Dra. Silvana diz que Capitão Wagner é de esquerda e seria fraqueza PL retirar André Fernandes

Ela reclamou ainda de Carmelo Neto ter dividido paanque com Ciro Gomes e Roberto Pessoa, adversário dela em Maracanaú. Lideranças participaram do programa Debates do POVO

23:36 | Jul. 23, 2024

Por: Thays Maria Salles
Flávio Torres, Henrique Araújo, Cleyton Monte e Dra. Silvana no Debates do POVO (foto: Reprodução/YouTube/O POVO)

Convidados do programa Debates do POVO da Rádio O POVO CBN, nesta terça-feira, 23, a líder do PL na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e o presidente da comissão provisória do PDT Ceará discutiram sobre recente aproximação em evento partidário com lideranças de cada partido na Região do Cariri.

De um lado, a deputada estadual Dra. Silvana desabafou não ter gostado da presença do colega de bancada e dirigente partidário Carmelo Neto (PL) no mesmo palanque do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) durante convenção partidária que oficializou o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) como candidato à reeleição em Juazeiro do Norte. Do outro lado, o ex-senador Flávio Torres ponderou que o PDT está, ideologicamente, "há léguas de distância" do PL, mas isso não impede o diálogo entre as siglas.

Conduzido pelo jornalista e colunista do O POVO, Henrique Araújo, o tema do programa foi "Ciro Gomes se alia a bolsonaristas contra Camilo no Ceará". O episódio está disponível na íntegra no YouTube do O POVO e contou com a participação do cientista político e colunista do O POVO, Cleyton Monte.

Dra. Silvana

A deputada é pré-candidata do PL à Prefeitura de Maracanaú, onde Roberto Pessoa (União Brasil) tenta a reeleição. Ele esteve no último fim de semana no Cariri e dividiu palco com Carmelo e com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

"Existe uma polarização clara. Eu não fui para o Juazeiro [do Norte] e nem para o Crato. Eu não gostei do Carmelo ter ido, [mas] eu perdoei. Ele é o presidente do partido. Então, naquele momento ele julgou que precisava ir, mas eu telefonei [para ele]. O eleitor de direita replica. Então, o Carmelo precisou vir a pública se justificar. Eu aceitei a justificativa dele", contou Dra Silvana.

Apesar de Fortaleza ter três postulações alinhadas à direita, a líder do PL avaliou que a única que atende o eleitorado desse espectro é a pré-candidatura do correligionário André Fernandes (PL). Sem mencionar a o nome do senador Eduardo Girão (Novo), Silvana colocou Capitão Wagner (União Brasil) como uma opção de esquerda.

"Para mim, Evandro Leitão, Sarto, Capitão Wagner, são todos linhas de esquerda", iniciou. "Capitão Wagner, inclusive, fiquei muito decepcionada naquela eleição que ele tentou esconder a figura do [então] presidente Bolsonaro. O pior lugar que você pode ficar é em cima do muro. Eu prefiro dizer que nós temos um caminho à direita e três, quatro ou cinco opções à esquerda", considerou, acrescentou ser necessário retratação de Wagner a Bolsonaro e às lideranças que o apoiaram no pleito de 2022.

Questionada se o PL deve retirar postulação para apoiar o União Brasil em Fortaleza, ela acrescentou: "Eu não aceito desistência do André, acho que seria uma fraqueza muito grande do nosso partido. O PL não pode recuar".

Flávio Torres

Quanto à aparição de Ciro Gomes no mesmo palanque que Carmelo Neto e o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União Brasil), Flávio Torres foi cauteloso. Ele defendeu que o cenário se trata de questões locais e não ideológicas. "A política quando chega no município, a ideologia perde um pouco a sua cor e ela é movida por questões locais", iniciou.

"Vamos colocar essa bola no seu devido lugar. Não houve nenhum processo de aproximação. Nós estamos [há] léguas do PL do ponto de vista programático, do ponto de vista da prática. Eu não me veria apoiando um candidato do PL, mas não impede de que eu converse com o PL, que eu suba no palanque com alguém do PL. Isso não contamina. Eu saio de lá como eu subi. Eu subi pedetista e saio de lá pedetista. Ele, provavelmente, sai bolsonarista", ponderou o ex-senador.

Em dado momento, Torres explicou que “não existe ala cirista do PDT”, mas que “o PDT é cirista”. “O Ciro é a maior liderança que tem o PDT do Estado do Ceará e eu não conheço uma pessoa que chega aos pés do Ciro quando ele vai falar sobre o Brasil. Infelizmente, eleição é outra coisa. Você é atropelado por circunstâncias, por fases anteriores”.

Perguntando sobre a possibilidade de Ciro ter papel ativo na campanha de reeleição do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), o dirigente partidário contou que o correligionário já "está tendo" participação. Torres pontuou, ainda, que a polarização “empobrece a política”.

"Não pode enquadrar em dois blocos: preto e branco. Tem o cinza", iniciou. "Eu espero que a gente supere essa fase, acho que o Brasil melhoraria muito na hora que a gente não tivesse essa bipolarização única".