Áudio de general preso em operação da PF aponta que Bolsonaro aceitou "assessoramento"

General Mário Fernandes era chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro

10:11 | Nov. 21, 2024

Por: Cíntia Duarte
A Polícia Federal prendeu Mario Fernandes nesta terça, 19, por participar da elaboração do esquema para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Áudio do general Mário Fernandes, preso sob investigação de envolvimento em plano golpista e homicida, revela que Jair Bolsonaro (PL) aceitou "assessoramento". Em contato com o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, ele comemora o gesto do então presidente. Segundo a Polícia Federal, Mário esteve em 8 de dezembro com o então presidente Bolsonaro.  

Em um primeiro áudio revelado pela PF, o general se mostra preocupado com o futuro dos atos nos quarteis e pede que Cid converse com o então presidente. 

“Cid, boa noite. Meu amigo, antes de mais nada me desculpa estar te incomodando tanto no dia de hoje. Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades. [...] A partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso pra ele, das duas uma, ou os movimentos de manifestação na rua, ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer. Recrudescer com radicalismos e a gente perde o controle, né? Pode acontecer de tudo. Mas podem esmaecer também" afirma. 

De acordo com a PF, ele seria um dos mais radicais envolvidos no golpe e sendo fonte dos manifestantes acampados nos quarteis pedindo intervenção militar. Dados de controle de acesso mostram que o general esteve no Palácio da Alvorada no dia 8 de dezembro de 2022, casa oficial do presidente da República.

Após isso, em outro áudio no dia 9 de dezembro, o general se mostra satisfeito com a atitude do então presidente Bolsonaro de ter aceitado um "assessoramento".

“Força, Cid. Meu amigo, muito bacana o presidente ter ido lá à frente ali do Alvorada e ter se pronunciado, cara. Que bacana que ele aceitou aí o nosso assessoramento. P*r#, deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a morte. Foi muito bacana mesmo, cara. Todo mundo vibrando. Transmite isso pra ele”, revela o áudio do general a Cid. 

O ex-chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência no governo Bolsonaro é apontado como um dos articuladores do plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e foi preso nesta terça-feira, 19, na operação da PF Contragolpe. 

Na sua atuação, a PF apontou que o general utilizava da alta patente militar para influenciar e incitar os demais aos núcleos de atuação para o golpe de estado.