Reajuste dos servidores: Prefeitura propõe antecipar parcela e categorias cobram retroativo
Categorias têm feito cobranças mais efusivas ao prefeito e passaram a criticar a gestão por não atender as demandas dos servidores
Representantes de diversos sindicatos de servidores públicos municipais de Fortaleza participaram de ato em frente ao Paço Municipal, nesta terça-feira, 1° de abril. A manifestação tinha o intuito de pressionar a gestão Evandro Leitão (PT) sobre a pauta do reajuste geral das categorias. O POVO apurou que a Prefeitura melhorou proposta anterior, sinalizando pagamento integral do reajuste de 4,83% na folha de junho e não em duas parcelas, conforme a proposta anterior. Entretanto, os sindicatos recusaram.
Os servidores cobram um índice de 4,83%, referente ao IPCA do ano passado, mas não abrem mão do pagamento de retroativo a janeiro deste ano. Em março, a gestão chegou a propor os 4,83%, mas parcelado em duas vezes (2% na folha de junho e o restante na folha de dezembro), entretanto, sem pagamento de retroativo. O impasse segue até então. Fonte ligada aos sindicatos disse ao O POVO que até sexta-feira, 4, a prefeitura dará uma sinalização para a marcação de uma nova rodada de negociações.
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A Prefeitura informou que a antecipação dos 2,83% representa um impacto de "aproximadamente R$ 50 milhões nas contas" do Executivo municipal. "O valor é o equivalente à construção de 14 Centros de Educação Infantis, ou 100 Areninhas Tipo 2, a 25 bases do CPRaio, à construção de um CUCA completo ou a drenagem de um bairro inteiro de Fortaleza", diz a gestão em nota.
Participaram do encontro os secretários Júnior Castro (Governo), Márcio Cardeal (Finanças), Carolina Monteiro (Planejamento e Gestão) e Tibério Burlamaqui (Articulação Política), além dos representantes de mais de uma dezenas de entidades representativas dos servidores.
Todos os secretários reforçaram a situação delicada financeira e fiscal em que a Prefeitura foi recebida da gestão anterior, bem como a disposição para o diálogo e ampliação da negociação. Já Márcio Cardeal frisou que, com as contas atuais, as contas públicas já vão fechar o ano em R$ 165 milhões de déficit. "Hoje já é o máximo", disse.
Augusto Melo, secretário-geral do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (SindFort), destaca que as atividades continuarão e que não há possibilidade de aceitar proposta que não considere a retroatividade. "Temos aqui a unidade dos sindicatos. Sindicatos como o Sindsaúde, Sindguardas, Sindiodonto, Sindsaf, há hoje um conjunto praticamente geral de servidores públicos". Melo defendeu que é possível chegar ao denominador comum atendendo à demanda dos servidores.
"A Prefeitura reafirma que há um rombo deixado pela gestão anterior, mas a partir dos estudos que fazemos há projeção de aumento da receita para os próximos meses e baseado nisso entendemos que é possível pagar a pedida dos sindicatos. Há uma questão de prioridade, de que o servidor que atende na ponta seja prioridade para a gestão que diz que o foco é corrigir desigualdades sociais".
Manifestação
Durante a manifestação desta terça-feira, 1°, o presidente do Sindfort, Heriston Ferreira, antecipou ao O POVO que uma comissão de representantes seria recebida por secretários da gestão Evandro. "Nosso ato hoje tenta pressionar um avanço nessa pauta e tivemos informação de que seremos recebidos. Estão no Paço os secretários de governo, de finanças e de planejamento, que devem participar. Entrarão 12 representantes e a expectativa é que possamos sair com uma nova proposta".
Heriston disse ainda que paralisação e greve geral estão no radar dos sindicatos, caso as negociações não avancem. "Não está. Já aprovamos o estado de greve na última assembleia. A construção será de greve setoriais, por categoria, até que possamos construir uma greve geral de todos os servidores para sensibilizar a prefeitura".
Os servidores se concentraram em frente ao Paço, próximo a Catedral de Fortaleza. Em discursos no microfone, alguns deles proferiram críticas diretamente ao prefeito Evandro Leitão.
"O prefeito corre o risco de dar munição para uma extrema direita que atentou contra a democracia, mas que para nós democracia sem direito não vale. É direito de se manifestar, respeitar opiniões diferentes, mas é sinônimo de direito e de vida digna, melhores condições de trabalho. Vamos lutar para entrar e dizer, Evandro Leitão respeite os servidores e cumpra seus compromissos de campanha", disse Cleyton Magalhães, um dos diretores do Sindiodonto.
A presidente do sindicato da Defesa Civil, Maria de Lourdes Costa, também manifestou opinião crítica à gestão. "Esse governo não está governando para os trabalhadores, governa para as elites. Nós trabalhadores é que precisamos de reposição. Isso não é aumento, é recomposição de perdas no período e é isso que pedimos ao prefeito. Temos que fazer as falas, o prefeito do partido dos trabalhadores não atende as pautas dos servidores, não valoriza os quadros do serviço público municipal", disparou.
Outra servidora ainda citou o ex-prefeito José Sarto (PDT) que, segundo afirmou, "mesmo quando ele dava o reajuste parcelado pagava o retroativo", disse em tom crítico à atual gestão.
O ato desta terça-feira foi propositalmente marcado para o 1° de abril, popularmente conhecido como o "Dia da Mentira" e, segundo os líderes sindicalistas, serve para "denunciar a prática de ludibriar os servidores e servidoras por parte de Evandro, pois ele, ao longo da campanha afirmou que valorizaria os trabalhadores do serviço público".