Prefeito tenta retirar poço de comunidade onde adversário teve mais votos e MPCE é acionado
O poço está funcionando normalmente após a tentativa, como informaram órgãos oficiais. Prefeito nega intenção políticaA Prefeitura de Poranga, distante 349,67 quilômetros de Fortaleza, tentou mover de local um poço de água potável que fica localizado no distrito de Cachoeira Grande, bem perto da divisa com o Piauí. O local fica a cerca de 48 quilômetros da sede do Município.
Segundo O POVO apurou, máquinas da Prefeitura foram ao local, com a presença de um secretário da gestão, para iniciar os trabalhos para fechar o poço e levar os equipamentos para outro lugar. O caso gerou alarde na população e mobilizou o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH).
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O promotor de Justiça José Arteiro, titular da 1ª Promotoria de Justiça de Crateús, esteve no local e, após tomar conhecimento do fato, adotou medidas sobre a situação. “O membro do MPCE foi ao Distrito de Cachoeira Grande e verificou que havia máquinas da Prefeitura de Poranga para retirar o poço profundo do local”, ressaltou o Minustério Público, por nota.
Após a constatação, o promotor de Justiça expediu recomendação e entregou pessoalmente ao prefeito, Carlos Antônio (PT), requerendo a permanência e funcionamento do poço profundo. Diante do documento, conforme o MPCE, o prefeito garantiu que iria "cumprir o recomendado".
O equipamento é recente na região. Ele foi perfurado e instalado pelo Governo do Estado do Ceará no mês de junho deste ano e mantém a marca da Superintendência de Obras Hidráulicas do Ceará (Sohidra).
“A região apresenta problemas de abastecimento e a obra viabilizava uma maior segurança hídrica para a população da comunidade”, explicou o órgão. O ato foi considerado como “vandalismo” pela pasta estadual, que informou que o poço está funcionando normalmente.
Mudança do poço: por que a Prefeitura de Poranga quis mudar a estrutura do lugar?
Circulam vídeos, gravados na região, com acusações de que a mudança teria motivações políticas. A principal alegação é que, apesar de o candidato do partido do prefeito, Roberto Uchôa, ter sido eleito, o distrito teria dado “votos” para o adversário, o vice-prefeito Igor Pinho (PSD).
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Igor nem teve a maioria dos votos na região. Ele tirou 151 votos, enquanto o petista teve 172 votos e venceu a eleição com 52% dos votos gerais do Município. Foi uma diferença de 21 votos no distrito. A eleição em Poranga teve 8.304 votos totais, com 504 votos entre Roberto e Igor.
“Como o pessoal não voltou nele, o pessoal que está mais próximo desse outro poço que está instalado, ele queria arrancar o poço e levar as coisas para esse outro poço que não está instalado. Era o que ele estava alegando, uma defesa dele”, afirmou o vice-prefeito.
Ele alegou ainda que o prefeito estaria tentando levar a estrutura do poço que já está finalizado e concluído para outro que ainda está em fase de finalização. A versão foi dita também por outra fonte que não quis se identificar.
“A Sohidra instalou (o poço) agora há pouco tempo, acho que foi em junho, aí não se pode você tirar, desinstalar um posto desse até porque houve recursos do Estado investido. Você não pode fazer essa mudança. E principalmente porque o pessoal lá não votou nele. A gente sabe, eles lá sabem que foi por isso, só que ele (o prefeito) se defendeu, dizendo que era porque ia instalar num outro local”, disse ainda Igor.
A tentativa de mudança virou tema também na Câmara Municipal de Poranga. "O que está acontecendo, o problema é sério presidente, o cara mandar enterrar o poço, o poço cavado pela Sohidra, pelo Governo do Estado, que faz o maior esforço para ajudar o município como o nosso. Entregar instalado e o cara ir lá querer arrancar a bomba e entupir o poço. Tiveram que chamar o Ministério Público, estiveram com a polícia", afirmou o vereador Tica do Zezé (PT).
A hipótese política também foi citada pelo vereador Bobô (MDB). Ele explicou que a família que mora perto do poço é a responsável por pagar as contas de energia para que o poço funcione para também outras pessoas que moram próximas.
"Por perseguição política, porque eu acho que não votaram no candidato do prefeito, porque o pessoal é adversário, iam entupir o poço. Precisava aquele tanto de gente para limpar um poço?", disse. A menção a limpeza seria porque os vereadores foram informados que a ação seria apenas para limpeza da região.
Prefeito nega motivação politica
O prefeito foi contatado e conversou sobre o caso. "Esse poço é afastado das casas. Eu queria puxar a instalação do poço pras casas mais próximas. É mentira (sobre desinstalarem)”, ressaltou.
Ele alegou que a família que é dona do local em que o poço está localizado queria se “apossar”, do equipamento e, por isso, houve a tentativa de mudar a instalação.
Ele ressaltou ainda que um fiscal irá ao local e apontou que todos os poços são de responsabilidade do Município. O objetivo (da ação) seria instalar a água para as residências.
Colaborou a repórter Ludmyla Barros
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