O que se sabe sobre o plano de militares para matar Lula, Alckmin e Moraes
PF cumpriu mandados de prisão preventiva, busca e apreensão e medidas cautelares, na última terça-feira, 19Na manhã da última terça-feira, 19, a Polícia Federal (PF) deflagrou operação contra uma organização criminosa que planejou matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares, que incluem a proibição de manter contato com os outros investigados e solicita a entrega de passaportes, além da suspensão de funções públicas.
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Qual era o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes?
A PF revelou um plano de um grupo de militares para matar a chapa recém-eleita de Lula e Geraldo Alckmin, além de Moraes, identificados em diálogos dos envolvidos com os codinomes Jeca, Joca e Professora, respectivamente.
Até mesmo uma possível data para os assassinatos foi definida: 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação e antes da posse. O plano foi intitulado de “Punhal Verde e Amarelo".
Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico. Alckmin era outro alvo para evitar que assumisse por ocupar o posto de vice. No entendimento dos suspeitos, a "neutralização extinguiria a chapa vencedora”.
Para o ministro do STF foi cogitado o uso de artefatos mais pesados, como explosivos. "Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto", destaca a investigação.
Como o plano foi descoberto?
Relatório da PF destacou que as investigações sobre o plano para matar as autoridades supracitadas são um aprofundamento de dados obtidos a partir da operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro.
“Com a análise do material apreendido durante a operação ‘TEMPUS VERITATIS’, a investigação identificou
informações relevantes acerca de ações operacionais ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (FE)", destaca o documento.
A operação Tempus Veritatis teve entre seus alvos militares e então autoridades suspeitos de participar de uma tentativa de golpe de Estado com intuito de impedir a posse da chapa eleita em 2022 e manter no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Quem foi preso?
Na operação, foram decretadas as prisões preventivas de Mário Fernandes, general de Brigada (reserva) e ex-chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência da República durante a gestão do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), entre outubro de 2020 e janeiro de 2023.
Outros três militares foram presos: o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, o capitão Lucas Guerellus e o major Rafael Martins de Oliveira. Além do agente da Polícia Federal, Wladimir Matos de Oliveira.
Qual a relação com os chamados “Kids Pretos”?
Três militares dos “Kids Pretos” foram presos durante a operação da PF: Rafael Martins de Oliveira: militar com formação em Forças Especiais; Rodrigo Bezerra de Azevedo: militar com formação em Forças Especiais; e Hélio Ferreira Lima: militar com formação em Forças Especiais.
A denominação "kid preto" é um nome informal atribuído aos militares por usarem um gorro preto. Eles são especializados em operações especiais e integram as Forças Especiais (FE) do Exército.
Qual a relação com Braga Netto?
O planejamento para instaurar o golpe de Estado e executar o presidente Lula e o seu vice, Geraldo Alckmin, teria ocorrido na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, além de candidato a vice na chapa de Bolsonaro em sua busca pela reeleição em 2022.
A reunião para discutir a morte do presidente foi delatada pelo general Mauro Cid, aliado de Bolsonaro, que passou a colaborar com a Justiça. Mauro disse que o encontro ocorreu em novembro de 2022. Materiais apreendidos com o general Mário Fernandes e depoimentos comprovaram a versão.
Em quais crimes serão possivelmente enquadrados?
Conforme aponta a Polícia Federal, as ações dos militares configuram os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa. A operação foi efetivada nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e também no Distrito Federal.