Conheça o Missão, partido que o MBL tenta criar e que causou "furor" em jogo do Ceará

Segundo o MBL, foram coletadas mais de 811 mil assinaturas, o que permitiria a criação do partido

11:29 | Nov. 28, 2024

Por: Júlia Duarte
Renan Santos é nome do MBL e deve constar como fundador do Missão (foto: Reprodução/Instagram)

Após a classificação do Ceará para a série A do Campeonato Brasileiro, no domingo, 24, jogador do time exibiu bandeira do partido Missão. O atleta afirmou que não tem partido político e segurou a bandeira "no calor do momento" já que, ao fim do jogo, muitos objetos foram oferecidos para ele e outros jogadores.

O vídeo e as fotos circularam pelas redes sociais. Apoiadores do partido celebram o registro, adotado por eles como gesto de apoio. Houve quem ficasse na dúvida sobre o que era ou que defende o partido.

O que é o Missão, partido que está sendo criado pelo MBL?

O Movimento Brasil Livre (MBL) divulgou, no último sábado, 23, durante convenção em São Paulo, já ter conseguido todas as assinaturas necessárias para fundar um novo partido político.

No total, segundo o grupo, foram recolhidas 811 mil assinaturas, sendo que duzentas mil já estão disponíveis para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fazer a validação. O TSE fixa que é necessário um total de 547 mil assinaturas para ser possível criar uma nova sigla.

Após o reconhecimento das assinaturas, é necessário que a legenda registre diretórios em ao menos nove Estados e em seguida peça o registro do estatuto partidário e do diretório nacional no TSE.

Renan Santos, fundador do “Missão”, é coordenador do MBL, que surgiu durante as manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O grupo tem uma relação de “amor e ódio” com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Dividiam as mesmas pautas: antipetismo, a luta contra a corrupção e o desejo de reformas estruturais.

Mas atritos com Bolsonaro e seus aliados fizeram os grupos se afastarem, o que levou a perda de quadros como o vereador por São Paulo Fernando Holiday, hoje filiado ao PL, partido de Bolsonaro. Outro que saiu do MBL foi o vereador mais votado também por São Paulo, Lucas Pavanato (PL). Ele ficou conhecido por gravar vídeos provocativos contra figuras de esquerda pelas redes sociais.

A projeção do MBL é que o partido comece a atuar em 2025 para poder participar das eleições para o Congresso, governos e Presidência. Para o Palácio do Planalto, o plano seria realizar uma “prévia” entre o ex-deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, e o empresário e comentarista da Jovem Pan, Cristiano Beraldo. O vencedor seria candidato pelo Missão.

Arthur do Val está com os direitos políticos suspensos até 2030, após ter o mandato de deputado estadual cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 2022. A decisão aconteceu após vir à tona áudios gravados por ele durante uma viagem à Ucrânia em que afirma que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres". Ele compara a fila de refugiadas à entrada de uma balada com mulheres bonitas.

O então parlamentar renunciou ao mandato antes da cassação ser consumada, mas isso não impediu a suspensão dos seus direitos políticos. O integrante do MBL apresentou um pedido de anulação do processo de cassação para recuperar seus direitos políticos.

A maior parte dos parlamentares ligados ao grupo atua em São Paulo. O maior expoente do MBL é o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP). O grupo ainda conta com o deputado estadual Guto Zacarias (União-SP) e com 13 vereadores eleitos.