Servidores de Fortaleza pressionam por reajuste e falam em acirramento das manifestações

Categoria realiza manifestações para pressionar por uma nova rodada de negociações em busca de reajuste geral

12:32 | Mar. 20, 2025

Por: Marcelo Bloc
Servidores municipais realizam ato em frente à sede da Sepog, no bairro Dionísio Torres (foto: Caroline Araújo/ Especial para O POVO)

Servidores públicos municipais de Fortaleza realizaram manifestações, na manhã desta quinta-feira, 20, visando aumentar a pressão para que a Prefeitura de Fortaleza crie nova rodada de negociações acerca do reajuste geral da categoria.

Na semana passada, a Prefeitura propôs reajuste de 4,83% para o servidor municipal. Segundo a proposta, o índice seria parcelado em duas vezes. Na folha de pagamento de junho entram 2%, sem retroatividade, e na de dezembro, os 2,83% restantes.

Na última sexta-feira, 14, em assembleia realizada em frente ao Paço Municipal, os servidores votaram contra a proposta de Evandro Leitão (PT) e a favor de uma agenda de paralisações, marcada inicialmente para esta quinta.

O prefeito de Fortaleza lamentou a decisão dos servidores públicos municipais de rejeitar a proposição feita, defendeu o diálogo, mas não confirmou que irá aumentar a proposta.

Sem retorno

Segundo Eriston Ferreira, presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Fortaleza (Sindifort), desde que a categoria rechaçou a proposta anterior, não houve nenhum retorno da Prefeitura sobre novas negociações.

"É um sinal muito ruim, no início de gestão, que o prefeito Evandro sustente essa proposta. E o que nos revolta, nesse momento, é que mesmo com todas as sinalizações que os servidores estão dando de que querem negociar, já que no início da campanha nossa proposta era 12,84%, nós já cedemos para 6,27%, que foi o índice que já foi apresentado para os profissionais da Educação. Então, estamos dando diversas sinalizações, queremos negociar, mas desde que o prefeito anunciou essa proposta, na primeira semana após o carnaval, no dia 10 de março, estamos sem nenhuma sinalização da Prefeitura", lamentou ao O POVO.

Não justifica

Ainda segundo Eriston, a argumentação de que a gestão atual recebeu a Prefeitura com um rombo nos cofres públicos não é suficiente para justificar um aumento que não cubra a inflação do ano anterior. O presidente do Sindifort afirma que isso não condiz com as expectativas de arrecadação do município.

"A Lei Orçamentária Anual (LOA) do ano passado foi aprovada com de 12% a mais arrecadação esse ano, chegando a R$ 14,7 bilhões. Por mais que o prefeito diga que nesses primeiros meses não tenha os recursos para dar o reajuste, mas não é real que isso não possa vir acontecer no futuro próximo. E aí os servidores não podem aceitar esse argumento, onde até maio a expectativa de que a inflação acumule 8% índice e tem um reajuste apenas de 2% em junho. A nossa data base é 1º de janeiro", explicou.

A categoria sinaliza que aceita algo acima da inflação, mas não abre mão de receber retroativamente referente a janeiro passado.

"Repor a inflação do ano anterior 2024, que é 4,83%, garantindo que isso ocorra em 1º de janeiro. Se já passamos do mês de janeiro, a retroatividade é uma parte do cumprimento da lei de data base. Então não tem como aceitar uma proposta como essa que o prefeito tá colocando, onde só repõe 2% no meio do ano, no final do ano e sem retroatividade nenhuma. Então, isso é um descumprimento da lei, a data base é uma lei municipal que garante esse direito aos servidores. Então o prefeito já inicia o ano, já inicia seu mandato descumprindo uma lei, descumprindo um direito do servidor", lamentou.

Programação

As manifestações desta quinta não fazem parte de atos isolados e os servidores devem seguir realizando protestos até que haja uma nova tratativa com a Prefeitura. Na última terça-feira, 18, estiveram na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), conversando com a liderança do governo e outros vereadores. Nesta quinta, participaram logo cedo de um protesto no Instituto Dr. José Frota (IJF), onde houve paralisação das atividades por um breve momento, seguindo depois para a sede da Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão de Fortaleza (Sepog), na esperança de serem recebidos pela secretária Carolina Monteiro.

Ao final da manhã, a secretária recebeu manifestantes oito representantes da entidades de servidores e ouviu deles a demanda de uma nova rodada de negociação. Segundo o Sindifort, Carolina Monteiro ficou de entrar em contato com a categoria para marcar um novo encontro, mas ainda não há data definida.

A categoria planeja que novas manifestações façam parte de um calendário de acirramento das discussões e de paralisações. "Nós iremos para outros órgãos fazer um um calendário de acirramento e de paralisações. O próximo órgão, a gente tem a AMC amanhã, sexta-feira, 21, a gente vai fazer também essa paralisação das atividades na AMC, Guarda Municipal e alguns postos de saúde, dentro de um calendário durante toda a semana, até que a gente possa construir um dia único de paralisação de todas as atividades", concluiu Eriston.

A proposta de Evandro

Após pelo menos sete reuniões entre gestão e servidores, incluindo a anterior, em fevereiro, com a presença do próprio prefeito Evandro Leitão (PT), a Prefeitura de Fortaleza propôs um reajuste geral de 4,83%, para o servidor municipal.

Segundo a proposta, o índice seria parcelado em duas vezes. Na folha de pagamento de junho entram 2%, sem retroatividade, e na de dezembro, os 2,83% restantes.

"Desde o primeiro diálogo com as entidades, estamos sendo claros sobre a situação financeira e fiscal que recebemos. A magnitude do problema não é retórica. Então fizemos um esforço para chegar nessa proposta que cabe dentro das nossas possibilidades", explica o secretário municipal das Finanças, Marcio Cardeal, que se reuniu com sindicatos que representam os servidores, ao lado da secretária do Planejamento, Orçamento e Gestão, Carolina Monteiro, na tarde da última terça-feira, 11, no Paço Municipal.

Segundo a Prefeitura, que afirma ter recebido uma dívida pública no valor de R$ 4,6 bilhões da gestão José Sarto (PDT), o cenário do município exige cautela e austeridade para garantir a continuidade dos serviços públicos para a população e o cumprimento dos pagamentos essenciais, incluindo a própria folha de pagamento. "O que não tem impacto financeiro e o que é direito garantido, estamos priorizando e efetivamente encaminhando", afirma a secretária Carolina Monteiro.

Assista também

Servidores públicos municipais de Fortaleza realizam ato na sede da Sepog buscando pressionar a Prefeitura por uma nova rodada de negociações acerca do reajuste geral da categoria. Categoria não aceitou proposta feita pela gestão Evandro pic.twitter.com/q5VHC0Httc

— Jogo Político (@jogopolitico) March 20, 2025

Atualizada às 14h40