PF investiga ataque com explosivos no STF como ato terrorista
As autoridades investigam, nesta quinta-feira, 14, as motivações do ataque com explosivos ocorrido na noite dessa quarta-feira contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em BrasíliaO diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, afirma que as explosões em Brasília não representam “fato isolado” e que a unidade de investigação antiterrorismo da corporação já foi acionada para auxiliar nos trabalhos.
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“Quero, inicialmente, fazer um registro da gravidade dessa situação que enfrentamos ontem. Tudo isso aponta que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica – não só a Polícia Federal, mas todo o sistema de Justiça criminal”, disse em entrevista coletiva na sede da corporação em Brasília.
"Entendemos que esse episódio de ontem não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações que, inclusive, a Polícia Federal tem investigado em período recente"
Andrei Passos, diretor-geral da PF
Passos disse ainda que já determinou a abertura de inquérito policial e o encaminhamento do caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) diante das hipóteses de atos que atentam contra o Estado Democrático de Direito e de atos terroristas.
“Estamos tratando esses casos sob essas duas vertentes e, por isso, nossa unidade antiterrorismo está atuando diretamente.”
Ataque ao STF: homem morre com explosivos
O homem que tentou entrar no STF na noite de quarta-feira com explosivos presos ao corpo morreu no ataque e seu corpo foi retirado na manhã desta quinta-feira em frente ao prédio, coberto por um saco preto, confirmou a AFP.
A polícia o identificou como Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que foi candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais de 2020.
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Ataque ao STF: repercussão das explosões
A Praça dos Três Poderes, que também abriga o Palácio do Planalto, está parcialmente vazia nesta quinta-feira e o acesso restrito.
"A Polícia Federal está trabalhando com rigor para elucidar, com celeridade, a motivação das explosões", disse o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
O ataque ocorreu menos de dois anos depois de um ataque contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo local.
O presidente ainda não se pronunciou sobre o ataque. Nesta quinta-feira, ele recebeu vários embaixadores no Planalto, que entraram por um acesso lateral, em vez da rampa principal, observou um fotógrafo da AFP.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, em Baku para a Conferência do Clima da ONU (COP29), disse nesta quinta que o ataque foi "triste e grave".
O ex-presidente Jair Bolsonaro também se manifestou nesta quinta-feira e fez um apelo ao diálogo e a uma "pacificação nacional".
"Apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional", escreveu na rede social X.
Ataque ao STF: investigação encontra mais explosivos
As forças de segurança encontraram mais artefatos explosivos na casa onde o suspeito estava, na zona oeste da capital, disse ao canal Globonews nesta quinta-feira o porta-voz da Polícia Militar de Brasília, major Raphael Van Der Broocke.
As duas explosões ocorreram em um curto intervalo. Primeiro, um veículo explodiu em um estacionamento próximo ao prédio da Câmara dos Deputados.
Depois, "o cidadão se apresentou no Supremo, onde tentou entrar no prédio, não conseguiu entrar e teve a explosão", disse a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, em entrevista coletiva.
A polícia afirmou que o carro pertencia a Francisco Wanderley Luiz.
O sargento Rodrigo Santos explicou que vários agentes faziam ronda quando avistaram um carro em chamas, com fumaça. "O indivíduo saiu correndo do interior do veículo", confirmou ele à imprensa.
O carro tinha "uma espécie de bomba, vários explosivos fraccionados, amarrados com tijolos em voltas, só que não teve a ignição total, não houve a explosão", acrescentou o sargento.
"Envenenamento" nas redes sociais, aponta Moraes
A sede dos poderes em Brasília foi cenário de um ataque no dia 8 de janeiro de 2023, uma semana após a volta ao poder de Lula depois de derrotar Bolsonaro nas urnas.
Milhares de apoiadores de Bolsonaro, insatisfeitos com a derrota do seu líder, invadiram então os edifícios, em distúrbios que lembravam o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por apoiadores de Donald Trump, dois anos antes.
Os atos de 8 de janeiro "foram muito relevantes, muito significativos, tristes também e obviamente mudaram todos os padrões de segurança de todos os poderes", disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Entre várias investigações sensíveis, o ministro do STF Alexandre de Moraes, chamado de "ditador" por Bolsonaro, lidera a apuração sobre a tentativa de golpe.
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Moraes também manteve a rede social X do magnata Elon Musk suspensa temporariamente no Brasil este ano em retaliação à recusa da plataforma em cumprir ordens judiciais contra a desinformação.
"As autoridades públicas, aqueles que defendem a democracia, devem se unir exatamente para que haja responsabilização, para que haja uma regulamentação das redes sociais", disse o ministro nesta quinta-feira.
"Não é possível mais esse envenenamento constante" nas plataformas, acrescentou, ao referir-se ao "pior ataque" contra o STF desde 8 de janeiro de 2023. (Com informações da repórter Paula Laboissière/Agência Brasil e da AFP)
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