Deputado que conhecia autor das explosões no DF diz que ele "aparentava severos problemas mentais"
Jorge Goetten diz que conhecia o autor das explosões e o recebeu em seu gabinete ainda em agosto deste ano
12:00 | Nov. 14, 2024
"Um cara que eu conhecia há mais de 30 anos, um empreendedor de sucesso, de família do bem”: é assim que o deputado federal Jorge Goetten (Republicanos - SC) descreve Francisco Wanderley Luiz.
Francisco foi o homem encontrado morto próximo ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), após as explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite dessa quarta, 13.
Jorge Goetten afirma que conhecia Francisco e que o recebeu em seu gabinete algumas vezes, sendo a última em agosto deste ano. "No ano passado, comentei no gabinete que tinha achado ele meio estranho, emocionalmente abalado. Ele falava muito da separação dele. Ele me pareceu meio abalado", afirma o deputado ao jornal Folha de S.Paulo.
Por meio de uma mensagem enviada em um grupo de WhatsApp com os deputados opositores do governo Lula, o congressista dizia que conhecia Luiz e sua família e que ele “realmente aparentava severos problemas mentais”.
Goetten também diz que lamenta a morte: “Como parlamentar, pelo fato de a Câmara dos Deputados estar envolvida nesse episódio que não merece”.
“E nosso gabinete talvez tenha uma parcela de culpa nisso, mas é impossível impedir essas loucuras que acontecem com um ser humano com saúde mental abalado. Jamais imaginaria que ele poderia causar isso para ele e para a sociedade", disse.
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As duas fortes explosões foram registradas na noite de ontem, pouco antes das 20h, na Praça dos Três Poderes, no Distrito Federal. No momento, alguns políticos ainda estavam em atividade, porque ocorriam sessões de plenário na Câmara e no Senado.
Em nota nessa quarta, 13, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), disse que a explosão de um carro em um estacionamento próximo à sede "deve ser apurada com a urgência necessária para esclarecimento de todas as suas causas e circunstâncias". Ele também reafirmou “total repúdio a qualquer ato de violência".
As sessões foram interrompidas após o ocorrido, enquanto os parlamentares debatiam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende ampliar a isenção das igrejas. Lira determinou a suspensão de todas as atividades legislativas e administrativas da Câmara até às 12h desta quinta.
"Por determinação do presidente-em-exercício da Mesa, Deputado Sóstenes Cavalcante, os trabalhos do plenário foram suspensos temporariamente, por medida de segurança, para garantir a integridade dos parlamentares e dos servidores da Casa. Em seguida, a sessão foi encerrada", informou Arthur Lira, por nota.
Em depoimento à Polícia, um segurança do STF disse que o autor das bombas havia se aproximado da estátua da Justiça em uma “atitude suspeita” - deitou no chão e aguardou uma das explosões acontecer. O segurança também falou que tentou se aproximar do homem, mas foi advertido por ele mesmo e imediatamente acionou reforço.
De acordo com o boletim de ocorrência ao qual o portal Uol teve acesso, o autor do atentado carregava uma mochila e um extintor. Além disso, o boletim comunica que Francisco havia lançado itens que causaram a explosão e que a distância contribuiu para impedir que o STF fosse atingido.
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O suspeito do atentado, Francisco Wanderley Luiz, é catarinense de Rio do Sul e foi candidato a vereador em 2020 pelo PL, com o nome “Tiü França”. Ele recebeu 98 votos e não conseguiu se eleger para o cargo.
Horas antes das explosões, Luiz fez publicações no Facebook sobre bombas na residência de lideranças políticas: "Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de matérias etc.", escreveu. O corpo de Francisco Wanderley Luiz só foi retirado da Praça dos Três Poderes, em Brasília, na manhã desta quinta, 14.
Este evento também é significativo neste momento, uma vez que o atentado acontece poucos dias antes da Cúpula do G20, que ocorre entre os dias 18 e 19 deste mês e contará com a presença de várias lideranças internacionais. Dentre as autoridades, virão o presidente da China Xi Jinping e o atual presidente dos Estados Unidos Joe Biden - que deve vir ao Brasil na próxima segunda, 18.