Papa Francisco e a paixão pelo futebol: uma vida ligada ao San Lorenzo

Pontífice defende que o esporte é um "instrumento de paz" e sempre costumou receber camisas de clubes do mundo todo, seja de dirigentes ou de fiéis apaixonados

12:01 | Abr. 22, 2025

Por: Marcelo Bloc
Francisco nunca escondeu a paixão pelo San Lorenzo (foto: Reprodução)

A relação entre o Papa Francisco e o futebol sempre foi profunda e remonta a muito antes de seu papado. Ainda como Jorge Mario Bergoglio, ele vibrava com os jogos do San Lorenzo de Almagro, seu time do coração, no histórico estádio Viejo Gasómetro, na Argentina.

O líder da Igreja Católica nunca escondeu sua paixão pelo clube de Buenos Aires, que acompanha desde a infância. Quando foi eleito papa, imagens do então cardeal segurando a flâmula do San Lorenzo viralizaram na internet, consolidando o apelido de "Clube do papa".

Desde cedo, Bergoglio teve o futebol presente em sua vida, influenciado pelo pai, que foi jogador de basquete do San Lorenzo e transmitiu a paixão pelo clube aos filhos. Em 1946, aos 10 anos, viveu um dos momentos mais marcantes de sua infância ao assistir, no Viejo Gasómetro, à conquista do Campeonato Argentino pelo San Lorenzo. A euforia da torcida levou seu pai e um de seus irmãos a invadirem o gramado para celebrar.

O San Lorenzo era uma das potências do futebol na época, e Francisco até hoje recorda a escalação do time campeão, como afirmou em algumas entrevistas. No entanto, o estádio também foi palco de um dos momentos mais tristes de sua vida. Em 1961, já como integrante da Ordem dos Jesuítas, recebeu a notícia da morte de seu pai, vítima de um infarto fulminante durante um jogo no Gasómetro.

Ao longo dos anos, sua conexão com o clube seguiu forte. Em 2008, ainda como cardeal, foi homenageado com uma carteirinha de sócio torcedor pelo centenário do San Lorenzo.

Cinco anos depois, em 2013, foi eleito o primeiro papa sul-americano, coincidindo com a conquista do Campeonato Argentino pelo clube após um longo jejum. No ano seguinte, celebrou a histórica conquista da Taça Libertadores da América pelo San Lorenzo, recebendo a delegação e a taça no Vaticano.

Homenagem e novo estádio

Em reconhecimento a seu torcedor mais ilustre, o San Lorenzo decidiu batizar seu novo estádio como "Papa Francisco". O presidente do clube, Marcelo Moretti, anunciou que as obras da nova arena devem começar em 2025.

Expulsão do vestiário

Apesar de sua paixão pelo futebol, Francisco viveu uma situação inusitada nos anos 1990. Como bispo auxiliar de Buenos Aires, costumava visitar o vestiário do San Lorenzo para abençoar os jogadores antes das partidas. No entanto, em uma ocasião, o técnico Alfio Basile pediu que ele se retirasse, temendo que sua presença pudesse dar azar ao time.

Coincidência histórica

Até na morte a relação entre Francisco e o San Lorenzo parece persistir. Como muitos torcedores do "cuervo" notaram, o papa morreu aos 88 anos, às 2h35min, horário de Roma. Qual a importância disso? Na carteirinha de sócio do San Lorenzo, o número de Francisco é 88235. 

A Relação com outros clubes

Francisco disse considerar o futebol um "instrumento para a paz" e, ao longo de seu pontificado, recebeu diversos clubes e seleções no Vaticano. Com tantas visitas, acumulou uma vasta coleção de camisas de times do mundo inteiro.

Camisas de clubes cearenses

Durante a Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Brasil, Francisco recebeu de um torcedor uma camisa do Ceará Sporting Club enquanto percorria as ruas do Rio de Janeiro. Em 2020, foi presenteado com um uniforme personalizado do Fortaleza Esporte Clube, entregue pelo sócio Demetrius Braga Osterne e sua esposa, Fabiana Osterne.

Messi e Deus

Em 2019, ao ser questionado pelo jornal The Guardian se chamar Lionel Messi de "Deus" seria um sacrilégio, Francisco manteve sua posição fiel à doutrina católica:

"Em teoria, é um sacrilégio. Eu não acredito que seja Deus. As pessoas podem chamá-lo assim, assim como dizem que me adoram, mas apenas Deus pode ser venerado. São expressões populares. É um prazer vê-lo jogar, mas ele não é Deus", declarou o pontífice.

A relação de Francisco com o futebol segue forte, reforçando seu carisma e proximidade com o povo, mostrando que a paixão pelo esporte também pode ser um caminho para união e fraternidade.