Sem o filho na disputa, ex-opositor não lança candidato e abre portas de casa para apoiar Pessoa
Evento reuniu ex-adversários e ex-prefeitos, além de parlamentares e pré-candidatosEm Maracanaú, o vereador e ex-prefeito Júlio César (PSD) abriu as portas da própria casa nessa sexta-feira, 26, para receber outros ex-chefes do Executivo municipal em prol de uma união em torno da pré-candidatura à reeleição de Roberto Pessoa (União Brasil). A aliança ocorre após o filho do parlamentar, deputado estadual Júlio César Filho, o Julinho, ser barrado pelo PT de lançar candidatura própria no município.
Júlio César e Roberto Pessoa já foram adversários. O segundo sucedeu o primeiro. Desde então, o grupo político de Pessoa comanda o município há quase 20 anos. No entorno de César, que preside o PSD de Maracanaú, também havia a pré-candidatura de Bruno da Madeireira, que foi impedido de postular após decisão do partido em apoiar a reeleição do prefeito.
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O primeiro a chegar no evento foi o presidente do PSD Fortaleza e um dos principais articuladores da sigla no Estado, deputado federal Luiz Gastão. Ao O POVO, o dirigente partidário comentou que, em Maracanaú, ele foi votado pela parceira que estabeleceu com Julinho.
“Eu e ele fizemos parceria em Maracanaú. Nós estamos aqui hoje concretizando a união de duas pessoas: o Júlio pai com o Roberto Pessoa, reconhecendo a gestão que está sendo feita, e de que hoje o melhor candidato seria ele. O Bruno é quadro nosso, pleiteava a candidatura agora, mas nós achamos que poderá pleitear em outro momento”, disse Gastão.
Em conversa com O POVO, Júlio César, o pai, comentou que a situação se dá, “primeiro, tendo em vista a impossibilidade de Julinho ser candidato pelo PT neste pleito”, após o PT Nacional homologar apoio a Pessoa. “Como aconteceu essa situação, o PSD já vinha trabalhando o nome do Julinho e, agora, nós fomos convidados por Roberto Pessoa a fazer uma união pelo Maracanaú”.
Quanto à postulação de Madeireira, o dirigente municipal explicou que o nome não tinha apoio dentro do partido. “Infelizmente, nesse momento, ele não encontrou apoio político, tendo em vista que os pré-candidatos a vereador do PSD não apoiam o Bruno. Eles apoiariam o Julinho. Então, dentro do partido, ele estava praticamente isolado”, afirmou, acrescentando que a decisão foi dialogada com Gastão e com Domingos Filho, presidente do PSD Ceará.
Bruno da Madeireira, por sua vez, chegou a criticar a decisão do partido e acusou o prefeito de usar “da força política para eliminar opositores.” Julinho rechaça a interpretação, pontuando que Bruno "não conseguiu se articular nem dentro do próprio partido". "Acho que não foi manobra, acho que Roberto Pessoa tem muitos aliados supra partidariamente e usou esses aliados para conseguir apoio à sua pré-candidatura e isso é legítimo".
Para o deputado, "a política de Maracanaú dá exemplo para os outros municípios cearenses de como é uma política sadia" ao conseguir estabelecer união entre ex-adversários e ex-prefeitos do município. Julinho também contou que pretende lançar candidatura própria “mais na frente”, quando Pessoa, se eleito, não poderá concorrer. Além disso, acrescentou que seu papel neste apoio é, também, de cobrar.
“Foi possível, agora, reunir todos os ex-prefeitos em torno de uma candidatura só. Veja como é uma aliança ampla. Tudo em prol do desenvolvimento de Maracanaú para que a gente possa, unidos, colocar recursos, defender projetos e, principalmente, dialogar com a população”, disse Julinho.
Questionado sobre a união com ex-adversários e ex-gestores, Roberto Pessoa cravou: “Não existe o outro lado, existe o lado do povo, o lado da democracia, o lado do bem-estar do Maracanaú”. Sobre o vice na formação de chapa, ele desconversou. “Não [vou anunciar hoje]. É o Padre Cícero que vai anunciar. Todos [os nomes] são do coração e são competentes”, encerrou o prefeito.