Ciro Gomes aderiu ao bolsonarismo? Entenda postura antipetista do ex-governador

Imagens do ex-presidenciável em palanque com deputado bolsonarista têm gerado críticas a Ciro por um possível alinhamento ao ex-presidente

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) virou destaque no último fim de semana por dividir palanque e participar de atos políticos com lideranças de outros campos distintos do seu, inclusive com o deputado estadual Carmelo Neto (PL), bolsonarista raiz.

Imagens do ex-governador do Ceará repercutiram associando ele como um possível aliado de figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas, na verdade, a postura de Ciro é mais anti-PT do que favorável ao bolsonarismo. Numa versão de “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”.

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Camilo, o inimigo em comum

Ciro participou de ato no Crato em apoio ao pré-candidato do União Brasil, Dr. Aloísio Brasil, e em Juazeiro do Norte, durante convenção de Gledson Bezerra (Podemos), nomes que estarão enfrentando postulantes petistas e não são classificados como bolsonaristas.

No Crato, o pré-candidato do PT será André Barreto, e na terra do Padre Cícero, será o deputado estadual Fernando Santana, também do PT. Ambos são aliados da gestão estadual e do hoje o maior adversário político de Ciro, o ministro Camilo Santana (PT), da Educação.

Em seus discursos, o pedetista reiterou falas e críticas à gestão estadual, o que vem chamando de “ditadura em construção”, além de afirmar haver corrupção. “O Ceará está sendo destruído pela incompetência, pela corrupção, pelo mandonismo, há uma ditadura tentando ser construída, tirando inclusive do povo o direito de escolher suas alternativas (...) e sei que o Cariri vai se levantar contra isso”, disse.

A região do Cariri é o principal polo de forças de Camilo, de onde o ministro é natural, e também de expectativas do PT nas eleições municipais.

No caso de Juazeiro do Norte, mesmo sem segundo turno, os pré-candidatos polarizaram e monopolizaram as alianças. De um lado, o atual prefeito Glêdson conta com o apoio do PL, PDT, União Brasil, PSDB e Novo, partidos de oposição ao PT no Ceará. Já Fernando Santana, pré-candidato petista e próximo de Camilo, também aglutinou múltiplas forças, com o MDB, Republicanos, PSB e PCdoB.

O PL, por ser o partido de Bolsonaro e natural oposição ao PT no Ceará, encontra congruência com Ciro Gomes e o PDT contra candidatos ligados principalmente a Camilo. Por serem município de um turno só, os partidos se aliam contra o inimigo em comum, o PT.

Apoio em comum de antigos desafetos

No Crato, além de estar no mesmo palanque de Carmelo, presidente estadual do PL, Ciro Gomes também dividiu o espaço com um desafeto de mais de uma década, Roberto Pessoa (União), prefeito do município de Maracanaú.

Ambos sempre trocaram acusações e xingamentos. Em 2010, após um debate entre candidatos a governador do Ceará, Ciro chegou a chamar Pessoa de "bandido" e "vagabundo", que respondeu na mesma moeda, o chamando de "ladrão". O início da confusão teria se iniciado após Ciro ter puxado o nariz de Roberto, que revidou pisando no pé do adversário.

Entre outros embates, Pessoa chegou a recomendar que o ex-governador procurasse "os serviços do Caps" para tratar supostos problemas psiquiátricos. No Crato, eles chegaram a se cumprimentar de forma rápida. 

O prefeito de Maracanaú é do União Brasil, partido presidido por Capitão Wagner, pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, que também apoia os mesmo candidatos no Crato e Juazeiro do Norte, porém não deve dividir o mesmo palanque do que Ciro.

Embora estejam juntos pelo mesmo candidato, Wagner afirmou que não deverá dividir o palanque e nem se encontrar com o ex-ministro, uma vez que focará em sua campanha na capital cearense. Ciro já foi condenado a pagar R$ 40 mil ao Capitão por danos morais após falas como "miliciano" e "canalha".

PDT de Ciro entrou com ação que tornou Bolsonaro inelegível

Apesar dos gestos de aproximação, Ciro é crítico de Jair Bolsonaro (PL). Foi o partido de Ciro Gomes, o PDT, que entrou com uma ação na Justiça Eleitoral que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou formou maioria de 5 a 2 por vídeos do ex-presidente em canais oficiais uma reunião com embaixadores onde ele ataca o sistema eleitoral, mesmo sem provas.

"Fez-se justiça! Quando nós do PDT pedimos providências ao TSE , queríamos proteger a democracia e punir o abuso de poder político praticado por Bolsonaro. Bolsonaro inelegível por império da lei", comemorou Ciro.

Em relação a casos que envolvem o ex-presidente sobre suposta trama de golpe de Estado, o ex-governador do Ceará foi categórico a dizer que Bolsonaro é um "criminoso perigoso", embora tenha feito críticas a condução do Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes.

"Para mim não resta a menor dúvida que o Bolsonaro é um criminoso perigoso, né que tem que ser punido com a severidade da Lei. Porém eu acho que, seja porque todos os brasileiros bandidos ou não tem direito a isso fundado na Constituição, seja porque no caso dele você tem um componente político passional, o judiciário deve evitar tão de qualquer Providência precária monocrática, sabe assegurar ele há mais ampla, amplíssima redundante ampla defesa, formular provas contundentes", disse ao O POVO em março.

Ciro tem o PT como alvo das críticas

Porém, o alinhamento da imagem do ex-ministro a Bolsonaro também ocorre em paralelo a Ciro ter o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antes seu aliado, como o principal alvo de suas críticas.

Desde o distanciamento nas eleições em 2018 e com maior força em 2022, Ciro Gomes adotou um tom mais duro ao petista. No segundo turno do último pleito presidencial, o pedetista manteve-se em silêncio e fez uma manifestação tímida de apoio ao PT, mas sem sequer citar Lula.

Mesmo após as eleições, Ciro continuou suas críticas ao presidente e menos a Bolsonaro, inclusive afirmando que o ex-presidente não oferecia “risco à democracia” antes das eleições e com tratativas de golpe de Estado, ele se manteve mais cometido.

No Ceará, as eleições em 2022 marcaram um rompimento de Ciro com o seu irmão, o senador Cid Gomes (PSB) e Camilo Santana. Desde então, o ex-governador tenta se manter como a maior oposição do hoje ministro, mesmo ele sem vislumbrar um cargo.

Com o racha entre PDT e PT, a sigla brizolista se coloca como oposição na maioria dos municípios do Ceará, principalmente em Fortaleza, onde os pré-candidatos José Sarto (PDT) e Evandro Leitão (PT) travam trocas de críticas.

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