Élcio culpa Camilo por rompimento entre PT e PDT: "Estou onde sempre estive"

Vice-prefeito de Fortaleza destacou que não mudou de lado e acusou os ex-aliados de pleitearem o "poder pelo poder"

O vice-prefeito de Fortaleza e candidato à reeleição, Élcio Batista (PSDB), culpou o ex-governador e ministro da Educação, Camilo Santana (PT), pelo fim da aliança entre PT e PDT que rachou o grupo governista que estava à frente do governo do Ceará. Em entrevista à Rádio O POVO CBN, nesta segunda-feira, 29, Batista atribuiu o rompimento a Santana e negou que tenha mudado de lado de lá para cá.

Questionado sobre a relação que se esgotou e como acredita que o eleitor lerá essa movimentação, com a eleição de 2024 se avizinhando, Élcio alegou que o rompimento não foi iniciativa de nomes do seu grupo político, como o prefeito José Sarto, o ex-ministro Ciro Gomes e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio; todos do PDT.

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“Eu não estava lá. Eu estou onde sempre estive. Eu apoiei a eleição e reeleição do Cid; fui secretário-executivo na gestão do Cid. Coordenei o plano de governo do Roberto Cláudio, inclusive com o pai do Camilo, Eudoro. Em 2014 coordenei novamente o plano de governo do Camilo com apoio de RC, Cid e Ciro. Em 2018, mais uma vez coordenei parte da campanha de reeleição do Camilo. Em 2020, fui candidato a vice com apoio do Camilo no 2° turno”, lembrou.

E seguiu: “Então quem mudou de lado? Quem rompeu e propôs não fomos nós, não foi Ciro, não foi Élcio, não foi Sarto, não foi o RC, quem propôs a ruptura foi o Camilo. Quem tem que se explicar é o Camilo, não eu. O lado que estou é exatamente o mesmo e minha diferença em relação ao Camilo, e ao que ele pensa, é de método”, destacou.

Élcio acusou os ex-aliados de pleitearem o “poder pelo poder” e se distanciou da prática. “Eu não trabalho na perspectiva do poder pelo poder. Só continuarei na política até quando eu puder fazer, me dedicar e me entregar. No dia que não tiver essa capacidade, terei a hombridade de sair da política. Eu não preciso do poder pelo poder, quem precisa são eles. Por isso eles mudaram de lado. Essa pergunta tem que ser feita para eles. Quem tem que responder é o Camilo, quem tem que responder é o Eudoro”, reforçou.

Em 2024, PT e PDT vão se enfrentar nas urnas com José Sarto (PDT) e Evandro Leitão (PT) como representantes desses grupos que um dia caminharam juntos, mas romperam. Na disputa-se somam-se ainda nomes da direita, que também se dividiu, como Capitão Wagner (UB), André Fernandes (PL), e Eduardo Girão (Novo).

Fim da aliança PT e PDT

O fim da aliança estadual entre PT e PDT ocorreu na esteira das eleições de 2022 e da escolha do nome que disputaria a sucessão da gestão petista. A ala petista e de parte do PDT defendeu o nome de Izolda Cela, à época vice-governadora filiada ao PDT. Já o grupo de Ciro Gomes defendia o ex-prefeito Roberto Cláudio, que acabou sendo escolhido no fim.

À época, o PT Ceará responsabilizou o PDT pelo rompimento da aliança estadual. Em julho de 2022, petistas aprovaram resolução que oficializava o entendimento. O texto fala que a decisão de lançar Roberto Cláudio como candidato a governador, pela forma como se deu, representou "rompimento tácito e unilateral da aliança até então estabelecida".

A resolução era dura e direta: "Prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só", dizia o partido à época, acusando o PDT de se fechar em copas e tratar todas as tentativas de diálogo prévio à sua escolha como "intromissão indevida".

Dias depois, o PT lançou o próprio candidato a governador, o então deputado estadual Elmano de Freitas. Na eleição de outubro, Elmano venceu em primeiro turno com 54% dos votos e o apoio de Camilo e do, hoje, presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Entrevista

Durante a entrevista à Rádio O POVO CBN, Élcio também exaltou o trabalho da gestão do prefeito Sarto e respondeu perguntas sobre a hesitação nos bastidores, em torno da confirmação de seu nome como candidato a vice na chapa.

"Existe o tempo da politica e o tempo das pessoas. O tempo da política é aquele que combina pessoas, instituições e interesses. Você tem que respeitar esse tempo. Nós que participamos da vida pública temos que trabalhar o tempo da política e não o das pessoas. O Sarto fez aquilo que é de responsabilidade do prefeito, administrar e focar na cidade. Se organizar para as eleições e foi deixando que o tempo da política acontecesse. Quando chegou o momento certo foi tomada a decisão", explicou.

Élcio disse que não houve pressa para a definição e reforçou a importância de tomar decisões com tranquilidade e levando o contexto em consideração. "O tempo das pessoas gera muita ansiedade, disse me disse, fofoca, que é parte da vida política na democracia. Costumo comparar as eleições com uma novela. Na novela, a cada capitulo as pessoas vão conversando com seus amigos, familiares. Na política é a mesma coisa, as pessoas vão conversando a partir do que está acontecendo, das falas. Vem um interesse daqui, outro dali", comparou, alegando que isso é "bom para a democracia, porque engaja".

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