Governador em exercício, presidente do TJCE destaca o uso de IA para recorde de julgamentos

Desembargador Abelardo Benevides comentou ainda a eleição de seu sucessor no Tribunal e teceu elogios ao desembargador eleito

12:05 | Jan. 17, 2025

Por: Marcelo Bloc
Abelardo Benevides é presidente do Tribunal de Justiça do Ceará e governador em exercício (foto: Reprodução/YouTube O POVO/CBN)

O governador do Ceará em exercício, desembargador Abelardo Benevides, destacou o uso de Inteligência Artificial como um dos fatores que contribuíram para que o Tribunal de Justiça do Estado, de onde é o presidente, tenha batido recorde histórico com 737 mil processos julgados em 2024.

O desembargador conversou com os jornalistas Jocélio Leal e Juliana Mattos Brito, na rádio O POVO CBN, na manhã desta sexta-feira, 17. Ele seguirá no cargo interinamente até o próximo dia 20, segunda-feira, quando o governador Elmano de Freitas (PT) retorna de viagem à Europa. A vice-governadora, Jade Romero (MDB) está de férias.

Aumento de processos julgados

Abelardo Benevides comemorou os números apresentados pelo TJCE, com recorde histórico de 737 mil processos julgados em 2024. "O Judiciário existe, constitucionalmente, para essa atividade, entregar uma prestação jurisdicional qualificada. Nós festejamos, no final do ano, verificar que nós aumentamos muito a produtividade", afirmou.

Ele explicou que, em 2020, foram julgados 452 mil processos, em 2021 subiu para 472 mil, e 584 mil em 2022.

"Fizemos concurso e contratamos mais 400 servidores. Na história do Judiciário do Ceará, nunca houve tantas contratações. Havia essa necessidade. Agregamos Inteligência Artificial, novas estratégias. No ano de 2023, chegamos a quase 640 mil julgamentos. E agora em 2024, julgamos 737.115 processos. Houve um incremento, de um ano para outro, de 15,3%. É acentuado, é claro que não resolve o problema, temos que evoluir e eu tenho esperança que as próximas administrações vão continuar a evoluir", explicitou.

O governador em exercício ressalta que, de 2020 a 2024, o TJCE aumentou em mais de 60% o número de julgamentos. Para isso, Abelardo afirma que contribuíram uma série de coisas, dentre elas o aumento de servidores, mas destaca que o uso de Inteligência Artificial no Tribunal ajudou muito a dar celeridade aos processos.

"Nós temos investido muito em tecnologia. O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará é um dos maiores na utilização de robôs. Nós temos, hoje, 66 robôs. Esses robôs nos ajudam. Não vai substituir o ser humano, mas ele traz elementos. A Inteligência Artificial permite elaborar um relatório, ganha tempo para o juiz, permite que haja uma transcrição de um depoimento de uma pessoa, de horas, e o juiz perderia muito tempo para assistir aquilo. Então ela transcreve para a pessoa, e o juiz irá julgar com base naquele resumo", explicou.

Sucessão

O desembargador comentou sobre o processo de sucessão ao cargo, já que será substituído em fevereiro pelo desembargador Heráclito Vieira. Ele reconheceu que, diferentemente de outras sucessões, desta vez os ânimos estiveram mais exaltados. Heráclito foi eleito com 32 votos. Raimundo Nonato Silva Santos teve 19.

"Eu estou na magistratura há 40 anos, estou no tribunal há 19 anos. As eleições sempre foram por consenso, a minha mesmo foi assim, como meus antecessores. Presenciei, nesses 19 anos, apenas duas eleições, mas muito tranquilas. Essa teve nuances diferentes. Os tempos são outros, o Tribunal cresceu muito, quando entrei havia 23, hoje são 53 desembargadores. Mas foi uma eleição participativa, altamente transparente. Fizemos com todo cuidado, ouvimos as pessoas, o presidente se manteve como magistrado, mas não se furtou das suas obrigações. Tinha, evidentemente, a preferência dele, que era o candidato Heráclito, o nosso atual vice-presidente, uma pessoa de perfil assemelhado ao nosso", explicou.

O ainda presidente do TJCE não se furtou em elogiar o sucessor, desembargador Heráclito Vieira. "Determinado, culto, cheio de vontade. Deposito na pessoa dele as melhores esperanças, acho que nós vamos avançar ainda mais", previu.

Ainda segundo Abelardo, a eleição não deixou rusgas no Tribunal. "Hoje eu posso dizer, passou a eleição, o Tribunal está unificado, tranquilo. Às vezes há um excesso aqui, um outro ali. É da democracia, as pessoas pensam de modo diferente, têm educação, têm princípios diferentes, mas terminou tudo bem. Não houve sequer qualquer controvérsia ou recurso", concluiu.

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