Indiciamento de Bolsonaro repercute entre políticos: "Grande dia" e "não é sentença"

37 pessoas foram indiciadas pela PF pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa

18:59 | Nov. 21, 2024

Por: Júlia Duarte
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é indiciado por tentativa de golpe (foto: Evaristo Sá / AFP)

A Polícia Federal (PF) finalizou nesta quinta-feira, 21, o inquérito que investigava a tentativa de golpe de Estado e organização criminosa para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foram indiciados Bolsonaro e os generais Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice na chapa que perdeu a eleição de 2022. A lista completa é formada por 37 nomes.

O fato repercutiu entre políticos. O perfil do PT publicou: "Grande dia", frase dita por Bolsonaro em 2019. Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que "cada novo detalhe dos gravíssimos planos de golpe de estado e de execução contra nossas lideranças políticas, confirmamos que veio de cima o projeto de extermínio e ódio ao Brasil". 

"Seguimos vigilantes e como disse hoje o nosso presidente Lula, é um Brasil da união que precisamos construir, onde o mais importante é fazer mais escolas, cuidar dos mais pobres, pagar salários dignos", disse ainda. 

Ministro do Dsenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Texeira (PT) citou o indiciamento afirmou que "Bolsonaro e Braga Neto sabiam do plano para matar o presidente Lula, o vice Alckimin, e o ministro Alexandre de Moraes". "Espero que a justiça os puna exemplarmente", disse.

Já o titular da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, escreveu que a notícia "oferece ao país a possibilidade de concretizar uma reação eficaz aos ataques à nossa Democracia, conquista valiosa e indelével do povo brasileiro".

Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, afirmou abre "o caminho para que todos venham a pagar na Justiça pelos crimes que cometeram contra o Brasil e a democracia". E finalizou: "Prisão é o que merecem! Sem anistia".

Aliados de Bolsonaro também usaram as redes para defender o ex-presidente. "Inacreditável que Bolsonaro, o homem que o tempo todo gritou para todos ouvirem que só faria o que estivesse dentro das quatro linhas da Constituição, e assim o fez, ser agora indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", disse a senadora Damares Alves (Republicanos), ex-ministra da Família.  

"Temos que lembrar que indiciamento não é sentença. Bolsonaro terá direito a ampla defesa e eu tenho certeza que ao longo de todo esse processo demonstrará sua inocência", disse. E completou: "Conheço e respeito alguns dos indiciados, como General Heleno, General Braga Neto, Anderson Torres, Ramagem, Felipe Martins e eles agora também terão a oportunidade de apresentar defesa".

O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL), afirmou que não há "indícios" de que os Bolsonaro tenha concordado com o plano de golpe de estado orquestrado. "Não me parece que o presidente Bolsonaro ou Valdemar, em momento algum, tenham concordado com qualquer ideia do tipo. Por enquanto, me parece a construção de uma narrativa que iniciariam objetivando a inelegibilidade e prisão do presidente Bolsonaro, maior adversário de Lula e do governo instalado".

Entenda

37 pessoas foram indiciadas pela PF pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O relatório final do inquérito tem mais de 800 páginas e foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme a PF, as provas foram obtidas por meio de diversas diligências realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.

As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência de grupos.

Confira a lista completa dos indiciados:

1.AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
2. ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
3. ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
4. ALMIR GARNIER SANTOS
5. AMAURI FERES SAAD
6. ANDERSON GUSTAVO TORRES
7. ANDERSON LIMA DE MOURA
8. ANGELO MARTINS DENICOLI
9. AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
10. BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
11. CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
12. CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
13. CLEVERSON NEY MAGALHÃES
14. ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
15. FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
16. FILIPE GARCIA MARTINS
17. FERNANDO CERIMEDO
18. GIANCARLO GOMES RODRIGUES
19. GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
20. HÉLIO FERREIRA LIMA
21. JAIR MESSIAS BOLSONARO
22. JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
23. LAERCIO VERGILIO
24. MARCELO BORMEVET
25. MARCELO COSTA CÂMARA
26. MARIO FERNANDES
27. MAURO CESAR BARBOSA CID
28. NILTON DINIZ RODRIGUES
29. PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
30. PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
31. RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
32. RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
33. SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
34. TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
35. VALDEMAR COSTA NETO
36. WALTER SOUZA BRAGA NETTO
37. WLADIMIR MATOS SOARES