Além de Fortaleza e Caucaia, outros prefeitos no Ceará denunciam rombos nas gestões

Gestores apontam dificuldades de iniciar ações nas prefeituras diante de dívidas deixadas por antecessores

Dois maiores municípios do Ceará em tamanho populacional, Fortaleza e Caucaia, adotaram medidas para tentar contornar problemas financeiros. Na Capital, Evandro Leitão (PT), anunciou corte em diversas áreas, incluindo gastos com terceirizados e redução no próprio salário de secretários. Em Caucaia, na Região Metropolitana (RMF), o prefeito Naumi Amorim (PSD) baixou um decreto de contingenciamento, que também impede gastos e impõe cortes. Os dois municípios não estão isolados.

Em Pacatuba, também na RMF, a prefeita Larissa Camurça (União Brasil) anunciou, inicialmente, um déficit de R$ 400 milhões na previdência do município. Alguns dias depois, ela atualizou sobre a dificuldade encontrada na gestão: R$ 600 mil em caixa, mas uma folha de pagamento de R$ 2,6 milhões referente a dezembro e débitos pendentes com fornecedores.

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Foram contabilizados depois mais R$ 420 mil, com valores ainda em análise, incluindo recursos da UPA e do Hospital que não foram repassados. A principal preocupação era o pagamento da folha dos servidores referentes ao ano passado. A solução foi pagar aos poucos os funcionários das pastas.

Saúde e Infraestrutura foram as primeiras, depois outras sete secretarias tiveram o pagamento liberado. A previsão é que nesta semana as demais sejam regularizadas. Ela apontou ainda que o pagamento deveria ter sido feito pela gestão anterior e destacou ainda que foi preciso mandar um carro oficial da prefeitura, acompanhado de dois servidores até Icapuí, aproximadamente 207 quilômetros para colher a assinatura da ordenadora de despesas do ano anterior. O POVO tentou localizar o ex-prefeito Rafael Marques (PSB), mas sem sucesso. 

Se em Pacatuba o caixa estava na casa do milhar, em Canindé, longe 118,60 quilômetros de Fortaleza, o prefeito Professor Jardel (PSB) disse ter recebido a prefeitura com R$ 11 para pagamento dos servidores, com exceção dos profissionais da educação. Em contrapartida, segundo ele, a prefeitura teria que pagar uma dívida de R$ 29 milhões. Desse total, R$ 14 milhões seriam referentes a folha de pagamento. Ele também compartilhou que a gestão teria uma dívida de R$ 8 milhões com a Enel. A solução foi também escalonar o pagamento.

O atual prefeito vem trocando acusações com a gestão anterior, que era liderada pela ex-prefeita Rozário Ximenes (Republicanos). “O dinheiro de dezembro, o Tesouro Nacional não repassou para os estados nem para os municípios e sim dia dois de janeiro. Queira dizer para a população de Canindé que, em novembro, tivemos uma folha muito alta e conseguimos pagar”, justificou diante do atraso dos salários. Ela afirmou que, quando assumiu, os salários também estavam atrasados e “nem por isso foi para as redes sociais”.

Além das divergências sobre o orçamento da prefeitura, Rozário aponta um suposto beneficiamento de Jardel a partir de um esquema de desvio de emendas e compra de voto. No depoimento ao Ministério Público, Rozário acusou o prefeito de Choró, Bebeto Queiroz (PSB) de fazer diversas ligações para vereadores de Canindé e outras cidades do sertão cearense oferecendo dinheiro em troca de apoio para emplacar aliados. Jardel era o candidato dele no município.

Iguatu, distante 388,82 quilômetros, Roberto Filho (PSDB), apontou que a dívida da prefeitura ultrapassaria R$ 400 milhões. O pagamento dos servidores também registra atraso, com as contas da prefeitura sendo bloqueadas. Além dos salários, o 13º também estava atrasado, mas foi pago na última semana.

O prefeito decretou de calamidade financeira, para, segundo ele permitir "concentrar esforços para superar os desafios financeiros do município, com foco especial nos servidores". "Nós que temos o problema para resolver, embora problemas não causados por nós, mas sim problemas herdados de gestões anteriores", ressaltou, ao anunciar a dívida da prefeitura. Ele ponderou que os dados recebidos na transição não foram claros e que a nova gestão tenta calcular o total devido. O POVO também tentou contato com o ex-prefeito de Iguatu, Ednardo Lavor (PSD). 

 

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