Deportada de 50 anos não tem documentos brasileiros e vivia nos Estados Unidos desde bebê
Fortaleza recebeu nesta sexta-feira o quinto voo com deportados brasileiros dos Estados Unidos a pousar em solo brasileiro
Um brasileira deportada dos Estados Unidos aos 50 anos, presente no voo que desembarcou na manhã desta sexta-feira, 28, em Fortaleza, vivia no país da América do Norte desde que era bebê.
Segundo Paulo Victor Resende, gerente de projetos do Ministério dos Direitos Humanos, a mulher não tinha nenhum documento brasileiro e por isso receberá apoio do Governo para as questões burocráticas.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
"Tem um caso específico de uma passageira que ela foi para lá bebê e está retornando ao Brasil aos 50 anos de idade. Então, para essa especificamente a gente está dando todo o suporte para conseguir documentação, porque ela não tem documentação alguma", explicou.
Segundo Resende, ela será levada para a Polícia Civil, para poder registrar Boletim de Ocorrência, para conseguir a documentação e poder seguir para Belém (PA), cidade onde ela deseja permanecer. A princípio, acredita-se que a mulher irá seguir no voo da FAB para Belo Horizonte.
LEIA TAMBÉM:
Cearense de Aracati é um dos brasileiros deportados que pousaram em Fortaleza
Repatriados: voo trouxe quatro brasileiros com restrição na Justiça
Outros passageiros
Quatro dos 104 brasileiros que foram repatriados no voo que desembarcou na manhã desta sexta-feira, 28, em Fortaleza têm problemas com a Justiça e foram recepcionados pela Polícia Federal (PF) antes do desembarque dos demais passageiros.
Em voo anterior que pousou na capital cearense com brasileiros repatriados dos Estados Unidos, em 21 de fevereiro deste ano, havia dois deportados com mandado de prisão da Interpol.
No momento em que desembarcaram, os dois foram conduzidos pela Polícia Federal à viatura para cumprimento dos mandados. Os dois estavam foragidos da Justiça brasileira. Um mandado foi emitido pelo Estado do Paraná e outro pela Justiça Federal em Minas Gerais.
Siga o canal de Últimas Notícias do O POVO no Whatsapp; CLIQUE AQUI
Perfil dos deportados
Segundo Paulo Victor Resende, cerca de 75 presentes no voo devem seguir para Minas Gerais, os demais preferiram ficar por aqui, seguindo para seus destinos finais por recursos próprios. Ele informou haver sete crianças no voo, mas ninguém acima de 60 anos.
Resende explicou que o perfil dos passageiros desse voo é semelhante ao dos anteriores. "Maior parte jovens, então cerca de 50% tem menos de 30 anos. Tem seguido esse padrão. Houve um outro voo que tinha pessoas com mais de 60 anos, nesse não. Sexo é 75% aproximadamente do sexo masculino. Acho que são 10 núcleos familiares. O restante são pessoas desacompanhadas", explicou.
A Ceasa tem proporcionado, via termo de cooperação técnica, frutas que são repassadas aos que chegam. Eles recebem ainda tratamento da Vigilância Sanitária e almoço proporcionado pela Prefeitura de Fortaleza. A Secretaria dos Direitos Humanos tem ofertado ainda ajuda psicológica.
Recepção no Ceará
De acordo com autoridades presentes, nesse grupo há sete crianças e adolescentes. A secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, informou que a previsão dos que vão desembarcar e ficar no Ceará é de 26 pessoas.
"Eles vêm extremamente magoados, podemos dizer assim. Aqui recebemos com alimentação, com um grupo de pessoas, assistentes sociais, psicólogos. Fazemos toda abordagem, nesse momento sabendo exatamente de onde eles são, para onde eles efetivamente vão. Alguns vão ficar aqui, alguns vão para o Norte, outros para Belo Horizonte. É isso que o Governo do Ceará tem feito, acolher e, a partir daí, fazer os encaminhamentos devidos", informou.
A secretária explicou haver três postos de atendimento a refugiados e migrantes em geral no Estado, um na Polícia Federal, um no aeroporto e outro na rodoviária. "A gente está sempre orientando, documentando eles, enfim, chegou aqui no estado do Ceará, há todo um arcabouço jurídico no sentido de orientar essas pessoas para que eles não passem mais por esse vexame", afirmou à imprensa.
Segundo Socorro, o apoio se faz de várias formas, como transporte para a rodoviária para aqueles que pretendem deslocar-se dessa forma para a cidade onde moram.
"Os que não ficam, eles pelo menos passam 24h ou 48h, alguns estão sendo acolhidos por nós, outros preferem ir para pousadas ou hotéis. Há toda uma abordagem sistêmica, no sentido de que eles não sofram mais do que o sofrimento que eles tinham antes de chegar", disse.
A secretária destaca que a cada avião que chega dos Estados Unidos, há um aprimoramento no atendimento ofertado em terras cearenses.
"Esse aprimoramento passa, principalmente, pelo acolhimento psicológico que a gente faz dessas pessoas. É óbvio que eles estavam lá retidos, estavam sofrendo psicologicamente, que muitos deles foram abordados na rua, no supermercado, no próprio trabalho, deixando a família e vindo para a terra natal deles, onde estamos acolhendo com muito carinho, que é o primeiro pouso em solo brasileiro."
Sequência
Em seguida, os repatriados que desejem, seguirão para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, Minas Gerais, com previsão de chegada às 15h. O voo será em avião disponibilizado pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Este é o quinto avião de repatriados a chegar ao Brasil desde o início do governo de Donald Trump, que adota política mais restritiva em relação a imigrantes.
Um voo chegou em janeiro, dois em fevereiro e um março, sendo que nos dois voos de fevereiro, os passageiros, dentre eles crianças e idosos, relataram condições degradantes, como uso de algemas e períodos de até 12 horas sem alimentação.
Avião com repatriados em Fortaleza: como é o desembarque
Em Fortaleza, o acolhimento é realizado no Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante.
A ação de acolhimento é feita em parceria com os Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, das Relações Exteriores, da Defesa e da Justiça e Segurança Pública, além da Polícia Federal, governos estaduais e das concessionárias aeroportuárias Fraport Brasil e BH Airport.
A operação deve garantir apoio logístico para deslocamento até os estados e cidades de origem, além de contato com familiares e, quando necessário, oferta de acolhimento temporário para os repatriados.
Com informações de Rogeslane Nunes
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente