PT decide apoiar oposição em Aracati e Bismarck reage: "Esquerda de araque"
O partido apoiou o atual prefeito em 2016 e em 2020, compondo a chapa com a vice-prefeita Denise Menezes. Ela já fez boletim de ocorrência contra Guilherme Bismarck, filho do prefeito e deputado em exercício, que a acusou de homofobiaO PT de Aracati decidiu retirar a pré-candidatura da vice-prefeita Denise Menezes e apoiar o ex-vereador Caetano Neto (Republicanos) contra a candidatura do grupo do atual prefeito Bismarck Maia (Podemos), atualmente no segundo mandato.
O diretório petista no Município fez duras declarações ao gestor, citando “modelo patrimonialista de uma oligarquia familiar”, e defendeu fazer parte de uma frente ampla. O prefeito devolveu as críticas.
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Um dos questionamentos é por Caetano ter sido filiado ao União Brasil, adversário do PT no Ceará. Ele também recebia apoio de Capitão Wagner (União Brasil), opositor do governismo estadual e federal. A família Bismarck é aliada do governo Elmano de Freitas (PT).
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Não só Bismarck é criticado pelo bloco petista como o filho, o deputado estadual em exercício Guilherme Bismarck (PDT), é citado em acusações de “falta de respeito e gratidão” ao PT. Os dois são mencionados como “gabinete do ódio”.
“Fato público e testemunhado por toda população aracatiense; a cruzada de perseguições revanchistas patrocinadas reiteradamente pelo prefeito de Aracati e seu filho, suplente de deputado estadual. Através do gabinete do ódio contra lideranças locais do PT em Aracati, inclusive de ações judiciais”, escreve a decisão do diretório que anunciou o apoio a Caetano.
A sigla diz que a posição compõe uma frente ampla em Aracati e “que todos os partidos que compõem essa articulação estão na base do governo Lula e, majoritariamente, também são base de apoio do governo Elmano aqui no Ceará”. São citados Republicanos, Progressistas e União Brasil.
“Considerando, portanto, que é central fortalecer, no contexto do município, a estratégia vitoriosa de frente ampla e coalizão, conduzidas por Lula no plano nacional e igualmente reproduzida no Ceará pelo min. Camilo, gov. Elmano, dep. José Airton e dep. José Guimarães, líder do governo na Câmara, firmando um pacto democrático pelo nosso Aracati, Ceará e Brasil.”
Prefeito de Aracati rebate críticas
O prefeito comentou que a movimentação do PT “fecha de vez” o quadro político da oposição. Ele disse que a sigla tinha sido beneficiada direta ou indiretamente pelo deputado Eduardo Bismarck (PDT), cassado neste mês pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pai do parlamentar, o prefeito, ao lado do filho mais novo, Guilherme Bismarck, afirmou em vídeo haver notícias de comemorações do lado da oposição pelo processo que pode tirar o mandato de Eduardo, o que agrava ainda mais a distância entre os grupos.
“Estamos entrando em período eleitoral, e esta semana fechou de vez o quadro político da oposição. O apoio do PT ao candidato de oposição, candidato que nunca deu um dia de trabalho a ninguém, candidato que quem manda é o pai e o avô”, disse.
Caetano é neto do ex-prefeito do município, Expedito Ferreira, eleito em 2004 e em 2008, este último ano em que derrotou um candidato do PT. O pai de Caetano, Júnior Guedes, foi prefeito de Fortim.
“Esse pessoal todo que se juntou, nunca se ouviu nem uma palavra, muitos foram ajudados direta ou indiretamente pelas circunstâncias de ter um deputado federal como o Eduardo ou (foram ajudados) pelo Eduardo. O povo nos deu a reeleição, a mim e a vice em 2020. Todos os outros eu conheço um por um e não saiu uma palavra de solidariedade ao povo de Aracati (pela cassação do Eduardo)", acrescentou o prefeito.
E seguiu: “Agora que eles se juntaram todos, como eu digo, a esquerda de araque, a esquerda que abraça homofóbico, que abraça uma direita corrupta como se nada tivesse acontecido”.
Entenda relação de Bismarck com o PT
Bismarck foi eleito tanto em 2016 como em 2020 com o apoio do PT, que ocupava a vice-prefeitura com Denise Menezes. Segundo o PT, a saída da gestão, em 2021, aconteceu pelo modus operadi da administração de praticar "monopólio absoluto dos espaços de representação política, como sendo uma reversa destinada apenas aos parentes ou amigos chegados".
No ano seguinte, a tensão ganhou novos contornos após a vice-prefeita anunciar que iria se candidatar ao cargo de deputada estadual, movimento tido para o grupo de Bismarck como para "atrapalhar" a candidatura do filho dele e então chefe da Casa Civil em Aracati.
O relacionamento piorou depois que Denise registrou um boletim de ocorrência contra Guilherme após ser xingada por ele.
O secretário, no entanto, acusou a petista de ter sido homofóbica e disse que, ao longo da gestão do pai, manteve uma relação de carinho com Denise, mas acusou a vice de agir com “interesses pessoais”.
“Por cinco anos como chefe da Casa Civil de Aracati, mantive uma relação de verdadeiro carinho pela Denise, mesmo encontrando com ela somente às sextas-feiras. Se em ocasiões não pude lhe atender em reivindicações, foi apenas baseado na orientação de priorizar os mais humildes e não os interesses pessoais, no respeito ao patrimônio público, à moral e ao dinheiro do povo”, afirmou por meio de nota, na época.