Vereadora Ana Paula sai do PSB 4 meses após filiação: "Para que ninguém bote amarras em mim"

Ela migrou para o partido em abril, a pedido de Cid Gomes, e criticou a sigla pela "falta de ética" e "compromisso" com a sua categoria

15:25 | Ago. 01, 2024

Por: Guilherme Gonsalves
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,01.02.2024:Ana Paula, vereadora, durante coletiva no Retorno da Câmara de vereadores. (foto: FÁBIO LIMA )

A vereadora Enfermeira Ana Paula anunciou nesta quinta-feira, 1º, a sua desfiliação do PSB, partido o qual migrou em abril na janela partidária, deixando o PDT. Ela é aliada do senador Cid Gomes (PSB) e foi cotada para ser a vice de Evandro Leitão (PT) na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.

De acordo com interlocutores e fontes ouvidas pelo O POVO, a decisão da vereadora pegou o partido de surpresa, incluindo Cid. Ela não deverá concorrer, mas apoiar o seu marido Márcio Cruz (PCdoB) para vereador.

Ao informar sua saída, Ana Paula apontou falta de ética e compromisso do PSB e "membros do grupo político" com a sua categoria, a enfermagem. A parlamentar também destacou que gosta de ser livre em suas decisões para que "ninguém bote amarras".

"Hoje eu oficializei a minha desfiliação do PSB. Meu principal motivo é o reconhecimento da enfermagem. Eu só posso permanecer nos quadros de um partido que entenda o valor da minha categoria, da minha profissão e o quanto a minha profissão é impactante nas políticas públicas de saúde", diz em vídeo publicado nas redes sociais.

Prosseguiu: "Eu gosto muito de ser livre nas minhas decisões e minhas escolhas para que ninguém bote amarras em mim. Eu sempre colocarei em primeiro lugar a militâncias pela enfermagem e pela saúde. Qualquer um que discrimine a enfermagem não tem o meu respeito e o meu apoio. Esse é o meu motivo de saída dos quadros do PSB. Continuarei nas lutas".

Em nota, Ana Paula disse estar em um misto de tristeza e esperança, além de ter sido uma decisão ponderada cuidadosamente. "Minha desfiliação do PSB acontece pela ausência de diálogo entre os membros do grupo político e discriminação contra a classe da enfermagem", disse.

Ao O POVO, a vereadora afirmou que houve um pedido para "ficar disponível" para as eleições deste ano, "mais especificamente para a vaga de vice-prefeita". "Sendo assim, pedi minha desincompatibilização do Conselho Federal de Enfermagem para atender às demandas do partido e aguardar a decisão. No entanto, a decisão de não sermos vice da chapa não me foi comunicada", ressaltou.

Entre os motivos citados para sua saída, há justamente a falta de diálogo, segundo ela, imposta pelo partido. "Saí do PSB porque não tivemos nenhum tipo de diálogo. O respeito a mim e à minha classe não foi dado em momento algum. Nem reuniões de alinhamento das lutas do partido sobre a saúde eu fui chamada. Então, não vejo motivos para permanecer em um lugar onde a minha fala, que representa a categoria da enfermagem, não é levada em consideração", disse."

Tentei diálogo com os dirigentes do partido, mas não houve retorno", afirmou. Sem legenda, ela não poderá concorrer nas eleições. A decisão será de apoiar o marido"para continuar minha luta pela valorização da enfermagem". Questionada se iria apoiar Evandro, ela apenas comentou que"candidatura a um cargo majoritário não está nos seus planos agora".

A reportagem entrou em contato com o dirigente do PSB, Eudoro Santana, presidente estadual. O senador Cid Gomes também foi procurado por meio de sua assessoria. Em caso de retorno, o texto será atualizado.

Atualizada em 2/8, às 13h50min