Vladmir Putin completa 25 anos no poder; mudanças globais são um desafio

Ao celebrar 25 anos no poder, o líder russo enfrenta dificuldades econômicas, guerra prolongada e instabilidade política

Vladimir Putin completou, em 2024, um quarto de século à frente da Rússia. No dia 31 de dezembro de 1999, o então presidente Boris Yeltsin surpreendeu o mundo ao renunciar e nomear Putin, até então pouco conhecido, como seu sucessor.

Desde então, Putin se consolidou como o líder mais duradouro da Rússia pós-soviética, passando por crises internas, guerras e transformações políticas, mas também enfrentando uma crescente pressão no cenário internacional.

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Há 25 anos no poder, Putin enfrenta desafios internos

Apesar de suas declarações otimistas, Putin não pode ignorar as dificuldades internas que sua administração enfrenta. Em seu discurso de Ano Novo, ele se manteve vago sobre questões econômicas, apenas destacando as conquistas de seu governo.

“Sim, ainda temos muito que decidir, mas podemos, com razão, nos orgulhar do que já foi feito. Esta é a nossa herança comum, uma base confiável para um maior desenvolvimento”, disse ele, enquanto evitava menções à guerra na Ucrânia, que já dura quase três anos.

A economia russa continua em um estado delicado. A inflação se aproxima dos 10% ao ano, e o rublo sofreu considerável desvalorização em 2024. O Banco Central da Rússia, sob pressão, manteve sua taxa de juros em 21% após um pedido público de Putin por uma “decisão equilibrada”.

Em 2024, o crescimento do PIB da Rússia foi estimado em 4%, mas as projeções para 2025 apontam um avanço de apenas 0,5% a 1%.

A queda na taxa de natalidade, que atingiu o menor número desde 1999, também preocupa o governo, que introduziu políticas para incentivar as mulheres a ter filhos mais cedo, incluindo a criação de cursos de “estudos da família” e programas de benefícios financeiros para mães adolescentes.

Vladmir Putin: relações externas e o prolongamento da guerra na Ucrânia

O confronto militar na Ucrânia continua sendo o maior desafio estratégico de Putin. Em sua mensagem de Ano Novo, Putin não mencionou explicitamente o conflito, mas se referiu aos militares como "verdadeiros heróis" sem abordar as perdas humanas significativas.

Desde 2022, a Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados e enfrentou dificuldades para expandir seu território na Ucrânia. A ofensiva russa, apesar dos avanços no território de Donetsk e outros pontos estratégicos, não tem sido tão rápida quanto o esperado, e a ocupação de regiões como Kursk permanece incerta.

A guerra na Ucrânia também afetou a posição de Putin no cenário internacional. O custo humano e econômico do conflito continua a pesar sobre a Rússia, e a ajuda militar de países como Irã e Coreia do Norte tem sido crucial para sustentar o esforço de guerra.

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025 pode alterar as dinâmicas, com Trump prometendo um cessar-fogo rápido, mas as tensões permanecem elevadas.

Em um discurso de abertura no fórum Valdai, há algumas semanas, Putin falou de uma nova ordem mundial como um fato estabelecido.

“Ele parece acreditar que venceu a guerra”, disse o jornalista e autor Mikhail Zygar, em entrevista ao The Washignton Post e que, como muitos críticos do Kremlin, vive no exílio.

“Seu discurso traz a implicação de que, com a derrota dos democratas nas eleições dos EUA, o mundo ocidental contra o qual ele lutou está derrotado - e Putin está dando seu veredicto.”

“Ele está esperando por Trump”, acrescentou Zygar. “Trump é praticamente visto como o mascote do fim da velha ordem mundial e do fim da ideologia democrática liberal.”

Apesar das acusações de repressão e  autoritarismo, Putin mantém uma base de apoio considerável entre setores da população. Ele construiu uma imagem de força e soberania, dizendo em 2024 que "fiz tudo para que a Rússia possa ser um Estado independente e soberano, capaz de tomar decisões de acordo com seus interesses".

Mas, em seu aniversário de 25 anos no poder, a realidade é que a Rússia enfrenta um cenário político conturbado, com uma oposição silenciada e uma população cada vez mais insatisfeita com os altos custos da guerra e da inflação.

A visão de Putin para a Rússia do futuro é de uma nação que desafia o Ocidente, mas o quadro econômico e político atual coloca em xeque sua capacidade de sustentar essa posição no longo prazo.

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