O que dizem aliados de Wagner e RC sobre convite para o ex-prefeito ir para o União
Presidente estadual do partido, Capitão Wagner, convidou o ex-prefeito e ex-adversário para se filiar à legenda
22:03 | Nov. 01, 2024
O processo eleitoral que definiu Evandro Leitão (PT) como próximo prefeito de Fortaleza projeta a consolidação de uma oposição que junta ala do PDT e siglas como União Brasil e PL. Sinal desse cenário foi o convite público de filiação feito por Capitão Wagner, presidente do União Brasil no Ceará, ao ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, dirigente do PDT em Fortaleza.
Além do convite para RC ocupar as fileiras do União Brasil, Wagner fala em “agregar forças” para 2026, ano em que serão disputados cargos como governador e senador. “Vou confessar em primeira mão que eu convidei o ex-prefeito Roberto Cláudio para vir para o União Brasil, mas acho que é muito mais interessante para o grupo, ele ficar no PDT ou ir para um partido que lhe dê mais tempo de TV, mais capilaridade, que lhe dê condição de nós agregarmos mais forças em 2026”, disse Wagner em entrevista à Rádio O POVO CBN na última quinta-feira, 31.
Wagner e RC foram adversários nas disputas para Prefeitura de Fortaleza em 2016 e para o Governo do Estado em 2022. O pedetista se reelegeu prefeito há oito anos, mas ambos foram derrotados ainda no primeiro turno por Elmano de Freitas (PT) na última eleição para o Palácio Abolição.
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Uma migração de RC para o União Brasil, no entanto, não seria tão simples. O deputado estadual Felipe Mota (União Brasil) aponta que o ideal seria uma consulta às bancadas do partido antes de uma possível chegada do ex-prefeito. Uma decisão em conjunto serviria para evitar rusgas internas.
“Eu vejo o Roberto Cláudio como um grande quadro técnico, ex-prefeito da quarta capital do país, médico, homem de profundo conhecimento de gestão, eu acho que ele somaria muito ao nosso partido”, elogia. Mas pondera: “Tem outros companheiros deputados. Se dependesse do meu aval, eu queria muito que o Roberto Cláudio viesse para a União Brasil, somaria muito”.
O partido atualmente vive uma dualidade. É base do Governo Federal ocupando ministérios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas está na oposição no Ceará, Estado governado pelo petista Elmano. Na bancada federal, alguns nomes ainda fazem esse papel de oposição, embora outros estejam ligados de alguma forma com o governismo.
A deputada federal Fernanda Pessoa é filha do prefeito Roberto Pessoa, reeleito em Maracanaú com um vice do PT, que desistiu de lançar candidato para consolidar a disputa de Pessoa. Outro parlamentar do partido, Moses Rodrigues (União Brasil) declarou apoio a Evandro no segundo turno.
O deputado estadual Sargento Reginauro (União Brasil), próximo a Wagner, ressalta o objetivo de consolidar uma oposição ao PT no Ceará para 2026. Ele também tece elogios ao ex-prefeito, mas ressalta que o melhor seria que Roberto “agregue” com outro partido. “Mas o União Brasil está sim à disposição caso seja a opção mais viável para um projeto de oposição em 2026”, ressaltou.
Mas RC quer deixar o PDT?
O ex-prefeito foi consultado sobre o convite, mas não houve retorno. A avaliação de aliados do ex-prefeito é de que não há planos de deixar a sigla brizolista. O deputado Cláudio Pinho (PDT) considera que não houve falas do ex-prefeito que indicassem o desejo de migrar de legenda.
Apesar do apoio de parte de filiados do PDT a André Fernandes (PL), RC, vereadores e parte dos deputados estaduais, Pinho ressalta que, com diálogo, é possível coexistir dentro do PDT. “Eleição é eleição”, destaca.
A preço de hoje, a única preocupação, como ele conta, foram rumores de possíveis punições a Ciro Gomes (PDT), que atuou nos bastidores em favor de André Fernandes. A saída de Ciro, em sua visão, poderia motivar a saída também de Roberto.
No entanto, o presidente do PDT, André Figueiredo, defendeu que Ciro é “bem-vindo” na legenda e afastou a aplicação de qualquer punição ao ex-presidenciável.