Médico diz que Lula "está com as funções neurológicas preservadas" após cirurgia
Médicos do Hospital Sírio-Libanês dizem que Lula está consciente e que nenhuma função neurológica foi afetada
14:09 | Dez. 10, 2024

Os médicos do Hospital Sírio-Libanês informaram que nenhuma função neurológica do presidente Lula foi afetada pela cirurgia ou pela hemorragia intracraniana. Ele está “bem” e “consciente”, comunicaram os médicos em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira, 9.
Além disso, os profissionais de saúde disseram que Lula “encontra-se estável”, sem “alteração alguma". Sem alterações no movimento e fala, o presidente está "se alimentando bem, conversando normalmente e deverá ficar em observação nos próximos dias”. "Ele [o sangramento] comprimiu o cérebro, ele foi removido, o cérebro está descomprimido e ele está com as funções neurológicas preservadas', destacou o cirurgião Marcos Stavale.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisou ser submetido a uma cirurgia que durou cerca de duas horas na madrugada desta terça-feira, 10, por causa de uma hemorragia intracraniana decorrente do acidente domiciliar sofrido em 19 de outubro deste ano.
Segundo o boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês, às 4h da manhã desta terça, 10, o presidente foi à unidade de saúde em Brasília, “para realizar exame de imagem após sentir dor de cabeça".
O boletim informa que a ressonância magnética mostrou hemorragia intracraniana, provocada pelo acidente domiciliar sofrido há pouco mais de um mês, em 19 de outubro. Conforme as informações divulgadas na época, o presidente Lula escorregou no banheiro do Palácio da Alvorada e bateu a parte de trás da cabeça. Na ocasião, ele foi tratado e levou pontos - que podiam ser vistos em sua nuca.
Após o exame de imagem feito em Brasília, na última segunda, 9, ele foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para fazer uma "craniotomia para drenar o hematoma" - método cirúrgico usado para aliviar a pressão, quando há formação de um coágulo ou hemorragia.
“O sangramento estava coagulado entre o cérebro e a meníngea - chamada membrana dura-máter. Foi um sangramento espontâneo e tardio”, conforme comunicaram os médicos responsáveis pela cirurgia.
Nesse tipo de procedimento, uma parte do crânio é temporariamente removida para possibilitar o acesso ao cérebro. Esse método cirúrgico é feito para tratar diversas condições neurológicas, tais como tumores cerebrais, traumatismo, aneurisma, entre outros tipos.
“A cirurgia transcorreu sem intercorrências. No momento, o presidente encontra-se bem, sob monitorização em leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva)”, informa o boletim.
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O que é a hemorragia intracraniana?
Como o próprio nome indica, a hemorragia intracraniana é um sangramento que ocorre dentro do crânio - mais especificamente dentro do osso da cabeça. O acúmulo de sangue pode provocar uma espécie de pressão no cérebro.
Isso pode ocorrer em algumas das estruturas abaixo dos ossos, como o cérebro ou as camadas que revestem e protegem o sistema nervoso, chamadas de meninges.
Em artigo assinado por especialistas do Centro Médico da Universidade do Nebraska, nos Estados Unidos, eles classificam a hemorragia intracraniana em quatro tipos, de acordo com o local. Segundo eles, a hemorragia pode ser:
- Epidural - entre o crânio e a dura máter, uma das membranas protetoras do sistema nervoso.
- Subdural - abaixo da dura máter
- Subaracnoide - abaixo da membrana aracnoide.
- Intraparenquimal - nas próprias estruturas do cérebro.
Segundo o artigo da Universidade de Nebraska, em casos de hemorragia intracraniana é preciso "avaliação neurocirúrgica imediata", como aconteceu com o presidente Lula.
No quadro do presidente brasileiro, o acúmulo de sangue aconteceu na superfície do cérebro, no espaço que existe entre o órgão e aquelas camadas que protegem o sistema nervoso. “Entre o cérebro e a dura mater” - na parte externa ao cérebro, informaram os médicos.
O quadro pode ser causado por rompimentos sanguíneos e ferimentos na cabeça após quedas ou acidentes. A condição do presidente Lula estava diretamente relacionada à queda que sofreu há dois meses.