Pela 2ª vez, Eduardo Girão lança candidatura à presidência do Senado
"A gente tem que dar um basta nessa questão do Senado ser puxadinho do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto", disse o parlamentar
22:42 | Dez. 18, 2024
O senador cearense Eduardo Girão (Novo) se lançou candidato a presidente do Senado em sessão nesta quarta-feira, 18. Essa a segunda vez que o parlamentar disputará o cargo.
"Naquele ano que eu me candidatei, em 2023, eu abri [mão] porque vi, na hora da votação, que o senador Rogério Marinho (PL-RN) tinha mais apoio. Eu não queria colocar a cabeça no travesseiro depois e, faltando voto, atrapalhar uma eleição ali naquele momento", disse em entrevista ao O POVO, em Brasília.
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Girão seguiu defendendo que o voto deixe de ser secreto. "O Senado é chave para que os demais Poderes possam realmente ter harmonia e não subserviência. Então lancei meu nome, vou levar até o final. E acredito que a gente precisa debater, que a sociedade participe. O brasileiro está gostando de política, está acompanhando. Então, que ele possa participar junto ao seu representante, de forma ordeira, pacífica, respeitosa".
Girão avalia que "quanto mais candidatos melhor". "Eu acho que colabora com a qualidade do debate. A sociedade não está debatendo que nós estamos em vias aí de ter Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e a gente já viu esse filme. Então, eu acredito que a gente tem que dar um basta em acordões", considerou.
"A gente tem que dar um basta nessa questão do Senado ser puxadinho do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. Eu, inclusive, votei matérias a favor do Lula, do governo Lula. Eu sei diferenciar isso e vou fazer, como presidente do Senado, se chegar, vou ter essa sabedoria de o que for bom para o Brasil, mesmo que venha do Palácio do Planalto, do governo, que a gente possa deliberar. Agora, o Senado sem interferência", acrescentou.
Para Girão, o atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) "deixou muito a desejar". "Ele deixou correr frouxo para os interesses do STF e do governo Lula, e não se preocupou com os interesses de uma casa revisora da República. Então, não foram poucas vezes que a Câmara desfez o que o Senado fez, e o Senado é que é a casa revisora. Não foram poucas vezes que o STF veio legislar aqui", disse acrescentando que faltou "altivez" da parte de Pacheco.
Atuação no Senado Federal
No Senado, a atuação de Eduardo Girão é marcada pela alta presença nas sessões e uso da tribuna para declarações em favor da liberdade. Ele atuou na CPI da Covid-19, onde criticou governadores por compras por meio do Consórcio Nordeste e também defendeu medicamentos sem eficácia científica comprovada, como a hidroxicloroquina. (A assessoria do senador ressaltou que, diferentemente do publicado anteriormente, ele não foi contra isolamento social ou uso de máscara).
Neste 2024, o parlamentar tem se manifestado de forma recorrente contrário ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, chegando até a pedir o impeachment do magistrado , criticando o julgamento dos réus do 8 de janeiro.
Um momento que viralizou foi o de Girão usando a tribuna do Senado Federal para agradecer, em inglês, ao bilionário Elon Musk (dono do X, ex-Twitter), pela posição em favor da liberdade de expressão e por ser crítico a Moraes.
Outra posição marcante do senador é o fato de ser contrário ao aborto e favorável ao PL discutido no Congresso sobre aumentar a pena para quem cometer a prática. Eduardo Girão presidiu uma sessão no Senado em que foi realizada uma apresentação teatral sobre a temática. Nela, uma atriz encenou ser um feto abortado e transmitiu imagens de aborto real quando crianças estavam presentes.
Com informações de João Paulo Biage, correspondente do O POVO em Brasília
Atualizada em 19/12, às 11 horas