Relator no TCE reprova prestação de contas de Sarto em 2021 por "irregularidades graves"

Sobre o assunto, Sarto esclareceu que está "tranquilo em relação a qualquer questionamento" sobre a gestão dele

22:54 | Mar. 21, 2025

Por: Mariana Lopes
Parecer do relator Edilberto Pontes aponta duas irregularidades na prestação de contas do governo municipal em 2021, primeiro ano de gestão de José Sarto (PDT) como prefeito de Fortaleza (foto: FÁBIO LIMA)

O conselheiro Edilberto Pontes votou pela desaprovação da prestação de contas de governo do ex-prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT) em 2021. A decisão foi dada nesta sexta-feira, 21, como noticiou o jornalista Carlos Mazza, que assina a coluna Vertical. Pontes é relator do processo no Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE) que julga o exercício financeiro da Prefeitura de Fortaleza do ano.

Em parecer, o relator aponta duas irregularidades na prestação de contas do governo municipal em 2021, primeiro ano de Sarto como prefeito de Fortaleza. O voto foi de acordo com parecer do Ministério Público de Contas, que desaprova a abertura de créditos adicionais sem a correspondente fonte de recursos e do não repasse ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) da integralidade dos valores consignados a título de contribuição previdenciária.

O voto do relator destaca que os erros na prestação de contas são “irregularidades graves”. “Não repassar ao INSS os valores consignados a título de contribuição previdenciária é irregularidade grave, que viola, não só a legislação vigente, como compromete a integridade da gestão pública”, afirma Edilberto Pontes.

Segundo relatório, os repasses dos valores consignados a título de contribuição previdenciária ao INSS não foi feito integralmente. Em resposta, Sarto esclareceu que o valor repassado somou R$ 114.891.291,71, e não R$ 112.335.868,45, como informado pelo órgão de instrução.

“A Prefeitura Municipal de Fortaleza efetuou os repasses previdenciários e atendeu aos prazos estipulados para o pagamento de INSS”, defendeu. A Diretoria do TCE/CE discordou, argumentando que os valores informados pelo prefeito foram extraídos do balancete da despesa extraorçamentária, enquanto a Corte se baseou nos dados do Sistema de Informações Municipais referentes aos talões de receitas e despesas extraorçamentárias.

Sobre a abertura de créditos adicionais, no exercício de 2021, a Prefeitura de Fortaleza abriu o montante de R$ 702.871.025,00 em créditos adicionais, com recursos resultantes de excesso de arrecadação.

Porém, o Tribunal fez uma análise comparativa da receita prevista e da receita arrecadada e verificou a insuficiência de saldo de excesso de arrecadação no momento da abertura de créditos e ao final do exercício.

Em resposta à coluna Vertical, José Sarto esclareceu que está "tranquilo em relação a qualquer questionamento sobre minha gestão". "Durante os quatro anos em que fui prefeito de Fortaleza, sempre prezei pela transparência, legalidade e bem-estar da população em todas as minhas ações. Por isso, estou tranquilo em relação a qualquer questionamento sobre minha gestão", afirmou.

"É importante lembrar que esse julgamento está apenas começando e que os pontos levantados são extremamente técnicos. Portanto, vamos aguardar a conclusão da análise pelo tribunal antes de fazermos qualquer declaração mais assertiva sobre o tema”, acrescentou o ex-prefeito.

Nesta quinta-feira, 20, a conselheira Soraia Victor havia votado parcialmente com o relator, mas, no mesmo dia, alterou o voto e acompanhou o relator. Onélia Leite declarou suspeição e a conselheira Patrícia Saboya pediu vista no processo, ou seja, um tempo maior para analisar o caso com mais detalhes. Por conta do pedido, o julgamento foi adiado. Ficam pendentes o voto dela e do conselheiro Valdomiro Távora. Nada impede que os outros conselheiros mudem o voto.