Elmano sobre pulverização de agrotóxicos: prefiro que seja feita por um drone, não por uma pessoa

O gestor se disse contra a utilização de agrotóxicos e defendeu a realização de pesquisas para avançar na transição para um defensivo agroecológico, mas reforçou que enquanto não ocorre prefere que a ação seja feita por uma máquina.

O governador Elmano de Freitas (PT) comentou a aprovação - e o apoio que deu - ao projeto que permite a pulverização de agrotóxicos por drones no Ceará. O gestor justificou a posição devido a sua trajetória ligada a trabalhadores rurais, se disse contra os agrotóxicos e argumentou que é preferível que uma máquina faça a função do que um cidadão. As declarações foram dadas em entrevista à Rádio O POVO CBN, na última quinta-feira, 26.

“Minha posição pessoal de apoio ao projeto é pela minha vida de advocacia aos trabalhadores rurais. O Estado do Ceará aprovou uma lei de proibição de pulverização por avião, que continua proibida. Em 2018, o Estado comprava de agrotóxico, algo em torno de R$ 600 milhões; Em 2022, o Estado comprou algo em torno de R$ 1 bilhão. Mesmo com a lei proibindo, aumentou o consumo”.

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Elmano citou as condições em que ocorre a pulverização como argumento para a mudança. “A questão que fica é, quem é que está aplicando esse produto nas plantas? Um trabalhador, um cidadão, com uma família, e que está com um costal pulverizando, inalando o agrotóxico e às vezes com o agrotóxico caindo na sua pele. Eu fui advogado desse povo. Eu sou da opinião que se é de um trabalhador estar inalando, nessas condições, prefiro que seja feito por um drone”.

O tema gerou muitas críticas a Elmano pela forma como foi aprovado na Assembleia Legislativa (Alece). Deputados alegaram falta de tempo para discussão sobre o projeto, que tramitou em regime de urgência e foi sancionado horas depois pelo governo. O tema inverteu papeis, com parte da base do governo votando contra e opositores votando a favor.

Ao O POVO, o gestor defendeu a realização de pesquisas para avançar na transição para um defensivo agroecológico. “Devemos investir em pesquisa. Até lá, acho mais prudente, que nessa transição, até termos o defensivo, que (a pulverização) seja feita por um drone e não por uma pessoa. Questionado sobre as críticas que recebeu e como se sentiu, pontuou: "Senti que um governador, para ser governador, tem que ter coração grande. Ter paciência, tranquilidade, disposição para dialogar e o futuro vai demonstrar”.

Por fim, o petista fez uma indagação a quem criticou a medida. “Pergunto ao parlamentar, ao cidadão que discutiu, se fosse você que tivesse que aplicar o agrotóxico numa planta para ganhar seu dia a dia, você preferia aplicar, inalar e cair na sua pele, ou você preferia ter o drone? Quem tem sensibilidade com o trabalhador vai falar que prefere o drone".

E complementou: "E não é que estamos dizendo que é bom, é ruim ter agrotóxico (...) se eu pudesse, proibiria o trabalhador de aplicar agrotóxico na sua vida, isso deveria ser nossa luta de cidadania do trabalhador rural. Tem pouca coisa tão insalubre quanto um trabalhador rural andando com agrotóxico e aplicando”.

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