Elmano defende bíblias, mas se coloca contra ensino religioso nas escolas públicas

Projeto assinado pelo deputado Apóstolo Luiz Henrique prevê, além da presença de bíblias em instituições de ensino do Ceará, a inclusão no ensino religioso na grade escolar

Em visita ao O POVO na manhã desta terça-feira, 20, o governador Elmano de Freitas (PT) defendeu o projeto de lei que institui bíblias nas escolas, mas explicou ser contrário ao ensino religioso nas sala de aula de escolas públicas, como prevê o projeto assinado pelo deputado Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos) e com coautoria do deputado Evandro Leitão (PT), candidato à Prefeitura de Fortaleza que conta com o apoio do chefe do Executivo estadual. 

"Eu perguntei ao deputado Apóstolo Luiz Henrique (Rep) sobre um projeto que tivesse Bíblia na escola. Eu sou da tese de que religião deve ser ensinada na família e pela própria religião. Quem quer fazer catequese, no meu caso, que sou católico, eu devo procurar o grupo de catequese da Igreja Católica e fazer o curso. É assim que eu acho que deve ser", destacou.

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O governador explicou ainda que ninguém será obrigado a ler livro religioso algum. "Em escolas particulares, a situação muda, cabendo aos pais matricularem seus filhos nesta ou naquela instituição, caso assim desejem. É uma escolha da família, o que acredito ser democrático", acrescentou.

Para Elmano, não há problema na simples presença de livros religiosos em espaços públicos. "Uma coisa é poder ter um livro religioso na biblioteca da escola. O povo cearense, o povo brasileiro é religioso. Na política, acho que temos que ter consciência de que fazemos parte de um povo. O Estado brasileiro deve ser laico, mas eu tenho que lembrar que sou governador de um estado brasileiro em que 80% do povo é Cristão, então eu tenho que considerar isso na hora de fazer qualquer pensamento. Eu acho que deva ter Bíblia na escola, como eu acho que deva ter no presídio, ou em outros espaços que podemos ter. Isso faz parte da nossa cultura e da nossa formação, e confesso não entender a polêmica em torno disso", defendeu.

Sem proselitismo ou polêmica

Sobre recentes aparições em eventos religiosos, Elmano nega que seja estratégia eleitoral. "Para mim, não há nada de inusitado estar em evento religioso, faz parte da minha vida. Eu estudei, na minha infância inteira, em escola salesiana. A religião faz parte da minha vida, mas isso faz parte da minha vida pessoal, nunca fez parte do meu discurso político", ponderou.

"O que nós estamos garantindo no Estado do Ceará, e eu não consigo entender o questionamento sobre Estado laico ou não, sobre o fato de em uma biblioteca haver livros, e as pessoas só vão (à biblioteca) se quiserem, só leem se quiserem, por decisão própria. Vai ter uma Bíblia, como vai ter um Alcorão, como vai ter uma Torá, ou um livro de José de Alencar, ou de Rachel de Queiróz. As pessoas vão escolher o livro que quiserem", finalizou.

 

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