Chico Malta explica por que PCB e outras candidaturas de esquerda não se uniram

Ele diz que candidatura é legítima e é espaço para dialogar com a população. Além dele, outras candidaturas de partidos da esquerda com menor representação também apresentaram nomes para a disputa em Fortaleza

20:59 | Ago. 19, 2024

Por: Júlia Duarte
Chico Malta é advogado e militante comunista há mais de quatro décadas, sendo esta a segunda vez que ele concorre a um cargo do Executivo (foto: Júlia Duarte/O POVO)

Candidato do PCB à Prefeitura de Fortaleza, Chico Malta defendeu sua postulação e outras do campo da esquerda se que colocaram neste primeiro turno. Para ele, sem inserções nos meios de comunicação, sem participar de debates e sem tempo no horário eleitoral gratuito por não atingirem critérios de representatividade no Congresso Nacional, lançar candidatura é o espaço que os grupos têm para dialogar com a população e mostrar propostas.

“Nós consideramos que é legítimo que os partidos possam apresentar abertamente ao povo, principalmente a classe trabalhadora, o povo da periferia, as propostas que tenham”, avaliou ao O POVO nesta segunda-feira, 19, quando participou de ato político na Praça dos Leões.

O evento marcou o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua , em referência ao “Massacre da Sé”, que aconteceu em 2004. Na época, sete pessoas foram assassinadas e oito ficaram gravemente feridas enquanto dormiam na região da Praça da Sé, em São Paulo.

“Nosso partido é de 102 anos, é um partido ideológico, que tem propostas concretas especialmente na construção do poder popular que representa o carro-chefe da nossa proposta. Isso significa criar instrumentos de organização e de exercício da democracia direta pela população para que ela não seja chamada apenas de dois em dois anos para depositar o seu voto e depois passar quase que um cheque branco para os parlamentares e para os gestores da nossa Capital”, ressaltou.

Propostas

Ele cita medidas para a construção de casas para dar moradia para a população e ajudar a diminuir o déficit habitacional, considerado “tema importante” para o projeto político do partido. “Hoje é um dia muito especial nesse sentido porque completam 20 anos da chacina da Praça da Sé, onde diversos trabalhadores, que dormiam naquela praça por falta de moradia e de opção, foram brutalmente espancados, alguns mortos e outros gravemente feridos. Então essa temática da moradia para nós, ela é muito importante”, avaliou.

Malta cita também medidas nos eixos da cultura, da segurança pública e do emprego e renda. “São propostas que eu percebi que é a única oportunidade, já que nós não somos chamados para os debates, não temos tempo de rádio e televisão. É a possibilidade que nós temos para dialogar com os bairros e mostrar que os comunistas têm proposta para a cidade e para o estado”, frisou.

Ele ressalta que a candidatura do partido busca representar uma parcela específica da população. “A nossa candidatura se apresenta nessa perspectiva como uma candidatura classista, uma candidatura que tem lado, uma candidatura da periferia. Não é uma candidatura que vai representar toda a sociedade, porque os ricos e os poderosos já têm muito, já recebem muito do setor. Nós precisamos dar voz e vez àquelas pessoas que estão lá na periferia”, ressaltou.

"Segundo turno é outra eleição"

Ele cita como candidaturas da esquerda, além da do PCB, Zé Batista (PSTU) e Técio Nunes (Psol) e disse que o mesmo não pode ser dito sobre os nomes de Evandro Leitão (PT) e José Sarto (PDT) por, segundo ele, serem “candidaturas que também representam setores do poder econômico”.

No entanto, define que o segundo turno é “outra eleição” e os partidos vão ter que se reorganizar diante dos candidatos. “Onde todos os partidos irão se reposicionar diante do que aconteceu. Por exemplo, na eleição passada, quando passou para o segundo turno Capitão Wagner e Sarto, o PCB indicou o voto no Sarto mesmo tendo sérias discordâncias, mas para votar contra extrema-direita”, finalizou.