Se Brasil tivesse mesmo modelo eleitoral dos EUA, Bolsonaro teria vencido Lula; entenda

Veja os números de delegados projetados para Lula e Bolsonaro, em 2022, caso o Brasil utilizasse o mesmo sistema de colégio eleitoral adotado pelos Estados Unidos

Toda eleição presidencial norte-americana é a mesma situação: a imprensa precisa lembrar aos seus leitores e espectadores como funciona o modelo de eleição indireta adotado pela democracia estadunidense. No modelo que estamos habituados no Brasil, o voto é direto, assim como na maioria dos países, e vence quem tem a maioria absoluta de votos, ou seja, a metade mais um.

No país ao norte do continente é diferente: o que conta são os delegados eleitorais, escolhidos em números diferentes para cada estado de acordo com o tamanho da população. A Califórnia, o estado mais populoso do país, tem 54 delegados. O Texas, o segundo com mais habitantes, tem 40 delegados. A Flórida, o terceiro, tem 30, Nova Iorque, o quarto, tem 28, e assim por diante.

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No modelo, o candidato que vence em cada estado leva todos os delegados, à exceção dos estados do Maine e Nebraska, que distribuem proporcionalmente a quantidade de delegados pelo número de votos em cada candidato.

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Um bom exemplo para explicar a peculiaridade do sistema: é só olhar para a primeira eleição de Trump em 2016, quando o candidato teve menos votos na maioria absoluta, porém, conquistou uma quantidade maior de delegados. Essa é uma das peculiaridades do sistema do país: vence quem tem mais delegados, não votos.

No país norte-americano, os delegados eleitorais são 538 ao todo. Para se chegar neste número, são somados o número de deputados por estado, que varia de acordo com o tamanho da população, mais o número de senadores, que é de 2, igual para cada unidade federativa. Por exemplo, a Pensilvânia tem 17 deputados e 2 senadores. Somando-se os números, são 19 delegados no colégio eleitoral.

E se fosse aplicado o modelo eleitoral dos Estados Unidos no Brasil, quem teria sido eleito em 2022?

Para tentar chegar próximo do cenário adotado pelos Estados Unidos, vamos utilizar o número total de 513 deputados, que varia de acordo com o tamanho da população de cada estado, mais o número de 81 senadores, sendo três a cada unidade federativa. Nessa lógica, o estado brasileiro com o maior número de delegados seria São Paulo, com 73 delegados, vindos do número de 70 deputados mais três senadores.

Nos Estados Unidos, o candidato a presidente precisa alcançar metade dos delegados mais um, 270, chamado também de “número mágico” pela imprensa americana. Pelo números brasileiros, a soma seria 298, a metade mais um, o passaporte para quem desejasse subir a rampa do Planalto.

Levando esse sistema de maioria de delegados, e não de votos absolutos, Bolsonaro teria vencido a eleição que disputou contra Lula em 2022, mesmo sem a maioria do voto popular. Veja os números no final da matéria.

Nossos estados pêndulos?

Conhecidos como “swing states” ou “estados pêndulo” na tradução para o português, eles são os estados que tradicionalmente não têm um lado definido, podendo mudar a depender da eleição. Os mais conhecidos são Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin. Nesta eleição, a Pensilvânia se configurou como o mais importante, tendo 19 delegados no colégio eleitoral. Inclusive nos acostumamos a ouvir na cobertura da imprensa que “quem levar a Pensilvânia, leva a eleição”.

E, de fato, Trump venceu neste estado. Trazendo para realidade brasileira, é possível observar alguns estados que também são pendulares, e mudam de posição de acordo com a eleição. Dois estados se destacam, o Amazonas e Minas Gerais.

Desde a redemocratização do país, quem venceu a eleição no Amazonas e em Minas Gerais venceu a eleição a nível nacional. Na Região Norte, além do Amazonas, Amapá e Tocantins também são pendulares. No Sudeste, o Rio de Janeiro tradicionalmente votava em candidatos petistas, mas desde 2018 vem dando a vitória a Jair Bolsonaro, que tem domicílio eleitoral no Estado.

Semelhanças do ambiente polarizado

Desde a década passada, Estados Unidos e Brasil parecem viver dentro de uma sincronia. Uma frase se tornou referência disso tanto para oposição quanto para situação aqui no país: “Acontece nos Estados Unidos, acontece no Brasil”.

Entretanto, apesar da forte polarização em ambas as sociedades, há algumas diferenças eleitorais que merecem ser observadas. Nos Estados Unidos, os democratas têm maior votação em grandes cidades, enquanto no Brasil, não necessariamente isso acontece com o PT.

Porém, uma semelhança é a força que Trump tem nas regiões de interior e agrícolas, como acontece no Brasil na região Centro-Oeste e Sul, além do interior de São Paulo. O interior do Nordeste, porém, é onde o PT apresenta maior força.

Veja como ficaria a contagem de acordo com o mapa eleitoral de 2022:

Bolsonaro:

São Paulo - 73 delegados

Rio de Janeiro - 49 delegados

Rio Grande do Sul - 34 delegados

Paraná - 33 delegados

Goiás - 20 delegados

Santa Catarina - 19 delegados

Espírito Santo - 13 delegados

Acre - 11 delegados

Amapá - 11 delegados

Distrito Federal - 11 delegados

Mato Grosso - 11 delegados

Mato Grosso do Sul - 11 delegados

Rondônia - 11 delegados

Roraima - 11 delegados

Total - 318 delegados


Lula:

Minas Gerais - 56 delegados

Bahia - 42 delegados

Pernambuco - 28 delegados

Ceará - 25 delegados

Maranhão - 21 delegados

Pará - 20 delegados

Piauí - 13 delegados

Alagoas - 12 delegados

Amazonas - 11 delegados

Rio Grande do Norte - 11 delegados

Sergipe - 11 delegados

Tocantins - 11 delegados

Total - 276 delegados

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