Iguatu: suplente de vereador acusado de ligação com facção diz que afastamento foi "equivocado"
O município de Iguatu terá recontagem de votos para vereador após decisão da Justiça devido ao afastamento do suplente Jocelio Viana
Jocelio Viana, suplente de vereador afastado da Câmara Municipal de Iguatu, município distante 388,82 km de Fortaleza, disse ao O POVO que decisão é “equivocada”, após a Justiça determinar sua inelegibilidade por oito anos por suposto envolvimento com facção criminosa e abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2024.
A decisão da Justiça Eleitoral ocorreu na última segunda-feira, 31 de março, que atendeu pedido da Promotoria da 13ª Zona. O POVO entrou em contato com Jocelio por meio de endereço eletrônico disponibilizado em suas redes sociais.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
“Acho uma decisão equivocada, sem provas, como bem frisou o próprio magistrado na decisão, frisando apenas uma promessa, que também não houve da minha parte em trecho nenhum da conversa que tive com a pessoa que me procurou, que também não tinha o conhecimento, como não tenho a obrigação de conhecer a ficha corrida de toda pessoa que se aproxima de um candidato numa eleição, esse papel é da Justiça e da Polícia e não meu”, disse Jocelio Viana.
Ele continua: “Pelo visto, vai virar moda sentenças condenatórias baseadas em evidências e suposições, lamentável. Estou avaliando se recorro da decisão ou silencio em forma de protesto . É o que tenho a dizer neste momento”.
Investigação
Em Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), a Promotoria apontou indícios de que o então candidato a vereador no pleito de 2024 teria oferecido R$ 50 mil a um integrante de facção criminosa local, com o objetivo de conseguir apoio e votos no pleito.
O traficante, conhecido como “Thiago Fumaça”, e Jocélio Viana, candidato à Câmara de Iguatu, teriam conversado por meio de aplicativo de conversa entre os dias 6 e 26 de agosto de 2024.
De acordo o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), ficou provado que a iniciativa de procurar o chefe da facção criminosa foi exclusiva do postulante à Câmara. Não foram encontradas provas de envolvimento de outros candidatos.
“Os diálogos revelam que o valor acordado seria repassado por Jocélio a Thiago, com a finalidade de garantir o apoio deste último à sua campanha eleitoral. Esses elementos indicam que o tema central das conversas está diretamente relacionado à compra de apoio político para impulsionar a candidatura de Jocélio ao cargo de vereador, configurando, assim, o abuso de poder econômico”, destacou o MP Eleitoral em detalhamento na Aije.
Recontagem de voto
Após decisão da Justiça, o município deverá realizar a contagem de votos para vereador, já que os 770 votos recebidos por Jocelio Viana, que não foi eleito mas ficou na suplência, foram anulados. A recontagem ocorre porque os votos recebidos influenciam no cálculo do quociente eleitoral e partidário.