CCJ da Câmara pauta PEC que pretende proibir o aborto legal até em casos de estupro

Caroline de Toni (PL), presidente da CCJ na Casa, pautou para a sessão desta terça, 12, a votação de uma PEC para criminalizar a interrupção da gravidez, até em casos hoje permitidos por lei

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputada federal Caroline de Toni (PL), pautou para a sessão desta terça, 12, a proposta de proibição do aborto no Brasil - até mesmo nas circunstancias hoje permitidas por lei - apresentada pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (Republicanos) em 2012.

“A discussão acerca da inviolabilidade do direito à vida não pode excluir o momento do início da vida. A vida não se inicia com o nascimento e, sim, com a concepção”, defendeu Cunha ao protocolar o texto.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

O aborto é crime no Brasil, a mãe e os envolvidos na situação podem ser processados de acordo com as regras previstas na lei. Nesse sentido, a proposta pretende alterar o artigo 5° da Constituição Federal para assegurar a inviolabilidade do direito à vida “desde a concepção”.

Com a possível aprovação dessa PEC, o aborto legalizado em somente três casos também seria proibido. O ex-deputado federal Eduardo Cunha também justificou, ao apresentar a PEC, que “essa proposta garante que os fetos tenham o mesmo direito à inviolabilidade do direito à vida”.

Atualmente, a legislação brasileira permite o aborto em apenas 3 circunstâncias:

  • quando a gestante corre risco de morte e não há outro modo de salvá-la;
  • em caso de anencefalia fetal - ocasionada por malformação do feto que leva a ausência do cérebro e impede o bebê de sobreviver mesmo se chegar a nascer; 
  • em situação de gravidez resultante de estupro

A PEC tem relatoria da deputada Chris Tonietto (PL), que é favorável à proposta. Por outro lado, a base governista deve pedir vistas - mais tempo de análise do texto - para adiar a pauta.

Se o texto for aprovado na CCJ, a proposta ainda passará por outro colegiado especial. Isso porque, em seguida, é necessário que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), autorize a instauração de uma comissão especial para averiguar a PEC para debater a proposta.

Por presidir a Casa, Arthur Lira tem a prerrogativa de pautar a proposta de proibição do aborto em qualquer momento no plenário.

Vale ressaltar que a Câmara já tentou legislar sobre a interrupção da gestação ainda neste ano. Em junho, os deputados tentaram aprovar com urgência o projeto de lei que equipara o aborto ao crime de homicídio.

A proposta que pretendia tornar a punição para o aborto semelhante à pena de homicídios havia avançado devido ao acordo feito por Arthur Lira com a bancada evangélica.

Porém, em virtude da repercussão negativa, sob forte pressão popular, o texto empacou e Lira afirmou que a proposta seria retomada no segundo semestre deste ano, com a formação de uma comissão representativa. Mas o colegiado ainda permanece sem ter sido instalado.

Em setembro de 2023, Supremo Tribunal Federal (STF) havia iniciado o julgamento de uma ação para descriminalizar o aborto no Brasil feito por mulheres com até 12 semanas de gestação.

A relatora do processo era a ministra Rosa Weber, que registrou seu voto a favor da descriminalização. Em seguida, o presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, solicitou pedido de destaque no julgamento e a votação foi suspensa.

Barroso afirmou que o STF não julgará a ação neste momento, porque, segundo ele, não cabe ao Supremo decidir sobre uma prática contrária à maioria da população e que o Congresso também expressa oposição à pauta. As falas ocorreram em entrevista à Globo News, em fevereiro deste ano.

Clique aqui para assistir no YouTube

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar