Comissão de Ética do PSB notifica Braguinha e Bebeto, prefeitos preso e foragido
Os prefeitos eleitos não tomaram posses por investigações criminais. Braguinha está preso desde o dia 1º de janeiro e Bebeto segue foragido desde dezembro
O PSB instaurou Comissão de Ética para analisar os casos dos prefeitos afastados Braguinha, de Santa Quitéria, em prisão domiciliar por possível ligação com facção criminosa, e Bebeto Queiroz, de Choró, foragido e investigado por crimes eleitorais.
A comissão é formada pela secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, o ex-deputado federal Denis Bezerra e Elias José, também membro da executiva estadual do PSB.
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Os dois foram notificados na quarta-feira, 19. Foi encaminhado um conjunto de perguntas relacionadas ao objeto das denúncias contra ambos. Para Braguinha o envio foi direto. Já para Bebeto, a notificação foi feita por meio de terceiros, uma vez que ele segue foragido.
Os investigados terão prazo de dez dias para apresentar a defesa e explicações. Ao final do trâmite, caberá à executiva do PSB analisar as medidas a serem tomadas, inclusive a possibilidade de expulsão da sigla.
Casos dos prefeitos investigados
Braguinha em Santa Quitéria
José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), prefeito reeleito de Santa Quitéria, município do Sertão dos Crateús e distante 223,46 km de Fortaleza, foi preso no dia 1º de janeiro, instantes antes de tomar posse do cargo.
A prisão se deu em cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). Além da prisão, também foi decretada ordem de busca e apreensão na casa do prefeito, que foi conduzido a Fortaleza e segue em prisão domiciliar.
Braguinha é acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de envolvimento com facção criminosa, que teria coagido eleitores, candidatos e funcionários da Justiça Eleitoral durante o pleito do ano passado.
Em ação de investigação judicial Eleitoral (AIJE), o MPE descreveu diversas condutas criminosas que teriam sido praticadas por integrantes da facção Comando Vermelho (CV), alegadamente, para garantir a vitória de Braguinha.
Bebeto Queiroz em Choró
Já Bebeto Queiroz foi alvo de duas operações, uma da Polícia Federal (PF), que investiga a compra de votos nas eleições municipais, e outra do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), que analisa atos ilícitos de contratos de prestação de serviço de abastecimento de veículos da Prefeitura de Choró, distante 168,10 km de Fortaleza.
Bebeto chegou a ficar 10 dias detido no final de 2024, mas foi liberado após o fim do limite para prisão temporária. Já em janeiro, o MPCE confirmou ao O POVO que o prefeito eleito de Choró estava foragido e segue até o presente momento.
A investigação da PF sobre a compra de votos também coloca na esteira o deputado federal e recém-filiado ao PSB Júnior Mano, colocando-o como participante ativo do esquema, sendo parte dos recursos envolvidos provindos de emendas parlamentares.
O processo corre de forma sigilosa, mas O POVO confirmou que o inquérito foi enviado ao Supremo, devido ao foro privilegiado que o parlamentar possui. A PF não comenta o assunto enquanto não houver manifestação por parte do STF.
O inquérito, assim como um recurso de Bebeto — pedido de revogação de prisão preventiva — foram distribuídos ao gabinete do ministro Gilmar Mendes.
No último dia 26 de dezembro, a prefeita de Canindé/CE, Maria do Rosário Ximenes (Republicanos), afirmou em depoimento ao Ministério Público Eleitoral que Bebeto teria mais de R$ 58 milhões para gastar na região durante as eleições, e que esses valores vinham de emendas parlamentares.
Segundo ela, Bebeto e Junior Mano atuavam conjuntamente na lavagem desse dinheiro em 51 municípios cearenses. Os dois costumam aparecer diversas vezes juntos em postagens nas redes sociais, sempre demonstrando muita proximidade.
Colaborou Vítor Magalhães
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