José Genoino defende que PT precisa realinhar com a esquerda

Líder histórico na luta contra a ditadura militar e um dos construtores da identidade petista, ex-deputado fez uma análise da situação do partido

21:25 | Dez. 09, 2024

Por: Cíntia Duarte
José Genoino, 2013, em sessão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. (foto: LUCIO BERNARDO JR/Câmara dos Deputados)

José Genoino, ex-presidente nacional do PT, afirmou que “está na hora” do partido realinhar com a esquerda e buscar novos debates com a população trabalhadora. “Temos uma liderança forte que é o presidente Lula, a pessoa que eu tenho muito respeito, e quando eu faço as minhas observações, as minhas críticas, é para ajudar, para contribuir com esse processo. Porque quando a esquerda perde a sua identidade, perde a sua radicalidade, quem ganha a presença é a extrema direita”, afirmou o ex-deputado nesta segunda-feira, 9, em entrevista à Rádio O POVO CBN.

“Estou empenhado nessa reflexão para atualizar a linha política do partido [...] fazer um debate de mudanças organizativas do partido, diminuir o peso da burocracia, dos mandatos parlamentares e fortalecer a militância social e a militância política, junto com a formação para a gente entender esse mundo que a gente quer mudar”, defendeu.

Militantes histórico da esquerda no período da ditadura militar brasileira e um dos fundadores do PT, Genoíno defende a reestruturação partidária para conseguir enfraquecer a direita no país.

Na entrevista, foi posta em pauta também a tentativa de golpe militar ocorrida após a vitória de Lula sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Genoíno avalia que o Brasil nunca enfrentou adequadamente a tutela militar e vê a tentativa fracassada de ruptura institucional como uma oportunidade para enfrentar a questão.

“Abre a possibilidade de a gente, além de punir sem anistia, que foi o grito da multidão na posse do Lula, fazer reformas estruturantes, fazer reformas de fundo do papel Constitucional das forças armadas na política de defesa, na estruturação das forças armadas e enfrentar essa ala golpista”, analisou.

Passada as eleições municipais, o jogo político começa a se desenhar para as eleições gerais de 2026. Visando o fortalecimento da esquerda, sobretudo do PT, o ex-deputado apontou o diálogo como caminho para retornar a postura defendida por ele no partido.

“Eu acho que o PT precisa definir as linhas básicas de um projeto de futuro para o país. Um projeto que é, a um só tempo, democrático, independente, justo socialmente, justo ecologicamente, justo culturalmente, que respeita a diversidade do país”, ponderou.