"Não há argumentos possíveis para defender a escala 6x1", diz presidente do Psol
Em entrevista ao O POVO News, Paula Coradi comenta sobre a expectativa do acúmulo de assinaturas necessárias para a tramitação da PEC e rebate argumentos contrários ao projeto
15:02 | Nov. 12, 2024
“Chega de escala 6x1! Todo mundo merece tempo para viver, descansar e estar com a família. Ninguém deveria abrir mão de sua saúde e bem-estar por jornadas exaustivas”. Quem diz isso é a presidente nacional do Psol, Paula Coradi, em uma publicação no próprio perfil no Instagram.
A presidente do Psol afirma que está com expectativas positivas com relação à coleta de assinaturas para alcançar o número de 171 signatários necessários para possibilitar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende abolir a escala 6x1 - aquela em que o trabalhador tem direito a apenas uma única folga por cada seis dias trabalhados na semana.
“Estamos com expectativa muito positiva em torno da PEC apresentada pela Erika Hilton junto com o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que tem o protagonismo de Rick Azevedo, vereador (eleito) do Rio de Janeiro pelo Psol. A nossa expectativa é que a gente alcance as 171 assinaturas necessárias para apresentar uma PEC”, comentou Paula Coradi em entrevista ao O POVO News.
Segundo Paula Coradi, na noite dessa segunda-feira, 11, a PEC do fim da escala 6x1 alcançou 137 assinaturas. Ela acredita que a “mobilização que aconteceu nas redes sociais foi muito importante para chamar os deputados para a responsabilidade de se posicionar em relação a essa escala de trabalho que é muito desumana”.
“O trabalhador que trabalha em escala 6x1 tem um dia de folga na semana, às vezes esse dia da semana cai numa quarta, quinta ou segunda, em dias que a família está ocupada com outras atividades. Ela (escala 6x1) cerceia uma série de questões da vida pessoal da pessoa”, defende Paula Coradi.
A presidente do Psol afirma que a PEC levantou o debate sobre o fato de que “as pessoas querem trabalhar, mas também querem ter dignidade. Querem viver, ter tempo com a família e ter muitas possibilidades”. Para ela, “o nome do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) expressa bem isso”.
Os contrapontos dos opositores do projeto
O deputado estadual por São Paulo, Léo Siqueira (Novo), aponta como possível consequência negativa da PEC o aumento do custo do trabalho para as empresas, uma vez que quando se reduz a carga horária de trabalho dos funcionários, é preciso contratar mais trabalhadores, e isso representa mais gastos que poderiam prejudicar a receita financeira dos empreendimentos.
Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) destaca que há erro no projeto, porque seriam quatro dias de trabalho, com jornadas de 8 horas por dia, o que totalizaria 32 horas, e não 36 horas, como previsto pela PEC.
Outro apontamento colocado é o risco da "pejotização". Isso significa que para diminuir os custos com os funcionários, as pessoas seriam contratadas como pessoas jurídicas e perderiam uma série de direitos estabelecidos pela CLT.
Paula Coradi rebate os argumentos ao dizer que a proposta “versa sobre a carga horária no geral que possibilitaria a escala 4x3 (aquela em que se trabalha 4 dias consecutivos para folgar 3) que já é realidade de alguns países inclusive”. Com relação à pejotização como possível efeito da PEC, a presidente do Psol diz que “isso já é realidade”.
“Não é porque vamos acabar com a escala 6x1 que isso vai sumir, porque nós sabemos que parte dos empresários já operam para o custo ser o mínimo possível”, justifica Paula Coradi.
Para ela, “esses argumentos são totalmente falaciosos. É de conhecimento público que quando se tem uma carga horária menor, inclusive nesses países que se adotaram a escala 4x3, a produtividade aumentou muito. Então existe um equilíbrio a ser encontrado”.
A presidente do Psol relembra que outras mudanças trabalhistas “foram tratadas como desastres no Brasil”, e cita que a proposta do 13° foi tratada dessa forma. “Qual foi o desastre que o 13° causou ao Brasil?”, questiona.