Escala 6x1: Único deputado do PL a assinar PEC diz que posição gerou incômodo dentro do partido

Apesar disso, parlamentar ressaltou que teve autonomia preservada e não recebeu reclamações por parte de lideranças do partido

11:57 | Nov. 13, 2024

Por: Vítor Magalhães
Deputado Fernando Rodolfo (PL-PE) foi o único parlamentar do seu partido a assinar a PEC do fim da escala 6x1. (foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

O deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE), único parlamentar do PL a assinar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do fim da escala 6x1 (seis dias trabalhados e um dia de descanso) disse que sua posição gerou incômodo entre outros parlamentares filiados à legenda ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar disso, o parlamentar ressaltou que não recebeu orientação do partido para retirar a assinatura ou represálias por parte de lideranças nacionais da sigla.

Fernando defende que a discussão sobre o tema é necessária e que vai além das ideologias partidárias. Em entrevista ao programa O POVO News, nesta quarta-feira, 13, ele defendeu o debate e formas de compensação aos empregadores numa eventual medida de redução da jornada de trabalho.

"Dentro do PL não recebi nenhuma orientação, no sentido de retirar a assinatura, nem reclamação por parte do líder do partido (na Câmara) nem do presidente nacional (Valdemar Costa Neto). Minha autonomia como parlamentar está preservada neste aspecto", declarou.

Em seguida, citou ruídos entre correligionários após declarar posição favorável à PEC. "Dentro do universo de deputados, existem aqueles que não gostaram da minha posição; porque acaba gerando um desconforto dentro do grupo. Mas é natural, coisa da política. Não estou preocupado com a reação de quem quer que seja. Estou preocupado em defender aquilo que eu penso, como parlamentar, que é colocar os interesses do povo acima dos interesses partidários e é isso que tenho feito", afirmou.

Questionado sobre se realmente acredita ser possível abolir a escala 6x1 e como avançar no debate, o deputado do PL destacou que o texto precisa de maturação e propostas que compensem empregadores por uma eventual mudança no regime de trabalhadores.

"A escala 5x2 teria mais facilidade de ser discutida no Congresso. Uma PEC dessa natureza para ser aprovada demanda um certo tempo. Esse tempo é necessário para maturar o texto, fazer alterações devidas, deixar o texto mais fácil de ser aprovado e de uma forma que atenda a necessidade da classe trabalhadora, essa é uma jornada (de trabalho) cruel e quem já foi CLT sabe. Tenho muita facilidade de falar sobre isso porque eu fui CLT a vida inteira, antes de ser deputado. Tem muitos deputados aí que são patrões, diferente de mim. Então tenho essa facilidade de compreender a dureza que é a escala 6x1".

Fernando reforçou que é necessário discutir com todos os lados envolvidos no processo e, inclusive, ouvindo especialistas. "A gente precisa atender a classe trabalhadora nisso, mas também entender o lado da classe patronal. Uma medida de compensação tributária pode ser a chave para que a gente encontre um ponto de equilíbrio nessa discussão. É natural que na fase de audiências públicas e comissões a gente tenha a presença de especialistas, que deem o Norte. O político toma a decisão política, mas é preciso que haja o encontro entre o político e o técnico", defendeu.