Cid foi fundamental para Evandro ser candidato, mas se sentiu escanteado
Entenda a escalada de insatisfação do senador com o PTO senador Cid Gomes (PSB) decidiu romper com o governo de Elmano de Freitas (PT) e deixar a base do governador. Desde que saiu oficialmente da gestão, em 1º de janeiro de 2015, o senador seguiu fazendo parte do grupo de seu sucessor Camilo Santana (PT) e do atual governador. O rompimento encerra quase 18 anos, seja de governo como de articulação com o Palácio da Abolição. Em primeiro momento, a saída pode parecer uma surpresa, mas o senador já vinha demonstrando insatisfação sobre as decisões do bloco.
Inicialmente, o senador permaneceu do lado de Camilo e do PT no rompimento de 2022, quando o PDT votou por lançar Roberto Cláudio (PDT), em vez de Izolda Cela (PSB), na disputa pelo Governo do Estado. Com a escolha de Elmano como candidato, apesar do posicionamento favorável ao governismo, Cid ficou em silêncio e foi figura ausente da campanha.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Campanha de 2022
3 de setembro de 2022
Naquela data o senador participou pela primeira vez de ato de campanha da eleição estadual e nacional daquele ano. Em Sobral, realizou adesivaço da campanha do irmão dele, Ciro Gomes (PDT), a presidente. Não havia referências no ato ao candidato do PDT a governador, Roberto Cláudio. O senador disse que ia se preservar para o segundo turno, para tentar ser o "cupido" para reatar a aliança. Já para o Senado, ele declarou apoio a Camilo Santana.
Ele enfatizou que o fim da aliança entre PDT e PT se deu contra a vontade dele. Ao explicar o porquê do afastamento das articulações, o senador fez histórico da aliança entre os Ferreira Gomes e o PT no Ceará, desde 1996, em Sobral. "Eu me sinto meio que patrono dessa aliança, que depois se estendeu para o Estado", disse na época.
Após eleição, Cid defende retomada da aliança PDT e PT
23 de fevereiro de 2023
A virada do ano trouxe uma série de reuniões no PDT, ainda partido do senador e de muitos de seus aliados. Uma delas foi justamente sobre o apoio a Elmano de Freitas, já que parte do PDT queria fazer oposição e não integrar a base do governador. Cid destacava que parte dos pedetistas já votaram em Elmano no primeiro turno, apesar de o partido ter lançado Roberto Cláudio. O senador disse que houve uma migração de alguns que votaram em Roberto Cláudio, mas agora defendem apoio à gestão petista.
28 de fevereiro de 2023
Cid não escondeu o desejo de ver uma reconciliação entre PDT e PT. Disse que, por ele, a relação entre os partidos ainda “tinha como ser como era antes”. Ele queria que a “página fosse virada”.
“Aconteceu o PDT resolveu, deu um caminho diferente. Era uma posição, assim, liderada pelo meu irmão, que sempre foi minha referência. Eu me impus uma postura de silêncio, né? Até esperar o primeiro turno para que, a partir do segundo turno, a gente pudesse trabalhar para restaurar essa relação. É isso que eu tô fazendo, isso que eu anunciei, tô procurando restaurar”, afirmou.
Cid não crava Sarto candidato e projetava apoio do PT em Fortaleza
5 de maio de 2023
O senador Cid Gomes argumentou que, antes de pensar na reeleição, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), precisava pensar no êxito da administração na Capital. O parlamentar avalia que Sarto deveria priorizar prestar contas e ter aceitação da população.
Já se falava no nome de Evandro Leitão (PT) para concorrer. O deputado ainda era filiado ao PDT e, na prática, poderia rifar o nome de Sarto. Cid destacou Evandro como um "excelente quadro".
12 de outubro de 2023
Na época, Cid tentava a presidência do PDT no Ceará. Ele via como “razoável” o PT apoiar seu então partido pela Prefeitura de Fortaleza. Perguntado sobre o apoio à candidatura de José Sarto (PDT) à reeleição, ele ressaltou “não estar negando nada”.
O senador destacou, no entanto, que o nome seria o último a ser definido, sendo prioridade, para ele, a definição dos aliados e o apoio que a candidatura teria. Não foi a primeira vez que o pedetista expressou o desejo de unir as siglas e priorizou o arco de aliança. Ele também falou em “compartilhar” poderes. “Como o PDT tem hoje a Prefeitura, é muito razoável que a gente demande do PT o apoio ao PDT. Agora, coloca-se em função do projeto, não é porque fulano decidiu”, apontou.
Cid na disputa pela presidência do PDT e carta de anuência a Evandro
25 de agosto de 2023
Entre indas e vindas, houve acordo para Cid assumir a presidência do PDT. No cargo, ele concedeu carta de anuência para Evandro deixar o partido sem prejuízos. O diretório estadual do PDT do Ceará aprovou o texto. Questionado sobre a decisão, Cid classificou a carta como um “gesto político”.
“O diretório entendeu que ele tinha razões de projeto… Ele cogita ser candidato a prefeito de Fortaleza e, na compreensão que ele tinha, e que o diretório também chancela, é que não existiria nenhuma possibilidade de ele ser candidato pelo PDT e, portanto, ele vai ver se consegue esse espaço em outro partido”, disse Cid.
Evandro já era o nome favorito para representar o bloco governista na eleição de 2024, mas algumas siglas brigavam para recebê-lo, tanto o PT quanto outros partidos aliados, como o PSB e o Republicanos.
Evandro vai para o PT e “frusta” Cid
12 de dezembro de 2023
A saída de Evandro gerou a dúvida de qual partido ia abrigar o candidato do governo. Cid negociava qual partido iria partir junto dos aliados. Falava-se em PSB e Podemos. Foi quando Evandro anunciou que ia para o PT.
Cid manifestou lamento com a antecipação da escolha. "O fato de o Evandro já ter se antecipado, ter definido um caminho, frustra em boa parte aquilo que eu estou dizendo. Espero que seja só ele, caso isolado, e que todos os outros decidamos coletivamente", disse Cid.
4 de fevereiro de 2024
No dia que se filiou ao PSB, Cid discursou e, apesar de elogiar Evandro, alfinetou o então pré-candidato. Cid disse fazer questão de afirmar publicamente seu carinho por Evandro, para evitar intrigas, e agradeceu pela parceria. No entanto, disse que, se dependesse de sua vontade, Evandro também estaria filiado ao PSB.
No mesmo dia, Cid deixou claro que não seria bom para a política um único partido monopolizar as principais posições. O PT detinha a Presidência da República, com o presidente Lula (PT), o Palácio da Abolição, com o governador Elmano de Freitas (PT), e trabalhava para lançar nome para disputar a Prefeitura de Fortaleza nas eleições de 2024.
“Não acho que é certo você querer tudo, ser dono de tudo. Nessa mesma lógica eu já disse publicamente. É o que penso. Não é bom para política, não é especificamente o PT, não é bom para a política do Ceará, que nos últimos anos tem sido uma política que várias forças se somam, ter uma força só, um partido só com as três principais posições”, afirmou.
Vice do Evandro
29 de julho de 2024
Com Evandro definido, começou a disputa pela vice dele. PSB e PSD queriam a vaga. É tido que o senador, segundo interlocutores, teve participação no processo, embora mais afastado publicamente.
O partido presidido pelo pai do ministro Camilo Santana largou na frente para ocupar a vice do PT na disputa pelo Paço Municipal quando o diálogo se iniciou. Porém, na reta final, o PSD, com muita força de Luiz Gastão e Domingos Filho, presidentes municipal e estadual, sendo este último pai de Gabriella Aguiar, "atropelou" os concorrentes e conseguiu superar o PSB.
Cid ausente publicamente na campanha de Evandro
3 de agosto de 2024
Grande festa foi feita no dia da convenção de Evandro, confirmado como candidato à Prefeitura de Fortaleza. Presidente Lula foi um dos presentes, mas Cid não apareceu, embora fosse aguardado. Um dia antes do evento em Fortaleza, o senador marcou presença na convenção de Izolda Cela como candidata à Prefeitura de Sobral. Cid já não tinha comparecido ao evento de filiação de Evandro ao PT, no dezembro anterior.
20 de agosto de 2024
Diante da ausência de Cid, Elmano minimizou o assunto. Cid vinha, como foi no restante da campanha, dedicando-se a atos pelo Interior e até então não tinha participado formalmente da campanha de Evandro. Circularam rumores sobre suposta insatisfação com o desfecho da escolha da vice na chapa petista — disputada pelo PSB e pelo PSD.
“O tema em Fortaleza a todo momento foi tratado com o senador Cid. Conversamos muito desde a polêmica com o PDT; que o Evandro teria que sair do partido, porque ele era uma possibilidade de ser candidato e isso não seria possível no PDT. O senador Cid concordou com essa reflexão”, explicou o governador.
2 de setembro de 2024
Apesar da fala, Cid só foi entrar na campanha em setembro. Ele participou de caminhada com o candidato do PT no Parque São José logo cedo, às 7h30min.
21 de outubro de 2024
Depois, Cid apareceu em evento do PSB, que reuniu diversos prefeitos eleitos pela sigla. O senador discursou ressaltando que PSB e PT fazem parte de um mesmo projeto. "Vaidade pessoal, interesse pessoal deve ficar sempre em segundo plano, quando se coloca como principal o interesse do povo cearense de cada um dos 184 municípios do Ceará", explicou. Ele disse ter convicção da eleição de Leitão, citando pesquisas recentes.
12 de novembro de 2024
Cid disse não estar a par das discussões sobre a eleição para a Assembleia. Segundo ele, as articulações devem ser resolvidas a nível de Parlamento, mas "em harmonia com o Executivo". Ao ser questionado sobre o nome de Fernando Santana, o senador foi cauteloso. “O PSB não se posicionou, não fez nenhuma reunião, não tem uma posição formal em relação a isso. Não me pediram, eu não tenho conhecimento. Sou um integrante do PSB”, ressaltou.
Ele apontou sua participação na campanha de Evandro em Fortaleza. “No segundo turno eu fiquei, em tempo integral, procurando mobilizar lideranças do interior para ajudar na Capital", afirmou Cid, acrescentando que conversou com 61 prefeitos em busca de apoio ao petista.