Plano para golpe de Estado tinha até assessoria jurídica e de imprensa; veja detalhes

Minuta encontrada pela PF intitulada "gabinete institucional de gestão de crise", detalha a estrutura administrativa do golpe de estado

16:13 | Nov. 22, 2024

Por: Rogeslane Nunes e Wilnan Custódio
Jair Bolsonaro é indiciado pela PF pela terceira vez nessa quinta, 22. (foto: Alan Santos/PR)

O plano de golpe de Estado e assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tinha partes detalhadas para conter possíveis crises, caso o ato fosse consumado, incluindo assessoria jurídica e de imprensa. 

O documento, divulgado pela Polícia Federal (PF), detalha os indícios colhidos durante a investigação instaurada para apurar o planejamento de tentativa de golpe de Estado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e militares.

A conclusão do inquérito pela PF indiciou 37 pessoas supostamente envolvidas em uma organização criminosa golpista. Dentre os nomes, aparece o ex-presidente da República, ex-ministros, ex-assessores, policiais federais e um padre.

Na lista levantada pela polícia, dois cearenses aparecem entre os indiciados. São eles: os generais Estevam Theóphilo Gaspar de Oliveira e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

O trabalho da PF identificou um plano detalhado operacional, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, com o objetivo de assassinar Lula e Alckmin, além do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

As investigações apontam que, possivelmente, o planejamento da operação “Punhal Verde Amarelo” tenha sido impresso no Planalto por Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência e general da reserva.

Ainda de acordo com as investigações da Polícia Federal, além do documento de planejamento “Punhal Verde e Amarelo”, os agentes identificaram também outros dois arquivos com o general Mário Fernandes. No inquérito, consta que o primeiro desses documentos se tratava de um minuta, com o título “gabinete institucional de gestão de crise”, sendo o arquivo nomeado como “HD_2022a.doc”.

Segundo a PF, “nesse documento, conforme visualização em sequência, consta a finalidade de instituição do gabinete, as referências legais, a missão, o objetivo, as diretrizes e, por fim, a estrutura organizacional” do hipotético gabinete que iria gerir o possível golpe de Estado.

Consta na denúncia da polícia o general Mário Fernandes como a última pessoa a modificar o documento, às 14h06min do dia 16/12/2022, mesmo dia de criação da minuta, que consta, segundo os investigadores, o horário de 10h43min. De acordo com a investigação, a minuta passaria a valer no mesmo dia, 16/12, um dia depois do evento "Copa 2022", que seria o provável sequestro do ministro Alexandre de Moraes. 

No texto apresentado pela PF, os agentes policiais conseguiram chegar na estrutura que iria compor o gabinete que ficaria responsável por efetivar a gestão do golpe. Os nomes apontados pela polícia foram também indiciados. Veja abaixo:

  • Chefe - General Augusto Heleno
  • Coordenador-geral - General Braga Netto
  • Assessoria estratégica - General Mário Fernandes
  • Assessoria estratégica - Coronel Elcio
  • Assessoria de inteligência - Coronal Azevedo
  • Assessoria de inteligência - Coronel Vieira de Abreu
  • Assessoria de inteligência - Coronal Kormann
  • Assessoria de relações institucionais - Felipe Martins

Além da estrutura mencionada, o gabinete do golpe também teria uma estrutura de comunicação social como o objetivo de "influenciar a opinião pública e motivar público alvo, nacional e internacional de forma a favorecer as ações planejadas e em curso", segundo a própria minuta golpista apreendida pela PF. 

O decreto também previa coordenar as atividades de todos os ministérios com a finalidade de "estabelecer discurso único, em todos os níveis, nas atividades de comunicação social para evitar interpretações e ilações que desinformem a população". Ainda segundo o documento golpista, o gabinete deveria escolher um porta-voz "com notoriedade nacional e internacional". Veja abaixo os nomes de acordo com a minuta:

  • Coronel André 
  • Coronel Vilela
  • Coronel Yatabe
  • Coronel Peregrino
  • Tenente Coronel Sena
  • Tenente Coronel Letícia
  • Amanda