Presidente do PSB diz que Ana Paula não deixa "saudade"; vereadora alega falta de diálogo

Osmar Pontes Sá, presidente municipal do PSB, criticou a postura da vereadora agora sem partido e disse que ela não irá deixar "saudade nenhuma". Entenda

10:00 | Ago. 02, 2024

Por: Júlia Duarte e Guilherme Gonsalves
Vereadora Enfermeira Ana Paula (foto: FERNANDA BARROS)

A vereadora Enfermeira Ana Paula (sem partido) anunciou nessa quinta-feira, 1º, a sua desfiliação do PSB, partido que chegou há quatro meses. Entre os motivos da saída, uma divergência quanto ao cargo de vice na chapa de Evandro Leitão (PT), para a Prefeitura de Fortaleza, já que ela tinha pretensões de ser a indicada para o posto. Nem ela, nem o PSB ficaram com a vaga, a ser preenchida pela deputada estadual Gabriella Aguiar (PSD).

O presidente municipal do PSB de Fortaleza, Osmar de Sá Ponte, criticou a conduta de Ana Paula dentro da sigla e alfinetou que ela sai do partido sem deixar "saudade nenhuma". Ao O POVO, ele afirmou que as desavenças começaram antes mesmo dela chegar ao partido.

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A questão incluiu também o marido da vereadora, Márcio Cruz, que se filiou à sigla socialista e, em poucos dias, saiu para o PCdoB. Segundo Sá, um movimento sem qualquer explicação. Após isso, Ana Paula chega ao partido e já teria se colocado como postulante a vice do PT sem diálogo com Eudoro Santana, presidente estadual da legenda. A conduta foi criticada.

"E a discussão na executiva do partido achou que era uma postura muito complicada dela, porque ela se filiou, levou o marido também junto, depois se desfiliou e, em uma semana, apareceu querendo ser candidata a vice-prefeita", ressaltou.

E seguiu: "O partido achou que ela não merecia confiança porque alguém que entra no partido e logo depois o marido sai, vai pro PCdoB porque lá é mais fácil se eleger, ela cometeu um ato de infidelidade", disse Osmar.

O presidente municipal do PSB, então, explicou que foi comunicado a Ana Paula que o partido não daria apoio a ela para ser vice de Evandro e a vereadora não merecia a "confiança" por não ter mostrado fidelidade. "Não tinha praticamente ninguém dentro do partido lhe apoiando".

"Lamentamos a saída dela, mas, pelo tipo de conduta que ela tinha, não deixa saudade nenhuma", disse Sá Ponte.

"Só Ana Paula lembrou de seu nome"

O dirigente partidário ressaltou as tratativas internas na busca por pensar em um nome para compor a chapa de Evandro. Segundo ele, algumas pessoas de dentro do PSB lembraram do nome da ex-secretária da Cultura, Luísa Cela para ser a vice, embora não fosse um desejo do partido. Apenas Ana Paula se lembrou de seu próprio nome, conta.

"(Ela) achava que ela era merecedora porque é vereadora, mulher, enfermeira e tentou fazer um movimento favorável, que é um movimento legítimo. Agora, diante dessa conduta dela, ela não conseguiu ter o apoio de ninguém na direção do partido", completou.

Vereadora diz que houve pedido para estar disponível

A versão da vereadora é diferente. Ao O POVO, ela afirmou que houve um pedido para "ficar disponível" para as eleições deste ano, "mais especificamente para a vaga de vice-prefeita". "Sendo assim, pedi minha desincompatibilização do Conselho Federal de Enfermagem para atender às demandas do partido e aguardar a decisão. No entanto, a decisão de não sermos vice da chapa não me foi comunicada", ressaltou.

Entre os motivos citados para sua saída, há justamente a falta de diálogo, segundo ela, imposta pelo partido. "Saí do PSB porque não tivemos nenhum tipo de diálogo. O respeito a mim e à minha classe não foi dado em momento algum. Nem reuniões de alinhamento das lutas do partido sobre a saúde eu fui chamada. Então, não vejo motivos para permanecer em um lugar onde a minha fala, que representa a categoria da enfermagem, não é levada em consideração", disse.

"Tentei diálogo com os dirigentes do partido, mas não houve retorno", afirmou. Sem legenda, ela não poderá concorrer nas eleições. A decisão será de apoiar o marido "para continuar minha luta pela valorização da enfermagem". Questionada se iria apoiar Evandro, ela apenas comentou que "candidatura a um cargo majoritário não está nos seus planos agora".

Ainda pelo PDT, ela ficou na suplência de deputada federal e conseguiu exercer o mandato na Câmara Federal por alguns meses. "Pretendo, daqui a dois anos, conquistar a vaga de deputada federal efetiva para ampliar ainda mais a minha atuação em prol da minha classe", afirmou.