Sarto diz que governo Elmano trata Prefeitura de Fortaleza como "rival"
Prefeito de Fortaleza afirmou ainda que hegemonia do PT criaria ambiente de insensibilidade aos problemas reais da população. Disse que Capital viveu um dos momentos mais prósperos com Juraci prefeito e Tasso governador. Como exemplo de que eleitorado fortalezense surpreende, citou Maria Luiza Fontenele e Luizianne Lins
17:16 | Abr. 15, 2024
O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT) classificou ao O POVO como "triplex" a eventual eleição do PT para a Prefeitura de Fortaleza, que se somaria aos governos petistas no Ceará e no plano federal. Para ele, é equivocada a lógica segundo a qual Fortaleza estaria três — ou quatro, a contar com Camilo Santana no Ministério da Educação — vezes mais fortalecida com o controle da Presidência, do Governo do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza nas mãos de um único partido e grupo político.
"Essa lógica não tem sido razoável para Fortaleza. Veja que um dos períodos mais prósperos foi quando Juraci estava no governo (municipal) e o Tasso estava do outro lado. Esse triplex não é bom para ninguém, nem para os próprios donos dele", disse Sarto ao O POVO, conforme quem o "poder absoluto" de um partido faz com que se perca a sensibilidade para as questões que afetam o cotidiano das pessoas.
Antes, Sarto concedeu entrevista à rádio O POVO CBN, na qual afirmou que Fortaleza não pode ser "uma subsecretaria" do Estado.
"Fortaleza não se enquadra nos padrões normais de comportamento político que grupos hegemônicos por ventura queiram estabelecer. Fortaleza não é uma subsecretaria do Estado. Fortaleza é uma cidade que pensa por si", afirmou.
Depois da entrevista, o prefeito esbarrou com o novo diretor-presidente da Enel Ceará, José Nunes de Almeida Neto, que entrava no estúdio da rádio para ser entrevistado. Sarto disse ao executivo que Fortaleza aguarda ansiosa melhores resultados na prestação do serviço.
Ele então foi abordado por jornalistas do O POVO nos corredores da rádio. Um círculo se formou em volta do prefeito, acompanhado de duas assessoras. Ao O POVO, Sarto afirmou que Fortaleza está sendo tratada como "rival" do governador Elmano de Freitas (PT).
Salientou que a analogia do triplex não se tratava de trocadilho com o motivo da prisão do presidente Luiz inácio Lula da Silva (PT), em 2018, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso de um apartamento de três andares no Guarujá, litoral de São Paulo.
A condenação que levou Lula à prisão foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou o juiz Sergio Moro parcial para julgar as ações. Antes, o ministro Edson Fachin havia decidido que o foro competente para julgar os assuntos envolvendo Lula não era Justiça Federal do Paraná, mas a do Distrito Federal.
"Fortaleza elegeu Maria Luiza pós-redemocratização. Como contraponto, elegeu a Luizianne Lins, quando o próprio partido dela era contra, estavam apoiando Inácio Arruda. Eu compreendo que essa hegemonia, esse poder absoluto, não é bom para ninguém", adicionou Sarto. Questionado sobre como está a relação institucional entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Ceará, foi sucinto na resposta: "Não está".
Sobre o grupo de trabalho criado entre Estado e Município, ele resumiu: "Teve uma reunião e parou".
Confira um trecho da conversa:
Sarto diz que governo Elmano trata Fortaleza como "rival": "O prefeito José Sarto está com o povo e Deus"
O POVO: Por quais razões?
Sarto: Pergunte ao governador.
O POVO: Foi criado aquele grupo de trabalho, né?
Sarto: Teve uma reunião e parou.
O POVO: O senhor diria que o município de Fortaleza está sendo boicotado?
Sarto: O município de Fortaleza está sendo tratado não como a capital do Estado do Ceará, mas como um rival. Pela primeira vez em Fortaleza nós temos remédio em casa, passe livre estudantil, mas temos pela primeira vez em Fortaleza a Prefeitura sem nenhuma pactuação institucional com o Estado e União. Roberto Cláudio, que para mim foi o maior prefeito da história de Fortaleza, teve seis anos de parceria com governo do Estado e União ajudando. A ex-prefeita Luizianne Lins teve oito anos sendo ajudada pelo governo do Estado, Cid Gomes, e pelo Governo Federal, Lula e Dilma. O prefeito José Sarto está com o povo e Deus.
Colaboraram Yuri Gomes e Érico Firmo