Presidente do PSDB diz que partido não vai acabar por causa de conversa entre Tasso e Domingos
Novo presidente do PSDB no Ceará, Ozires reconheceu que os tucanos enfrentam crise, mas reforçou que futuro passa por articulação nacional e que fará o que puder para "oxigenar" a sigla
As incertezas sobre o futuro do PSDB ganharam um novo capítulo nesta terça-feira, 11. O prefeito de Massapê e novo presidente da sigla no Ceará, Ozires Pontes, gravou vídeo na qual se contrapõe ao possível fim do partido. Entre os futuros possíveis dos tucanos estão eventuais fusão ou incorporação por outros partidos, como o PSD e o MDB.
Em publicação nas redes sociais, Ozires fez referência a uma conversa que teria ocorrido entre lideranças do PSD no Ceará e o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) e que o encontro teria passado pela construção de unidade das siglas. No Ceará, o PSD é comandado pelo ex-vice-governador Domingos Filho, atual secretário (Desenvolvimento Econômico) na gestão Elmano de Freitas (PT).
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O tucano descartou qualquer possibilidade de que a alegada conversa teria peso para definir os rumos do PSDB e lembrou da trajetória do partido no Brasil e no Ceará.
“Não dá para chegar agora e querer colar na mídia que o PSDB vai acabar num toque de mágica. Não existe o PSDB acabar. Domingos Filho, Domingos Neto (lideranças do PSD), tenho consideração, carinho e respeito pela luta de vida política deles. Mas querer dizer que eles conversaram com o senador Tasso e que por causa disso o PSDB vai se fundir ao PSD, não existe. É querer jogar para a plateia e fazer auê”.
O prefeito de Massapê argumentou que Tasso conversa com todos os líderes políticos do Estado. “O senador conversa com Ciro (Gomes), com o Roberto Cláudio, com o Cid, com deputados, prefeitos, conversa com todo o Ceará. A pessoa ir lá, conversar, e querer jogar isso, não existe. O PSDB tem história. Se depender de mim (...) o PSDB nunca vai deixar de existir”.
Em outro momento, ele reconheceu que pode haver fusão, mas reforçou o ponto anterior e lembrou de divergência local no posicionamento de PSDB e PSD, em relação ao governo estadual.
“Não vou dizer que não vá ter uma fusão ou que não possa acontecer, mas não é uma conversa do Domingos Filho nem do Domingos Neto, indo no gabinete do senador (Tasso) querendo jogar isso. Isso passa por uma conversa nacional do senador Tasso com o Kassab. Entendo que o PSD é de centro, como o PSDB. O conflito aqui é que o PSDB é contra o PT e o PSD está na base”.
Crise partidária
Ozires assumiu a presidência interina do PSDB Ceará após a saída de Élcio Batista do cargo. Élcio decidiu deixar a presidência para cumprir compromissos profissionais em São Paulo. Apesar do posicionamento, o novo dirigente reconheceu que o partido passa por uma crise séria e que a definição sobre o futuro dependerá de articulações entre as lideranças nacionais da sigla.
“Todos os partidos já passaram por crise e o PSDB está passando por uma crise muito séria. Mas tem três governadores (PE, MS e RS), tem uma bancada de 13 deputados federais, agora tem 3 senadores. Aqui no Ceará temos dois prefeitos e a deputada Emília. É um partido que passa por uma crise, sim, mas que tem essência e valores. E temos todas as condições de resgatar o PSDB”, destacou, acrescentando que não medirá esforços.
“Vou trabalhar de manhã, de tarde e de noite para oxigenar esse partido, que já foi o mais importante do Brasil. É ruim para o País e para o Ceará o PSDB acabar. O PSDB é, às vezes, o contraponto da extrema esquerda e da extrema direita. É o bom senso”.
Líderes nacionais do PSDB, como o presidente nacional Marconi Perillo, têm projetado a fusão ou a incorporação por outra legenda. Caso ocorra, o PSDB, como é conhecido atualmente, deixará de existir para compor outra legenda (incorporação) ou para dar origem a uma nova sigla (a partir de eventual fusão).
A medida tem a ver, também, com questão de sobrevivência política, dada a ampliação da Cláusula de Barreira, que passará a vigorar após as eleições de 2026 e que passará a estabelecer critérios mais exigentes de desempenho aos partidos, para que as agremiações tenham acesso a recursos como Fundo Partidário, propaganda gratuita no Rádio e na TV e participação em debates.