Evandro diz que Sarto transferiu responsabilidade no caso IJF: "Para isso ele é célere"

Pré-candidato do PT alegou que "incompetência administrativa" do caso IJF seria da Prefeitura. Ele ainda acrescentou que, caso assuma o Executivo, não "fará isso" e "assumirá as responsabilidades"

13:30 | Mai. 09, 2024

Por: Ludmyla Barros
Pré-candidato a prefeito Evandro Leitão na rádio O POVO CBN (foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)

No âmbito das discussões sobre a segurança pública de Fortaleza neste ano eleitoral, o pré-candidato à Prefeitura, Evandro Leitão (PT), criticou o posicionamento do prefeito José Sarto (PDT) no caso do assassinato ocorrido no Instituto José Frota (IJF).

Evandro alegou que Sarto correu para “transferir a responsabilidade” ao Governo do Estado, de uma “incompetência administrativa” que seria da Prefeitura. Ele ainda acrescentou que, caso assuma o Executivo, não “fará isso” e “assumirá as responsabilidades”.

“Agora há pouco, tivemos um caso infelizmente trágico na capital. Uma pessoa entrou no equipamento municipal, o IJF, e o prefeito veio logo, de forma muito imediata — aliás, para isso ele é muito imediato, muito célere —, para tomar esse tipo de decisão. Ele foi imediatamente para as redes sociais transferir a responsabilidade para o Governo do Estado”, disse nesta quinta-feira, 9, na Rádio O POVO CBN, em meio a uma série de entrevistas com pré-candidatos ao pleito municipal de Fortaleza.

“Ora, em um equipamento municipal, um equipamento seu [da Prefeitura], onde houve uma clara falta de controle, uma incompetência administrativa que aconteceu. [...] Eu não irei fazer isso, irei assumir as minhas responsabilidades”, acrescentou.

Sobre propostas de segurança pública, Evandro disse que priorizará a ocupação dos espaços públicos pela guarda municipal e criação de oportunidades para os jovens, por meio de uma “cultura da paz”.

Evandro crítica desalinhamento da Prefeitura com o Governo do Estado

Evandro seguiu, comentando sobre ações em uma eventual gestão. Ele frisou repetidamente que manterá “diálogo de forma integrada” com os sistemas, citando o Governo do Estado e órgãos federais como a Polícia Federal.

Esse ponto vai ao encontro de declarações anterioes do petista e apoiadores, com argumentos de que um gestor alinhado ao Estado seria benéfico para todos. Já a oposição, incluindo o próprio Sarto, vai na linha de que “hegemonia não é boa para nenhum dos lados”.

Sobre um desalinhamento atual, Evandro criticou o anúncio da transferência do Mercado da Aerolândia e a situação na Av. Osório de Paiva como “claros exemplos”. Hoje, a avenida conta com dois limites de velocidade diferentes: no pedaço municipal, o limite de velocidade é de 50 km/h; na parte estadual, passa a 60 km/h.

“Não se conversa, não se dialoga, a população está sempre em segundo ou terceiro plano eu enquanto prefeito vou dialogar com todos, situação, oposição. Construir políticas coletivamente. Não vou chegar no mercado da Aerolândia, dizer que vou fechar e dias depois ter que voltar atrás”, afirmou. 

Evandro, no entanto, não citou um posicionamento sobre os limites de velocidade, afirmando que iria “estudar para tomar a decisão”. “Mas é o retrato da falta de diálogo”, disse, mais uma vez.

Em outra ocasião de críticas de Evandro sobre desalinhamento de Sarto, o prefeito chegou a rebater afirmando que “alinhamento bom é o que eu aprendi desde pequeno: ter a casa arrumada e as contas em dia". "É como funciona a Prefeitura de Fortaleza. O contrário do Governo do Estado e do Ministério da Educação, que devem a fornecedores e atrasam pagamento até de transporte escolar”, disse o prefeito, acrescentando a hashtag: "#vaiverseeutonaesquinaleitao".

Eleições em Fortaleza: Sarto e Evandro monopolizam alianças

As críticas de Evandro a Sarto, e vice-versa, estão mais contantes e vêm em um cenário intenso na disputa eleitoral. Além de integrarem chapas opostas, os dois estão inseridos em um contexto de rivalidade do PT e do PDT em relação aos apoios à Prefeitura de Fortaleza. Até 2022, os dois partidos eram alinhados no Ceará. Evandro, inclusive, era filiado ao PDT, antes de migrar para o PT.

Hoje, as siglas monopolizam de forma quase absoluta as alianças pela Prefeitura de Fortaleza. Com a força da máquina municipal, de um lado, e do Governo do Estado, do outro, quase não deixam espaços para as outras candidaturas conseguirem coligações, nem mesmo a líder nas pesquisas, de Capitão Wagner, do União Brasil.

Em Fortaleza, o PT nunca apoiou a gestão pedetista, mas o rompimento tirou da base do prefeito José Sarto alguns dos principais aliados, como PSD, PSB e Progressistas.

Pouco antes do fim da janela partidária, os principais líderes do bloco da Prefeitura se reuniram com os dirigentes de nove partidos aliados: Agir, Avante, Cidadania, DC, Mobiliza, PSDB, PRTB, PMB e PRD.