parceria com o governo Lula e do governador Elmano que a gente pode ter um prefeito aqui parceiro deles para fazer com que essa cidade tenha ritmo”.
Pergunta livre: Saúde, dados e fantasias
Foi a vez do assunto saúde, tema que foi apontado pela população na pesquisa AtlasIntel, contratada pelo O POVO, como o maior problema municipal. Santana alfinetou Glêdson lembrando os dois anos que o gestor foi prefeito sendo Jair Bolsonaro (PL) como presidente. O PL de Bolsonaro apoia Glêdson no pleito.
“Eu não consegui fazer algumas coisas que prometi nesses três anos e oito meses porque eu não faço mágica. E que vocês (aliados de Fernando Santana) me entregaram foi um município com R$ 23 milhões de dívida, até a folha de pagamento com atraso”, acusou. E disse que os apoiadores do petista “fecharam equipamentos de saúde”. “O Hospital Maria Amélia, que o senhor fez questão de conceder uma entrevista que eu ia lá reinaugurar só pra fazer foto, eu reabri”, afirmou.
O prefeito citou números e dados sobre a saúde no município, os quais Santana questionou. “Vejam bem os números que o candidato tem apresentado, tem melhorado a vida de vocês?”. E seguiu: “É muito fácil vir para cá apresentar números e a população queixar, a população reclamar, a cidade está em situação de abandono, essa é a realidade de Juazeiro do Norte”.
Veio então uma série de ironias da parte do deputado: “Muitas vezes você está falando assim dos dados e dos números e fico a pensar se você está prefeito de outro município, se não da terra criada pelo Padre Cícero. A reclamação é constante da população em todas as áreas, principalmente na saúde, esses dados que você tem apresentado não tem melhorado a vida da população”.
Glêdson não deixou barato e também disparou alfinetadas. “Quando eu escuto o candidato falar isso só constata que ele não tem o conhecimento do que é a cidade de Juazeiro do Norte, tá na cara”, disse. Finalizando: “Sabe o que é que acontece candidato? As pessoas que te apoiam me entregaram tudo isso fechado, não é negócio deu chegar aqui e dizer que não acontece. Vamos dar uma volta comigo”.
Bloco transporte: VaiVem
Glêdson questionou o fato de o programa VaiVem, que dá passagens de graça para alunos na Região Metropolitana de Fortaleza, não ser também destinado para a região do Cariri. “O senhor é deputado estadual e deveria ter lutado para isso acontecer por ter tanta influência”, disse. O programa é do governo Elmano de Freitas (PT).
O petista respondeu então que, se eleito prefeito, o projeto chegaria ao município. “Por causa da parceria que eu tenho com o governador Elmano de Freitas, você como prefeito não lutou para ter isso em Juazeiro, você como prefeito, na verdade, não lutou para acontecer nada de novo. Eu fico pensando às vezes de se você começou a sua gestão ontem, porque você fica dizendo: 'Eu vou fazer'. E os três anos e meio que você não fez?”.
Santana voltou para o assunto saúde, apesar de o tema ser transporte. Glêdson notou e citou a “fuga”. Ele comentou sobre transporte público e questionou a figura de Santana dentro da cúpula do estado. “O senhor não disse que é ligado ao governo Elmano? Era pra essas cidades terem acesso”, disse. Santana voltou para saúde e afirmou que o prefeito apresenta números “fantasiosos para ver a população entra nessa folia dele”.
Bloco saneamento e recurso do Estado
O petista questionou o prefeito sobre o saneamento e sobre recursos que estariam vindo do Governo do Ceará para realizar obras na área. "Eu tenho andado a cidade, é lama por tudo que é lugar, água jogada por tudo que é canto. Você tem um convênio inclusive com a Cagece que tá fazendo uma obra com um recurso do Governo do Estado para melhorar o saneamento da cidade porque a sua gestão, ao que me consta nada fez, a população está sofrendo muito", disse, acusando haver lixo nas ruas também.
Glêdson, então, rebateu. "O Governo do Estado não tá fazendo saneamento com o dinheiro dele, ele tá fazendo através de um empréstimo realizado, porque a Cagece explora a cidade de Juazeiro do Norte, a palavra é essa: explora", acusou, dizendo ser responsabilidade da estatal. Ele cita, novamente, que Santana é próximo do grupo do Governo do Estado e deveria usar a influência para ajudar. Afirmou haver pessoas de Barbalha na companhia. Santana foi candidato a prefeito do município vizinho em 2016.
"Deveria pelo menos dizer para eles: 'Dá uma forcinha aí para Juazeiro esse esgoto que tá escorrendo em céu aberto aí é de responsabilidade sua, ajuda a gente. Só cobrar não. E quem disser para você eleitor, eleitora, que a responsabilidade por saneamento é do município está mentindo", ressaltou.
Mais uma vez, Santana usou da ironia para responder. "Agora eu me pego a pensar, três anos e meio e agora, às vésperas da eleição, o candidato vem falar isso. Reflitam o que tá acontecendo a prefeitura tem convênio com a Cagece. O prefeito tem que ter coragem, tem que enfrentar os problemas. No bloco anterior, ele me desafiou a andar com ele. Eu quero perguntar, qual o carro que ele vai me levar se é um 4x4, se é um caminhão ou se é um trator que para passar nas urnas de Juazeiro tá complicado", disse.
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